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Tomates Verdes Fritos
Tomates Verdes Fritos
Um filme que sempre despertou minha curiosidade, principalmente pelo título, mas nunca tive a oportunidade de ver. Tomates Verdes Fritos é um filme extremamente simples, mas que nos envolve de uma forma gostosa como uma boa amizade. Afinal, é disso que fala o filme.
Baseado no livro de Fannie Flagg, que também assina o roteiro, a trama é bem direta apesar de apresentar suas sutilezas e acredito que a chave disso esteja na simpática Ninny Threadgoode, personagem de Jessica Tandy. Em determinado momento do filme, Evelyn Couch, personagem de Kathy Bates, diz que Ninny deu a ela um sentido de vida. E é interessante perceber como o filme vai nos envolvendo tal qual Ninny envolve Evelyn.
Uma senhora não muito normal que aborda a outra na recepção de um hospital e começa a lhe contar uma história fascinante da família Threadgoode. Mais precisamente da jovem rebelde Idgie Threadgoode, vivida por Mary Stuart Masterson, que só parecia se comunicar de fato com Buddy Threadgoode, uma participação de Chris O'Donnell, mas que depois de sua morte se torna ainda mais arredia. É quando a namorada do rapaz, Ruth Jamison (Mary-Louise Parker) se aproxima de Idgie e começa uma amizade que incomoda a muitos.
Ninny Threadgoode, além de muito simpática, é uma excelente contadora de histórias. Ela vai nos dando pílulas dos acontecimentos, nos fazendo ficar curiosos. Uma das primeiras coisas que fala é sobre a prisão de Idgie e uma caminhonete que sai do lago. O desenrolar dessa história vai demorar alguns encontros e vamos ouvindo aquilo com uma curiosidade crescente. A história de Ruth e Idgie é mesmo interessante. O amor incondicional das duas, mesmo sem conotação sexual, é muito claro. E é interessante perceber que a relação de ambas nasceu do amor por um mesmo homem, morto de uma maneira tão trágica e tola.
Mas, Ruth e Idgie não desafiavam a sociedade apenas por estarem sempre juntas, mas pela forma como lidavam com suas vidas. Ruth abandonou o marido machista que batia nela, para morar com Idgie que nunca aceitou se casar com ninguém. Em uma época onde mulher apenas obedecia, ambas cuidavam de suas próprias vidas, abriram juntas um negócio e acolhiam pessoas de todos os tipos. O racismo é abordado de maneira bastante delicada no filme, onde ambas tem a "audácia" de atender a negros, mesmo que do lado de fora da lanchonete. Assim como a religião também entra em pauta em diversos momentos.
O mais interessante de Tomates Verdes Fritos é a forma como a vida de Ruth e Idgie vai criando um paralelo com o presente e a transformação que Ninny vai fazendo na vida de Evelyn. Ela que era uma mulher infeliz, insatisfeita com seu casamento, frequentando inclusive um grupo de ajuda, começa a se valorizar mais. Antes, Evelyn fazia de tudo para agradar o marido, que sempre chegava em casa, pegava seu prato, sua cerveja e ia para a frente da televisão. Com a convivência com Ninny e sua história, Evelyn começa a se valorizar mais e ter a coragem de enfrentar o marido, impondo as suas vontades.
Tomates Verdes Fritos é um filme simples por isso. Não esconde suas intenções e trata com delicadeza as relações femininas que desenvolve na trama. A direção é simples, sem grandes inovações, assim como a fotografia, trilha e montagem. Nada em especial chama a atenção que não seja a interpretação dessas quatro atrizes em que o filme se sustenta. Principalmente Jessica Tandy e Mary Stuart Masterson, ainda que Kathy Bates também mereça grande destaque e Mary-Louise Parker cumpra bem o seu papel. Quatro mulheres, quatro histórias, quatro estilos. Todas nos envolvem.
Pode não ser uma obra-prima, nem daqueles filmes que são sempre lembrados. Concorreu a alguns prêmios, não levou nenhum. Mas, ainda assim, Tomates Verdes Fritos é daquelas histórias que nos emocionam. Por sua simplicidade e honestidade, ou até pelo inusitado como o famoso prato servido na lanchonete de Ruth e Idgie, o tal tomate verde frito que dá vontade de experimentar depois da sessão.
Tomates Verdes Fritos (Fried Green Tomatoes, 1991 / EUA)
Direção: Jon Avnet
Roteiro: Fannie Flagg
Com: Kathy Bates, Mary Stuart Masterson, Mary-Louise Parker e Jessica Tandy
Duração: 130 min.
Baseado no livro de Fannie Flagg, que também assina o roteiro, a trama é bem direta apesar de apresentar suas sutilezas e acredito que a chave disso esteja na simpática Ninny Threadgoode, personagem de Jessica Tandy. Em determinado momento do filme, Evelyn Couch, personagem de Kathy Bates, diz que Ninny deu a ela um sentido de vida. E é interessante perceber como o filme vai nos envolvendo tal qual Ninny envolve Evelyn.
Uma senhora não muito normal que aborda a outra na recepção de um hospital e começa a lhe contar uma história fascinante da família Threadgoode. Mais precisamente da jovem rebelde Idgie Threadgoode, vivida por Mary Stuart Masterson, que só parecia se comunicar de fato com Buddy Threadgoode, uma participação de Chris O'Donnell, mas que depois de sua morte se torna ainda mais arredia. É quando a namorada do rapaz, Ruth Jamison (Mary-Louise Parker) se aproxima de Idgie e começa uma amizade que incomoda a muitos.
Ninny Threadgoode, além de muito simpática, é uma excelente contadora de histórias. Ela vai nos dando pílulas dos acontecimentos, nos fazendo ficar curiosos. Uma das primeiras coisas que fala é sobre a prisão de Idgie e uma caminhonete que sai do lago. O desenrolar dessa história vai demorar alguns encontros e vamos ouvindo aquilo com uma curiosidade crescente. A história de Ruth e Idgie é mesmo interessante. O amor incondicional das duas, mesmo sem conotação sexual, é muito claro. E é interessante perceber que a relação de ambas nasceu do amor por um mesmo homem, morto de uma maneira tão trágica e tola.
Mas, Ruth e Idgie não desafiavam a sociedade apenas por estarem sempre juntas, mas pela forma como lidavam com suas vidas. Ruth abandonou o marido machista que batia nela, para morar com Idgie que nunca aceitou se casar com ninguém. Em uma época onde mulher apenas obedecia, ambas cuidavam de suas próprias vidas, abriram juntas um negócio e acolhiam pessoas de todos os tipos. O racismo é abordado de maneira bastante delicada no filme, onde ambas tem a "audácia" de atender a negros, mesmo que do lado de fora da lanchonete. Assim como a religião também entra em pauta em diversos momentos.
O mais interessante de Tomates Verdes Fritos é a forma como a vida de Ruth e Idgie vai criando um paralelo com o presente e a transformação que Ninny vai fazendo na vida de Evelyn. Ela que era uma mulher infeliz, insatisfeita com seu casamento, frequentando inclusive um grupo de ajuda, começa a se valorizar mais. Antes, Evelyn fazia de tudo para agradar o marido, que sempre chegava em casa, pegava seu prato, sua cerveja e ia para a frente da televisão. Com a convivência com Ninny e sua história, Evelyn começa a se valorizar mais e ter a coragem de enfrentar o marido, impondo as suas vontades.
Tomates Verdes Fritos é um filme simples por isso. Não esconde suas intenções e trata com delicadeza as relações femininas que desenvolve na trama. A direção é simples, sem grandes inovações, assim como a fotografia, trilha e montagem. Nada em especial chama a atenção que não seja a interpretação dessas quatro atrizes em que o filme se sustenta. Principalmente Jessica Tandy e Mary Stuart Masterson, ainda que Kathy Bates também mereça grande destaque e Mary-Louise Parker cumpra bem o seu papel. Quatro mulheres, quatro histórias, quatro estilos. Todas nos envolvem.
Pode não ser uma obra-prima, nem daqueles filmes que são sempre lembrados. Concorreu a alguns prêmios, não levou nenhum. Mas, ainda assim, Tomates Verdes Fritos é daquelas histórias que nos emocionam. Por sua simplicidade e honestidade, ou até pelo inusitado como o famoso prato servido na lanchonete de Ruth e Idgie, o tal tomate verde frito que dá vontade de experimentar depois da sessão.
Tomates Verdes Fritos (Fried Green Tomatoes, 1991 / EUA)
Direção: Jon Avnet
Roteiro: Fannie Flagg
Com: Kathy Bates, Mary Stuart Masterson, Mary-Louise Parker e Jessica Tandy
Duração: 130 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Tomates Verdes Fritos
2013-06-11T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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