
Aliás, o documentário começa nos explicando exatamente isso, que a ideia inicial da dupla surgiu de Nietzsche e seu conceito filosófico sobre um super-homem no livro Assim Falou Zaratustra. Tanto que o primeiro traço do personagem era bem distinto do atual. Era um vilão, com poderes telecinéticos que queria dominar o mundo. Depois, eles pensaram melhor e resolveram construir um herói com poderes físicos. Mesmo assim, ele ficou na gaveta alguns anos, até que a dupla apresentou-o à empresa em que trabalhavam na época, a National Allied Publishing, hoje conhecida com DC Comics. Era o início de uma jornada de sucesso, que ficou mais forte quando o personagem foi para o rádio.

Nos quadrinhos, desde o lançamento em 1938, Super-Homem também sofreu transformações. Coisas criadas na rádio foram para as páginas das comics e outras variações a depender da época também. Quando começou, ele enfrentava a Grande Depressão que assolava os Estados Unidos. Com a chegada da Segunda Guerra Mundial, o personagem passou a combater nazistas, o que tornou a fantasia mais evidente, já que na vida real a coisa não funcionava bem assim.


Nos quadrinhos, a coisa também não ia tão bem. O personagem começou a perder espaço para outro quadrinho da DC: Batman. Algumas modificações começaram a ocorrer, tentando transformar o personagem mais próximo da realidade. Primeiro, a roupa não era mais indestrutível, podíamos ver Superman com a capa rasgada, com a roupa suja. Depois, foi explorado o drama de um extraterrestre super no mundo. Ele poderia ser um de nós? Casar, ter filhos, viver? Sem conflito era impossível fazer um personagem crescer.
No final da década de 70, veio a luz no fim do túnel. Em 1978, a Warner lançava Superman, o filme, com Christopher Reeve no papel título. Foi um sucesso estrondoso de bilheteria e o Super-Homem estava na moda novamente. Reeve faria ainda mais três filmes como o personagem. O segundo ainda foi sucesso de crítica e público. O terceiro, apesar da boa bilheteria foi massacrado pela crítica, o que fez o quarto filme afundar a franquia em público e crítica. Tanto que o Super-Homem só retornaria aos cinemas em 2006, com o polêmico Super-Homem - O Retorno dirigido por Bryan Singer, tendo Brandon Routh como o homem de aço.
Nesse hiato, no entanto, quadrinhos e televisão tentavam manter o mito. Um quesito que foi bastante explorado nessa época foi o relacionamento de Clark Kent e Lois Lane. Não apenas pelo seriado Lois and Clark criado em 1993, como pelas mudanças nos quadrinhos, onde a personagem finalmente descobriu a identidade secreta do herói e teve até uma edição especial com O Casamento do Super-homem. Sendo que entre o pedido de casamento e o casamento em si, a DC ainda arriscou suas fichas na edição que sacudiu novamente as vendas: A morte do Superman.

No seriado teve até a participação do ator Christopher Reeve que fazia um cientista que ajudava Clark a entender seu papel no mundo. Porém, o ator, não deixa de ser um capítulo à parte dessa história. Após a tragédia da morte de George Reeves, que fazia o personagem na televisão. Ver o Superman dos cinemas cair do cavalo e ficar tetraplégico pareceu uma ironia muito grande, quase uma maldição. O ator, no entanto, lutou enquanto pode contra a paralisia, e ao falecer em 2004, deixou um vazio que parece não ser preenchido.

Não resta dúvidas de que o personagem ainda gera fascínio, vide as filas que se formam para conferir sua nova aventura nos cinemas. Resta saber como isso se sustentará. Porém, como disse na crítica do filme: vamos torcer, pois o mundo precisa, cada vez mais, acreditar em super-homens.