
O
cinema passa por uma fase onde tudo parece continuação, refilmagem ou adaptação. As histórias originais parecem terem se perdido em algum limbo distante e isso assusta. Os estúdios parecem não querer mais arriscar no novo, ou será o público que prever apostar apenas em universos conhecidos? De qualquer maneira,
Meu Malvado Favorito 2 chega às telas com um ponto extremamente positivo. É melhor que o
filme original. Não apenas amplia o universo, explorando melhor os personagens, como aposta muitas fichas nos simpáticos
Minions, que protagonizam as melhores cenas do
filme.
Esqueçamos o chato Vetor, personagem que fazia o contraponto com
Gru no
filme anterior. Aqui, encontramos o ex-vilão em uma nova fase, cuidando de suas crianças e investindo em uma produção de geléias e gelatinas para ganhar dinheiro honesto. O problema é que um
vilão misterioso está ameaçando a paz mundial. Ele roubou uma substância perigosa capaz de tornar qualquer ser vivo pacato em um
monstro assassino. Cabe a uma associação secreta encontrá-lo e impedi-lo de realizar seu plano. E para isso, eles irão recrutar
Gru. Como ex-vilão, ele pode ser útil para compreender a mente de um
assassino.

Novos personagens são apresentados nessa brincadeira. O chefe da organização, a agente especial Lucy que terá o um envolvimento maior com
Gru, o mexicano Eduardo e seu filho Antonio. O roteiro apesar de ter um foco bem definido: descobrir quem é o
vilão e impedir seu plano, possui subtramas diversas como a dificuldade de
Gru em arrumar uma namorada, a descoberta do amor pela menina mais velha, Margo, e a tristeza de Agnes, a menor, de não ter uma mãe. Isso sem falar no relacionamento de
Gru e Lucy, que começa com diversos estranhamentos e vai se desenvolvendo em um clichê romântico.
Destaque ainda para a caracterização exagerada do mexicano Eduardo, com direito a uma bandeira do México no peito. Isso sem falar na piada do chapéu de nachos com guacamole, ou o galo de guarda. E seu filho, que é o estereótipo do
adolescente marrento, que encanta Margo com sua virada de cabelo. Espalhafatoso, Eduardo levanta a desconfiança de
Gru, que o acha muito parecido com uma lenda da
maldade, o
vilão El Macho, que teria morrido ao entrar em um vulcão em cima de um tubarão. Sem provas, no entanto, ele continua trabalhando disfarçado em um shopping onde provavelmente o
vilão que roubou o líquido também está.

Mas, o que rouba mesmo o
filme são os
Minions. Eles possuem uma participação decisiva em toda essa trama de
vilões e agentes, mas não vamos estragar a surpresa. O que vale comentar é mesmo a construção de
gags corporais diversas que esses bichinhos nos proporcionam. São inúmeras esquetes divertidas que tem seu ápice na parte final, com dois clipes que nos fazem chorar de rir. Isso sem falar nas cenas durante os créditos, com brincadeiras a exemplo do primeiro
filme, explorando ao máximo a tecnologia 3D. Nessas cenas durante os créditos, o 3D é fundamental, mas durante todo o
filme é apenas uma ferramenta a mais, com alguma profundidade, mas que não muda a apreciação da trama.

Ainda que o roteiro não seja dos mais inspirados, nem criativos,
Meu Malvado Favorito 2 tem um bom ritmo. Melhor do que o primeiro, onde a narrativa era mais linear. Há momentos de piadas exageradas e infantis ao extremo, mas há também ótimas referências e
easter eggs. E mesmo as bobagens são bem feitas e a gente acaba rindo quase involuntariamente a cada palhaçada de um
Minion qualquer. E mais interessante é ver como eles funcionam juntos, como uma família mesmo, cada um com seu papel.
Se no primeiro
filme, a relação de
Gru com as meninas nos conquistou, nesse ela não decepciona, mas fica mesmo em segundo plano. Ainda que a pequena Agnes continue com a mesma carinha sapeca, aprontando confusões e sendo doce com seu papai
Gru. A sequência do seu aniversário, por exemplo, traz ótimos momentos.

A dublagem brasileira também funciona com os personagens.
Leandro Hassum volta a dublar
Gru com o mesmo sotaque divertido do primeiro
filme.
Maria Clara Gueiros também consegue nos passar uma boa construção da agente Lucy. E mesmo
Sidney Magal acaba se encaixando no papel do mexicano exagerado, assim como do
vilão El Macho, nas cenas da lembrança de
Gru. Ainda assim, confesso que gostaria de ver a performance de
Steve Carell.
Daquelas animações que não inovam, nem marcam a história do
cinema, mas que cumprem o seu papel. Um
filme divertido, bem feito e que sabe aproveitar todo o seu potencial. Principalmente soube perceber que estava nesses pequenos seres amarelos o maior trunfo dos estúdios, tanto que desde 2010 diversos curtas já foram feitos, tendo eles como protagonistas. Então, é só não se preocupar e se deixar levar pelas trapalhadas deles.
Meu Malvado Favorito 2 (Despicable Me 2, 2013 / EUA)
Direção: Pierre Coffin, Chris Renaud
Roteiro: Ken Daurio e Cinco Paul
Vozes Estados Unidos: Steve Carell, Kristen Wiig, Benjamin Bratt. Brasil: Leandro Hassum, Sidney Magal e Maria Clara Gueiros
Duração: 98 min.