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Totó e Alfredo: uma amizade que nasce no cinema
Totó e Alfredo: uma amizade que nasce no cinema
Após o especial de casais do cinema em homenagem ao dia dos namorados no mês de Junho, resolvi fazer outro especial no mês de Julho. Dessa vez sobre amizade. É que no mês de julho, temos duas datas em homenagem a essa relação tão importante para o ser humano. No dia 20 de julho, é comemorado o Dia do Amigo no Brasil, Uruguai e Argentina. A data foi escolhida por ter sido o dia em que o homem chegou à Lua. Mas, uma Assembleia Geral das Nações Unidas em abril de 2011, resolveu oficializar o dia 30 de julho, como o Dia Internacional da Amizade. Como todo dia é dia para se celebrar um bom amigo, vamos relembrar aqui algumas amizades marcantes esse mês. Da mesma forma que foram os casais, um a cada domingo.
E o que escolho para abrir este especial é uma das amizades mais inusitadas e belas que já acompanhei em um filme: Totó e Alfredo de Cinema Paradiso. Dois seres aparentemente completamente diferentes, mas que tinham uma paixão em comum: o cinema.
Salvatore Di Vita sempre foi um menino curioso. E sua curiosidade o fez sempre fuçar a cabine de projeção do velho cinema de sua cidade natal. Uma cidadezinha no interior da Itália. Fascinado pelas imagens, e pelos negativos, Salvatore, mais conhecido como Totó, queria sempre estar ali, mas era barrado pelo projecionista Alfredo. Um homem rabugento, mas que escondia um enorme coração.
Os dois foram criando um vínculo a cada sessão exibida e a cada problema passado. Cenas hilárias como Alfredo tentando pescar de Totó na prova. Ou os dois passeando de bicicleta pela cidade. Ou ainda, Totó dormindo no meio da missa onde era coroinha, tendo Alfredo na plateia. Mas, era na cabine de Projeção que os dois realmente se entendiam.
Alfredo ensinou Totó a manusear a máquina de projeção, deixava ele colecionar pedaços de negativo e mesmo acompanhar seu trabalho de corte dos filmes que eram censurados pelo padre. Isso trouxe alguns problemas como a casa de Totó pegar fogo pro causa dos negativos altamente inflamáveis ou mesmo o acidente quase fatal que Alfredo e o Cinema Paradiso sofreram quando o projecionista resolveu dividir a projeção da tela do cinema para a praça, assim a multidão que ficou de fora poderia acompanhar o filme.
Foi Alfredo também que colocou na cabeça de Totó que ele não deveria ficar ali, que deveria seguir para Roma e cuidar de sua carreira, sem olhar para trás. Afinal, Totó era maior que aquela cidadezinha. E o amigo não estava errado, já que ele realmente sai e se torna um diretor de cinema de sucesso. Só retornando para o enterro do ex-projecionista.
Não por acaso, a cena final, onde Totó assiste a um rolo de filme que Alfredo deixou de presente para ele, é tão emocionante. Ali está simbolizado toda a amizade dessas duas pessoas tão díspares. Não apenas uma preocupação com a paixão pelo cinema, mas os beijos cortados, que Totó tanto tinha curiosidade para ver quando pequeno. Um símbolo do trabalho, do proibido, dos que passaram por todos aqueles anos no velho Cinema Paradiso. Uma forma também de mostrar o quanto Alfredo se importava com Totó, e o quão grande era a cumplicidade de ambos.
Totó tinha em Alfredo uma espécie de figura paterna, já que seu pai verdadeiro era ausente. Mas, era mais do que isso. Eram mesmo amigos verdadeiros. Daqueles que a gente briga, pirraça, curte momentos felizes, comemora conquistas, consola durante os problemas mais difíceis. Ou seja, compartilha a vida e sabe que pode contar a qualquer momento. Esse é o verdadeiro valor de uma amizade verdadeira.
Sem ser amigo, verdadeiros companheiros, não há relação que sobreviva por muito tempo. E Totó e Alfredo sempre foram tudo isso. Ligados pelo cinema, é verdade, mas também pelo amor e respeito mútuo que os fez ir além da tela mágica.
P.S. Dedico esse post a minha mãe, que se estivesse viva, faria aniversário hoje. E sempre foi uma grande amiga que tive na vida.
E o que escolho para abrir este especial é uma das amizades mais inusitadas e belas que já acompanhei em um filme: Totó e Alfredo de Cinema Paradiso. Dois seres aparentemente completamente diferentes, mas que tinham uma paixão em comum: o cinema.
Salvatore Di Vita sempre foi um menino curioso. E sua curiosidade o fez sempre fuçar a cabine de projeção do velho cinema de sua cidade natal. Uma cidadezinha no interior da Itália. Fascinado pelas imagens, e pelos negativos, Salvatore, mais conhecido como Totó, queria sempre estar ali, mas era barrado pelo projecionista Alfredo. Um homem rabugento, mas que escondia um enorme coração.
Os dois foram criando um vínculo a cada sessão exibida e a cada problema passado. Cenas hilárias como Alfredo tentando pescar de Totó na prova. Ou os dois passeando de bicicleta pela cidade. Ou ainda, Totó dormindo no meio da missa onde era coroinha, tendo Alfredo na plateia. Mas, era na cabine de Projeção que os dois realmente se entendiam.
Alfredo ensinou Totó a manusear a máquina de projeção, deixava ele colecionar pedaços de negativo e mesmo acompanhar seu trabalho de corte dos filmes que eram censurados pelo padre. Isso trouxe alguns problemas como a casa de Totó pegar fogo pro causa dos negativos altamente inflamáveis ou mesmo o acidente quase fatal que Alfredo e o Cinema Paradiso sofreram quando o projecionista resolveu dividir a projeção da tela do cinema para a praça, assim a multidão que ficou de fora poderia acompanhar o filme.
Foi Alfredo também que colocou na cabeça de Totó que ele não deveria ficar ali, que deveria seguir para Roma e cuidar de sua carreira, sem olhar para trás. Afinal, Totó era maior que aquela cidadezinha. E o amigo não estava errado, já que ele realmente sai e se torna um diretor de cinema de sucesso. Só retornando para o enterro do ex-projecionista.
Não por acaso, a cena final, onde Totó assiste a um rolo de filme que Alfredo deixou de presente para ele, é tão emocionante. Ali está simbolizado toda a amizade dessas duas pessoas tão díspares. Não apenas uma preocupação com a paixão pelo cinema, mas os beijos cortados, que Totó tanto tinha curiosidade para ver quando pequeno. Um símbolo do trabalho, do proibido, dos que passaram por todos aqueles anos no velho Cinema Paradiso. Uma forma também de mostrar o quanto Alfredo se importava com Totó, e o quão grande era a cumplicidade de ambos.
Totó tinha em Alfredo uma espécie de figura paterna, já que seu pai verdadeiro era ausente. Mas, era mais do que isso. Eram mesmo amigos verdadeiros. Daqueles que a gente briga, pirraça, curte momentos felizes, comemora conquistas, consola durante os problemas mais difíceis. Ou seja, compartilha a vida e sabe que pode contar a qualquer momento. Esse é o verdadeiro valor de uma amizade verdadeira.
Sem ser amigo, verdadeiros companheiros, não há relação que sobreviva por muito tempo. E Totó e Alfredo sempre foram tudo isso. Ligados pelo cinema, é verdade, mas também pelo amor e respeito mútuo que os fez ir além da tela mágica.
P.S. Dedico esse post a minha mãe, que se estivesse viva, faria aniversário hoje. E sempre foi uma grande amiga que tive na vida.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Totó e Alfredo: uma amizade que nasce no cinema
2013-07-07T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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