
Um dos filmes que está na seleção é Indeléveis, que recebeu o Prêmio de Melhor Fotografia no Festival de Sundance 2012. Dirigido por Jacek Borcuch, o filme traz a história de dois jovens poloneses que se apaixonam durante as férias na Espanha, mas que um acontecimento dramático os marcará para sempre.

Para que fiquem juntos, é preciso que algo os iguale novamente, os nivele. E o roteiro, também escrito por Jacek Borcuch constrói isso de uma forma quase cruel. Intensa. Há intensidade em Indeléveis, não pode ser negado. O jogo que nos é proposto nos faz questionar as atitudes dos protagonistas, mas não chegamos a julgá-los. Este é um ponto importante para a resolução da trama.
A fotografia é bastante feliz, também. Há poesia e beleza nas imagens, mas, principalmente, há um cuidado com o funcional de cada situação. A estética é bastante realista, vide a questão da luz. Toda a cena no rio é feita de maneira bastante natural, quando a noite chega, tudo fica na penumbra. O efeito é muito bom, ouvimos mais que vemos, e isso ajuda na atmosfera da cena, que é chave para a narrativa.

Apesar de tudo isso, Indeléveis peca no ritmo da trama. Há um certo desencontro do timing da narrativa, da contemplação e do estado de espírito dos personagens. Em determinado momento, parece que há uma espécie de "barriga", uma repetição de situações, como se estivesse buscando um adiamento da resolução.
De qualquer maneira, é um filme que instiga e envolve. Diante de uma fatalidade, nos perguntamos qual seria a nossa reação e as possibilidades de acontecer conosco. Há uma certa identificação diante de uma tragédia, e, por isso, não abandonamos os personagens, mesmo quando suas atitudes nos irritam.
Indeléveis (Nieulotne, 2013 / Polônia)
Direção: Jacek Borcuch
Roteiro: Jacek Borcuch
Com: Jakub Gierszal, Magdalena Berus, Ángela Molina
Duração: 93 min.