![Alemão Alemão](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiizUai6qomvXrKlbeH8_u835C9aEmc9Aor1VszXpXy8sG6enbMqqsCpISQXl69i6iaW6hYMT5-7QTZBd-GmShz3djheDSQpLOrcj2kzgU2XydTFXxEyFpfyndh8Fe0pQwOMhcBsKrWKP8s/s1600/alemao-filme-caio-blat.jpg)
A trama pega o mote das pacificações ocorridas no Rio de Janeiro para narrar a história de cinco policiais que trabalhavam disfarçados no Morro do Alemão. Por um descuido, os traficantes descobrem a identidade deles, que ficam presos em uma pizzaria local aguardando o desfecho, enquanto a polícia militar se prepara para invadir o morro.
A premissa é interessante e, até certo ponto, bem executada. A trajetória dos personagens é bem costurada com bons pontos de tensão, principalmente com a personalidade do personagem de Milhem Cortaz. Os cinco personagens ganham camadas, não são apenas cinco policiais genéricos confinados. Isso torna o jogo mais complexo e tenso. Eles não são soldados mandados agindo como comboio.
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O personagem Carlinhos ainda traz mais uma camada para discussão sociológica do filme, digamos assim. O único negro do grupo, visivelmente foi o que mais sofreu enquanto disfarçado. Tanto que diz o tempo todo que levou porrada de polícia. É também o que cria um vínculo com alguém da favela, o que trará outras consequências. E, por isso, gera desconfianças entre os colegas de ter sido o "dedo-duro" da turma, tanto que fica algemado as primeiras 24 horas em que permanece no esconderijo. É interessante como o roteiro joga esses detalhes sem precisar de um discurso racial, deixando o espectador perceber.
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Porém, o que incomoda mesmo no filme é o desenho de som do mesmo. Completamente over e equivocado chega a prejudicar cenas, como a chegada de Carlinhos na pizzaria, ou o interrogatório do policial que tenta descobrir o que aconteceu com a operação. Isso sem falar no didatismo quase absurdo da hora do confronto quando a letra do MC Marechal nos narra "essa é a guerra, neguin". Colocada no início, ou apenas no final, teria um impacto muito melhor do que ali onde enfraqueceu a música e a cena.
![Alemão Alemão](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0TlYCTfaeewKfFJqvzfOjC7hAuUc4fyiIldhYWeKGsZCdWSgA2xmy1E9P7doh77yxO4GLunrJ64AQv6jna8xIclJnJ7JDoU8valg3xsmYp03qVuKQnrV4yUndTdNlyRPMMytlKw7ZBNoi/s1600/alemao-filme-poster.jpg)
No final, temos em Alemão um filme instigante, com boas ideias e má execução de outras. De qualquer forma, cumpre um papel de gênero e ainda discute, mesmo que de maneira vaga o retrato do nosso país atual. Menos pelo que vemos durante a ficção, mais pela forma como ele escolhe abrir e fechar sua trama com imagens reais bastante significativas, o anúncio do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016 com a comemoração nas areias de Copacabana, que de certa maneira "abre" as operações de pacificação. E a montagem final, que talvez demonstre as consequências de tudo isso.
Alemão (2014 / Brasil)
Direção: José Eduardo Belmonte
Roteiro: Gabriel Martins e Leonardo Levis
Com: Antônio Fagundes, Cauã Reymond, Caio Blat, Gabriel Braga Nunes, Marcello Melo Jr., Milhem Cortaz, Otávio Muller
Duração: 109 min.