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Cine Clube Glauber Rocha: Fome de Viver

Fome de ViverNa última terça-feira estive no Cine Clube Glauber Rocha para conduzir um bate-papo interessante sobre Fome de Viver, primeiro e, talvez, melhor filme de Tony Scott em toda a sua carreira.

Foi com alegria que recebi o convite, e mais feliz ainda ver que o projeto continua com muito fôlego após sete sessões. A manutenção e fomento da cinefilia em Salvador é sempre algo que nos anima e ver que boa parte do público ficou para a discussão após a sessão também.

Fome de Viver não está entre meus filmes preferidos. Longe disso. Mas, mesmo com o fracasso de bilheteira e crítica na época da estreia, ele ganhou um status de cult. Baseado no livro de Whitley Strieber foi ganhando fãs aos poucos, em uma época onde os jovens buscavam novas referências, o movimento punk ganhava força e até mesmo o vampirismo começava a ser reformulado com o sucesso dos livros de Anne Rice. Há um trabalho de fotografia interessante em toda a obra e o clima construído ajuda na imersão. Por isso, topei o desafio.

Amanda AouadA conversa foi bem descontraída, iniciei com as provocações sobre o que chama a atenção no filme, a trajetória de Tony Scott preferindo o caminho do blockbuster, os traços de autoria, o movimento punk, o clima gótico e clássico ao mesmo tempo da obra. E claro, o trio de atores que encabeçam a trama e dão o respaldo para que ele se torne mais interessante: Catherine Deneuve, David Bowie e Susan Sarandon.

Cláudio Marques, cineasta, crítico e idealizador do projeto, falou sobre sua experiência na época do lançamento do filme e trouxe outras reflexões interessantes, assim como boa parte da plateia, como os também críticos Rafael Carvalho, Rafael Saraiva e João Paulo Barreto, a cineasta Sophia Midian e outros participantes presentes. E o mais gostoso dessa experiência foi exatamente essa troca tão necessária e pouco existente hoje em dia. Espaços para se pensar e discutir o cinema.

Estar lá na frente traz responsabilidade e, claro, um frio na barriga. Mas, o mais importante é ter a consciência de que estamos ali apenas mediando pensamentos, observações, sensações. A fala inicial é apenas para estimular, provocar até. Por mais que estudemos e nos preparemos não cabe naquele espaço uma aula, ou uma palestra, mas um bate-papo democrático, pois esse é o espírito de um Cine Clube e fico feliz que o resultado tenha sido rico. Demonstrando que mesmo um filme que não está entre os grandes clássicos do cinema, pode trazer sensações e reflexões diversas.

O sucesso do Cine Clube nos anima para que novos projetos surjam, como o também já existente projeto do Cual e outros diversos que surgem esporadicamente. As sessões no Glauber Rocha estão previstas até o início do próximo ano. É torcer para que venham mais.



A Mutação Histórica do Cinema

Hernani HeffnerEm paralelo as sessões do Cine Clube no Espaço Itaú Glauber Rocha, essa semana o projeto abrigará na Sala Walter da Silveira uma oportunidade única para os cinéfilos de Salvador. A oficina "A mutação histórica do cinema - em película, eletrônico e digital", ministrada pelo professor, curador e restaurador Hernani Heffner. São aulas gratuitas das 13h às 17h de 15 a 18 de setembro. Nela, o professor fará um breve panorama das principais fases, escolas, movimentos e personalidades do cinema.

Mas, mesmo os que não puderem participar da oficina, tem a oportunidade de ver clássicos do cinema mundial em 35mm na própria Walter da Silveira, na Mostra “Cinema – Obras Fundamentais” de curadoria do próprio Hernani Heffner.

Programação:
“A Mãe”, de Vsevolod Pudovkin
Ficção, 89’, URSS, 1926, 35mm
Segunda-feira, 15/09, às 17h

Adaptado do romance de Maxim Gorky, o filme narra a história de Niovna-Vlasova, esposa de um ferreiro alcóolotra morto acidentalmente por um militante, amigo de seu filho e a sua participação na investigação policial da morte de seu marido.

“Aurora”, de Friedrich Murnau
Ficção, 94’, EUA, 1927, 16mm
Segunda-feira, 15/09, às 19h

Um homem está passando por uma crise conjugal e com a sua fazenda, e sua mulher sofre silenciosamente com a infidelidade de seu marido enquanto cuida de seu filho. Entretanto, quando o homem começa a se relacionar com uma mulher da cidade, ela tenta convencê-lo a matar a sua esposa.

“Othello”, de Orson Welles
Ficção, 90’, EUA, 1952, 35mm
Terça-feira, 16/09, às 17h

Baseado na peça homônima de William Shakespeare, o filme segue Othello, que se casa com a linda Desdemona, mas, influenciado pelo malvado Iago, logo começa a duvidar da fidelidade de sua esposa.

“A Regra do Jogo”, de Jean Renoir
Ficção, 110’, França, 1939, 35mm
Terça-feira, 16/09, às 19h

Em uma adaptação da comédia de Alfred de Musset, “Les Caprices de Marianne”, um baile de máscaras que acontece na casa de campo da alta burguesia francesa é o palco para o desenvolvimento de diversos romances amorosos tanto na alta burguesia como nos empregados da mesma.

“Os Boas-Vidas”, de Federico Fellini
Ficção, 104’, Itália, 1953, 35mm
Quarta-feira, 17/09, às 17h

Numa pequena cidade da Itália, cinco jovens amigos são típicos “vitelloni” (inúteis) e vivem uma vida boêmia cheia de bebidas e mulheres. Sem perspectivas de vida, cada um encontra um modo de escapar da monotonia da vida provinciana tentando aproveitar e curtir as aventuras que esse mundo os reserva.

“A Guerra Acabou”, de Alain Resnais
Ficção, 121’, França, 1966, 35mm
Quarta-feira, 17/09, às 19h

O líder do Partido Comunista espanhol Diego está voltando para Paris, cidade onde mora, de uma missão em Madri. Após ser preso na fronteira por usar um passaporte pertencente a outra pessoa e conseguir ser liberado, ele procura por um de seus colegas, Juan, para impedir a sua ida à Madri, onde ele também poderia ser preso pela polícia.

“O Massacre da Serra Elétrica”, de Tobe Hooper
Ficção, 83’, EUA, 1974, 35mm
Quinta-feira, 18/09, às 17h

Após a polícia texana dar como encerrado o caso de um massacre de 33 pessoas, a instituição é acusada de conduzir uma investigação errônea e matar o homem errado. Dessa vez, o único sobrevivente fornece o seu depoimento do que aconteceu na noite do massacre.

Sessão surpresa
Quinta-feira, 18/09, às 19h

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