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O Doador de Memórias
O Doador de Memórias
Baseado no livro de Lois Lowry, O Doador de Memórias é mais um dos livros adolescentes onde um futuro pós-apocalíptico dominado por um sistema opressor será questionado por um jovem predestinado. Ainda assim, tem coisas interessantes aqui.
Jonas, interpretado por Brenton Thwaites, está se aproximando de sua formatura, mas ainda está confuso em relação à suas habilidades. Com isso, ele não sabe qual a colocação que os anciões irão escolher para ele. No dia da cerimônia ele é surpreendido com a missão de ser o novo receptor de memórias. Uma tarefa árdua e especial, onde apenas um escolhido passa de tempos em tempos para que os demais habitantes sejam poupados das memórias dolorosas de um passado distante.
A premissa da trama não deixa de ser interessante. As emoções são o grande mal da humanidade, por causa delas há sofrimento, dor, ciúmes, guerras, destruições, trapaças. Porém, são elas que nos fazem humanos e também é através delas que nos importamos, amamos, somos fiéis, nos sacrificamos. Construir uma sociedade perfeita, sem emoções é tirar um pouco do gosto da própria vida. Por isso, o filme é construído em preto e branco em uma metáfora perfeita do sentimento que temos daquela sociedade.
Até que ponto vale apenas abrir mão das boas emoções que nos tornam vivos em prol de não mais sentirmos as emoções negativas? Isso que o jovem Jonas começa a se questionar. Viver em um mundo onde somos quase robôs seguindo regras e construindo relações pró-formas é estranho. Os casais não se amam, as famílias constituem unidades e não lares. Os bebês são quase fabricados em série.
Phillip Noyce busca passar essas sensações para o espectador de uma maneira bem simples e eficiente, ainda que possa parecer uma quebra estilística. A medida que Jonas vai recebendo as memórias de seu mestre, o doador interpretado por Jeff Bridges, vamos sendo apresentados a clipes emotivos do planeta Terra. Diversos povos, paisagens, animais, cores, ou seja, vida. Da mesma forma que vemos clipes de fome, miséria, guerras, destruições.
Como estamos ligados ao ponto de vista de Jonas, à medida que ele vai descobrindo as cores, o filme vai também se colorindo, ainda que os demais personagens continuem a ver em preto e branco. Não deixa de ser interessante perceber essas nuanças. Ainda que algumas coisas soem forçadas e até mesmo piegas, principalmente na parte final.
O Doador de Memórias conta ainda com dois bônus. A presença de Meryl Streep que sempre dá peso ao elenco. Ainda que não tenha nenhuma interpretação fora do comum, seu talento dá à anciã chefe um charme especial, é possível ver as nuanças de emoção que começam a surgir nela, principalmente na cena chave. Mas, o destaque fica mesmo por conta de Jeff Bridges como o Doador de Memórias, até porque é o único personagem que sente e compreende emoções. A forma como ele vai passando ao personagem de Brenton Thwaites os seus conhecimentos, a maneira com que se importa com ele e seu sofrimento, comove.
O Doador de Memórias é mais um entre diversos filmes que surgem, a partir de livros igualmente genéricos. Mas, não deixa de ser bem feito e trazer um ponto de vista interessante que nos faz refletir sobre o nosso mundo e nossas atitudes.
O Doador de Memórias (The Giver, 2014 / EUA)
Direção: Phillip Noyce
Roteiro: Michael Mitnick, Robert B. Weide
Com: Brenton Thwaites, Jeff Bridges, Meryl Streep, Alexander Skarsgård, Katie Holmes, Odeya Rush
Duração: 97 min.
Jonas, interpretado por Brenton Thwaites, está se aproximando de sua formatura, mas ainda está confuso em relação à suas habilidades. Com isso, ele não sabe qual a colocação que os anciões irão escolher para ele. No dia da cerimônia ele é surpreendido com a missão de ser o novo receptor de memórias. Uma tarefa árdua e especial, onde apenas um escolhido passa de tempos em tempos para que os demais habitantes sejam poupados das memórias dolorosas de um passado distante.
A premissa da trama não deixa de ser interessante. As emoções são o grande mal da humanidade, por causa delas há sofrimento, dor, ciúmes, guerras, destruições, trapaças. Porém, são elas que nos fazem humanos e também é através delas que nos importamos, amamos, somos fiéis, nos sacrificamos. Construir uma sociedade perfeita, sem emoções é tirar um pouco do gosto da própria vida. Por isso, o filme é construído em preto e branco em uma metáfora perfeita do sentimento que temos daquela sociedade.
Até que ponto vale apenas abrir mão das boas emoções que nos tornam vivos em prol de não mais sentirmos as emoções negativas? Isso que o jovem Jonas começa a se questionar. Viver em um mundo onde somos quase robôs seguindo regras e construindo relações pró-formas é estranho. Os casais não se amam, as famílias constituem unidades e não lares. Os bebês são quase fabricados em série.
Phillip Noyce busca passar essas sensações para o espectador de uma maneira bem simples e eficiente, ainda que possa parecer uma quebra estilística. A medida que Jonas vai recebendo as memórias de seu mestre, o doador interpretado por Jeff Bridges, vamos sendo apresentados a clipes emotivos do planeta Terra. Diversos povos, paisagens, animais, cores, ou seja, vida. Da mesma forma que vemos clipes de fome, miséria, guerras, destruições.
Como estamos ligados ao ponto de vista de Jonas, à medida que ele vai descobrindo as cores, o filme vai também se colorindo, ainda que os demais personagens continuem a ver em preto e branco. Não deixa de ser interessante perceber essas nuanças. Ainda que algumas coisas soem forçadas e até mesmo piegas, principalmente na parte final.
O Doador de Memórias conta ainda com dois bônus. A presença de Meryl Streep que sempre dá peso ao elenco. Ainda que não tenha nenhuma interpretação fora do comum, seu talento dá à anciã chefe um charme especial, é possível ver as nuanças de emoção que começam a surgir nela, principalmente na cena chave. Mas, o destaque fica mesmo por conta de Jeff Bridges como o Doador de Memórias, até porque é o único personagem que sente e compreende emoções. A forma como ele vai passando ao personagem de Brenton Thwaites os seus conhecimentos, a maneira com que se importa com ele e seu sofrimento, comove.
O Doador de Memórias é mais um entre diversos filmes que surgem, a partir de livros igualmente genéricos. Mas, não deixa de ser bem feito e trazer um ponto de vista interessante que nos faz refletir sobre o nosso mundo e nossas atitudes.
O Doador de Memórias (The Giver, 2014 / EUA)
Direção: Phillip Noyce
Roteiro: Michael Mitnick, Robert B. Weide
Com: Brenton Thwaites, Jeff Bridges, Meryl Streep, Alexander Skarsgård, Katie Holmes, Odeya Rush
Duração: 97 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Doador de Memórias
2014-09-09T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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