
A fábula é construída a partir de um órfão criado por estranhas criaturas no esgoto da cidade de Ponte Queijo. Nela, os nobres são diferenciados por chapéus brancos e tem o privilégio de degustarem os melhores queijos locais, sonho do vilão Archibald Snatcher. Para realizar esse sonho, ele caça impiedosamente as criaturas, alegando que são monstros perigosos que comem crianças e queijos. Mas, quando os boxtrolls começam a sumir, o garotinho começa a despertar para necessidade de fazer algo.

Chama a atenção em Os Boxtrolls, o maniqueísmo dos seres humanos; mesmo personagens que acabam sendo adjuvantes do protagonista, possuem traços de egoísmo explícitos. A ponto de, em uma cena, um pai não dar a atenção ao risco alertado por sua filha, por causa de um queijo gigante que rola escada abaixo. A ironia com que se constrói essa sociedade de homens ociosos que comem queijo e uma sociedade que vive em função de uma mentira, nos faz pensar.


É interessante também que o nome de cada personagem seja atribuído pela figura que está em sua caixa. Peixe tem um peixe desenhado, enquanto Chulé tem um sapato, e assim, por diante. O garotinho órfão também veste uma caixa com um desenho de um ovo, nome pelo qual os boxtrolls o chamam. O nome, por sinal, é a única coisa que eles falam em nossa língua, o resto é um dialeto estranho que só Ovo entende.
Os Boxtrolls é uma animação sensível e bem construída que traz valores familiares, de amizade e de superação. O que o torna diferente é que esses valores não são passados pelos seres humanos, mas por criaturinhas estranhas e encantadoras.
Os Boxtrolls (The Boxtrolls, 2014 / EUA)
Direção: Graham Annable, Anthony Stacchi
Roteiro: Irena Brignull, Adam Pava
Duração: 96 min.