Sétimo
O Brasil já se acostumou, tem filme argentino com Ricardo Darín, corre para ver. De fato, o ator consegue tornar tudo em volta mais agradável com seu talento e Sétimo é feito para ele brilhar.
No filme do quase desconhecido Patxi Amezcua, Darín interpreta Sebastián, um advogado prestes a defender um caso importante que envolve política e corrupção, mas que tem seu pior desafio ao ver seus filhos desaparecem dentro do próprio prédio onde moram. A partir daí, a sua jornada será desvendar esse mistério e resgatar as crianças o quanto antes, sem nenhuma sequela.
A trama se concentra praticamente no edifício onde as crianças sumiram e toda a narrativa é sustentada pelo desespero desse pai e sua busca para entender o que de fato aconteceu. Por isso, o maior mérito de Sétimo é mesmo seu protagonista. Darín consegue dar naturalidade ao seu personagem, conduzindo o suspense de uma maneira crível e envolvente. Auxiliado por Belén Rueda que faz a mãe dos meninos e tem boas cenas, principalmente, próximas ao final, quando há um diálogo onde tudo que importa é o subtexto e a troca de olhares entre os dois atores.
O roteiro, no entanto, apesar de nos prender, acaba sendo frouxo em sua resolução, principalmente, ao revisarmos mentalmente todos os acontecimentos. Há uma certa inverossimilhança na construção dos personagens e o óbvio desvio de atenção para personagens aparentemente suspeitos a todo instante. Mas, não chega a ter aquele nível infantil das telenovelas brasileiras de colocar todos os personagens em atitude suspeita para que o público não descubra "quem matou".
O clichê de Sétimo não chega a ser um problema de roteiro, ainda que possa irritar alguns espectadores mais exigentes. Diante da construção proposta, as pistas lançadas ainda na apresentação acabam gerando boas recompensas e até mesmo uma surpresa interessante dentro da reviravolta esperada. Nada genial ou inovador, mas satisfatório, ainda que inexplicável.
Criar suspense dentro de um cenário tão comum quanto o hall, o elevador e as escadarias de um edifício em plena luz do dia, acaba sendo um feito a ser admirado. Patxi Amezcua não consegue manter a tensão até o final da projeção, é verdade, mas a parte inicial é bastante feliz ao nos deixar tensos junto àquele pai, tentando entender como duas crianças podem sumir entre um degrau e outro.
Apesar dos problemas de roteiro, Sétimo acaba sendo, então, um bom filme. Talvez um ator menos talentoso fizesse a obra se perder no caminho, mas Ricardo Darín consegue manter o nosso interesse por toda a projeção, nos levando juntos em um suspense com poucos recursos.
Sétimo (Séptimo, 2014 / Argentina)
Direção: Patxi Amezcua
Roteiro: Patxi Amezcua, Alejo Flah
Com: Ricardo Darín, Belén Rueda, Abel Dolz Doval
Duração: 88 min.
No filme do quase desconhecido Patxi Amezcua, Darín interpreta Sebastián, um advogado prestes a defender um caso importante que envolve política e corrupção, mas que tem seu pior desafio ao ver seus filhos desaparecem dentro do próprio prédio onde moram. A partir daí, a sua jornada será desvendar esse mistério e resgatar as crianças o quanto antes, sem nenhuma sequela.
A trama se concentra praticamente no edifício onde as crianças sumiram e toda a narrativa é sustentada pelo desespero desse pai e sua busca para entender o que de fato aconteceu. Por isso, o maior mérito de Sétimo é mesmo seu protagonista. Darín consegue dar naturalidade ao seu personagem, conduzindo o suspense de uma maneira crível e envolvente. Auxiliado por Belén Rueda que faz a mãe dos meninos e tem boas cenas, principalmente, próximas ao final, quando há um diálogo onde tudo que importa é o subtexto e a troca de olhares entre os dois atores.
O roteiro, no entanto, apesar de nos prender, acaba sendo frouxo em sua resolução, principalmente, ao revisarmos mentalmente todos os acontecimentos. Há uma certa inverossimilhança na construção dos personagens e o óbvio desvio de atenção para personagens aparentemente suspeitos a todo instante. Mas, não chega a ter aquele nível infantil das telenovelas brasileiras de colocar todos os personagens em atitude suspeita para que o público não descubra "quem matou".
O clichê de Sétimo não chega a ser um problema de roteiro, ainda que possa irritar alguns espectadores mais exigentes. Diante da construção proposta, as pistas lançadas ainda na apresentação acabam gerando boas recompensas e até mesmo uma surpresa interessante dentro da reviravolta esperada. Nada genial ou inovador, mas satisfatório, ainda que inexplicável.
Criar suspense dentro de um cenário tão comum quanto o hall, o elevador e as escadarias de um edifício em plena luz do dia, acaba sendo um feito a ser admirado. Patxi Amezcua não consegue manter a tensão até o final da projeção, é verdade, mas a parte inicial é bastante feliz ao nos deixar tensos junto àquele pai, tentando entender como duas crianças podem sumir entre um degrau e outro.
Apesar dos problemas de roteiro, Sétimo acaba sendo, então, um bom filme. Talvez um ator menos talentoso fizesse a obra se perder no caminho, mas Ricardo Darín consegue manter o nosso interesse por toda a projeção, nos levando juntos em um suspense com poucos recursos.
Sétimo (Séptimo, 2014 / Argentina)
Direção: Patxi Amezcua
Roteiro: Patxi Amezcua, Alejo Flah
Com: Ricardo Darín, Belén Rueda, Abel Dolz Doval
Duração: 88 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Sétimo
2014-11-25T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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