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Carolina Jabor
cinema brasileiro
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Deborah Secco
drama
Enrique Díaz
Felipe Camargo
Fernando Montenegro
filme brasileiro
João Pedro Zappa
Mariana Lima
Pablo Sanábio
Boa Sorte
Boa Sorte
O cinema nacional comercial foi invadido por tantas comédias que só de um filme buscar um caminho diferente já é para ser comemorado. Apesar de problemas no roteiro, com um início complicado e um final desnecessário, Boa Sorte acaba tendo mais coisas positivas que negativas.
Mesmo sendo vendido como o novo filme de Deborah Secco, o protagonista da trama é mesmo o personagem de João Pedro Zappa. João é um garoto introvertido que é internado pelos pais em uma clínica psiquiátrica por ser diagnosticado com depressão. Lá, ele conhece Judite, a personagem de Deborah Secco, dependente química e em fase terminal por ser HIV positivo e não poder mais tomar o coquetel de remédios por causa das consequências das drogas em seu corpo.
O início do filme é complicado. Ainda que tenhamos um primeiro momento interessante de apresentação do personagem principal, o restante do primeiro ato é composto por diversos diálogos expositivos e situações forçadas. Há alguns pequenos destaques, como as nuanças na construção da personagem de Fernanda Montenegro e a delicadeza de cenas como a do quarto em que os pais discutem a situação quase ignorando o filho encolhido em um canto.
A partir de um determinado ponto, no entanto, nos afeiçoamos aos personagens e sua rotina insólita naquele local. Tudo fica mais poético e delicado em um contraste de descobertas entre florescer da vida, do amor e espera da morte. A construção da relação dos dois personagens vai sendo conduzida com sutilezas que acabam nos envolvendo quase sem querer. Há cenas belas como a da lavanderia, a da piscina ou um passeio divertido pelos corredores da clínica em uma dança descontraída.
Mais do que amor, vida e morte, o filme trata da busca por seu lugar no mundo. É uma jornada de auto-descoberta de um personagem que sempre se sentiu invisível para a sociedade e para sua própria família. A metáfora da Fanta com Frontal é bonita e delicada, reforçando o sentido da trama. "Frontal com Fanta", inclusive, é o título do conto de Jorge Furtado que inspira o filme.
Todo o elenco está bem conduzido, ainda que o destaque seja mesmo o jovem João Pedro Zappa que dá ao seu João, um sutil ar ingênuo e infantil, ao mesmo tempo que tem reflexões tão profundas sobre a sua invisibilidade diante do mundo. A sua família, encabeçada pelos pais interpretados por Felipe Camargo e Gisele Fróes ajuda a compor este estado de apatia generalizada que acaba facilitando o quadro clínico do rapaz. Já Deborah Secco defende bem sua Judite, ainda que sem grandes destaques.
O que compromete a trama e o resultado do filme, no entanto, é o seu desfecho. Após uma solução extremamente criativa e poética, Carolina Jabor ou os roteiristas Jorge Furtado e seu filho Pedro Furtado, insistem em explicar mais do que o necessário, forçando situações dispensáveis que quebram a verdadeira poesia por trás da situação construída.
De qualquer maneira, Boa Sorte acaba tendo um saldo positivo ao nos envolver em uma jornada manjada de auto descobrimento, mas com belos momentos. Fica uma reflexão e sensações que nos demonstram que o cinema brasileiro precisa investir mais em dramas psicológicos.
Boa Sorte (Boa Sorte, 2014 / Brasil)
Direção: Carolina Jabor
Roteiro: Jorge Furtado e Pedro Furtado
Com: Deborah Secco, João Pedro Zappa, Pablo Sanábio, Felipe Camargo, Enrique Díaz, Mariana Lima, Fernando Montenegro
Duração: 90 min.
Mesmo sendo vendido como o novo filme de Deborah Secco, o protagonista da trama é mesmo o personagem de João Pedro Zappa. João é um garoto introvertido que é internado pelos pais em uma clínica psiquiátrica por ser diagnosticado com depressão. Lá, ele conhece Judite, a personagem de Deborah Secco, dependente química e em fase terminal por ser HIV positivo e não poder mais tomar o coquetel de remédios por causa das consequências das drogas em seu corpo.
O início do filme é complicado. Ainda que tenhamos um primeiro momento interessante de apresentação do personagem principal, o restante do primeiro ato é composto por diversos diálogos expositivos e situações forçadas. Há alguns pequenos destaques, como as nuanças na construção da personagem de Fernanda Montenegro e a delicadeza de cenas como a do quarto em que os pais discutem a situação quase ignorando o filho encolhido em um canto.
A partir de um determinado ponto, no entanto, nos afeiçoamos aos personagens e sua rotina insólita naquele local. Tudo fica mais poético e delicado em um contraste de descobertas entre florescer da vida, do amor e espera da morte. A construção da relação dos dois personagens vai sendo conduzida com sutilezas que acabam nos envolvendo quase sem querer. Há cenas belas como a da lavanderia, a da piscina ou um passeio divertido pelos corredores da clínica em uma dança descontraída.
Mais do que amor, vida e morte, o filme trata da busca por seu lugar no mundo. É uma jornada de auto-descoberta de um personagem que sempre se sentiu invisível para a sociedade e para sua própria família. A metáfora da Fanta com Frontal é bonita e delicada, reforçando o sentido da trama. "Frontal com Fanta", inclusive, é o título do conto de Jorge Furtado que inspira o filme.
Todo o elenco está bem conduzido, ainda que o destaque seja mesmo o jovem João Pedro Zappa que dá ao seu João, um sutil ar ingênuo e infantil, ao mesmo tempo que tem reflexões tão profundas sobre a sua invisibilidade diante do mundo. A sua família, encabeçada pelos pais interpretados por Felipe Camargo e Gisele Fróes ajuda a compor este estado de apatia generalizada que acaba facilitando o quadro clínico do rapaz. Já Deborah Secco defende bem sua Judite, ainda que sem grandes destaques.
O que compromete a trama e o resultado do filme, no entanto, é o seu desfecho. Após uma solução extremamente criativa e poética, Carolina Jabor ou os roteiristas Jorge Furtado e seu filho Pedro Furtado, insistem em explicar mais do que o necessário, forçando situações dispensáveis que quebram a verdadeira poesia por trás da situação construída.
De qualquer maneira, Boa Sorte acaba tendo um saldo positivo ao nos envolver em uma jornada manjada de auto descobrimento, mas com belos momentos. Fica uma reflexão e sensações que nos demonstram que o cinema brasileiro precisa investir mais em dramas psicológicos.
Boa Sorte (Boa Sorte, 2014 / Brasil)
Direção: Carolina Jabor
Roteiro: Jorge Furtado e Pedro Furtado
Com: Deborah Secco, João Pedro Zappa, Pablo Sanábio, Felipe Camargo, Enrique Díaz, Mariana Lima, Fernando Montenegro
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Boa Sorte
2014-11-26T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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