
Há uma boa distância entre os acontecimentos do primeiro para o segundo filme, tanto que o jovem Anakin Skywalker já é homem feito. A República está ameaçada pela Federação e alguns planetas separatistas e os Jedi não são suficientes para manter a paz, sendo necessário a criação de um exército da República. Padmé Amidala, agora senadora, é a chave principal para as negociações pacíficas e por isso sua vida está em risco, sendo destacado Anakin para protegê-la, enquanto Obi-Wan tenta descobrir quem está por trás dos atentados contra ela.

A essa altura não parece haver dúvidas de que o Senador Palpatine é o Mestre Sith. E a grande questão do roteiro do filme é que ele tenta esconder isso a todo custo, para nos apresentar a explicação como uma revelação surpresa em uma conversa final. Não faz muito sentido, como também não faz sentido esconder que o Conde Dooku (traduzido para Dookan por pudores linguísticos) já mudou de lado faz tempo e mestre Windu ainda insiste que "ele foi um Jedi, não está na índole dele matar". Ora vejam, se ele foi e não é mais um Jedi por vontade própria algo tem aí, né?

E olha que Jar Jar nesse filme nem chega a ser um grande problema. São poucas as suas cenas, e menos ainda suas falas. É mais um peão cumprindo o destino que nos levará ao Império. Como alívio cômico, temos de volta aqui a dupla R2D2 e C3PO em cenas divertidas, como a luta na arena com a cabeça trocada. Mas, não podemos deixar de destacar que ainda que faça parceria com seu amigo atrapalhado, o pequeno dróide azul e cinza continua salvando o dia em diversas cenas como quando impede de Padmé receba um jato de lava quente em cima dela.

Apesar de todos os problemas de roteiro e alguns problemas técnicos também, o Episódio II tem momentos importantes para qualquer fã da Saga, principalmente na parte final. Vemos pela primeira vez um grupo de Jedi lutando. Assim, como vemos o surgimento de Boba Fett. E, mais importante, vemos Mestre Yoda demonstrando o porquê de ser o Mestre Jedi mais reverenciado e respeitado por todos. É interessante como a cena dele com Conde Dooku é bem construída, criando a expectativa e revelando a surpresa aos poucos. A melhor cena do filme.

E mais do que tudo, é um filme sem alma. Sem a alma de Star Wars e toda a magia da Força. Os Jedi estão perdidos, enrolados em um nevoeiro do lado sombrio, Anakin, o herói que deveríamos acompanhar e torcer, se demonstra um garoto rebelde e metido que vai aos poucos sucumbindo para o lado sombrio, defendendo inclusive verbalmente a ditadura. Sinto falta da voz de Qui-Gon Jinn orientando ele nos momentos chaves como Obi-Wan fazia com Luke. Mas, os Jedi ainda não tinham dominado essa técnica, é o que vão tentar nos explicar depois. Lamentável isso é. Como boa parte desse filme. Passemos a página.
Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones (Star Wars: Episode II - Attack of the Clones, 2002 / EUA)
Direção: George Lucas
Roteiro: George Lucas, Jonathan Hales
Com: Hayden Christensen, Natalie Portman, Ewan McGregor, Christopher Lee, Samuel L. Jackson, Pernilla August, Temuera Morrison, Jimmy Smits
Duração: 142 min.