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Joy: O nome do sucesso
Joy: O nome do sucesso
David O. Russell vem cristalizando um estilo próprio de filme que flerta com o nonsense. Tanto Trapaça quanto O Lado Bom da Vida possuem ecos na condução da trama e das personagens que se refletem também em Joy: O nome do sucesso. E não, não é apenas a presença de Jennifer Lawrence, Bradley Cooper e Robert De Niro que dão essa sensação.
A trama segue um estilo que mistura drama, comédia e crítica social em uma sátira com tons exagerados. Exagero que se reflete nas situações e na construção das personagens com estereótipos claros que nos dão a sensação de que é impossível existir alguém assim. Como a mãe de Joy Mangano que não sai de sua cama, assistindo a soap operas de qualidade duvidosa. Ou sua meia irmã que vive para invejá-la.
Baseado em uma história real, Joy: O nome do sucesso é um filme sobre o velho e bom sonho americano. Uma ode ao empreendedorismo e a possibilidade de buscar sonhos com suas próprias mãos, independente das adversidades e do mundo gritando que não. E David O. Russel se utiliza da velha fórmula da trajetória do herói para nos contar essa busca de Joy, uma mulher comum que sempre deu duro na vida, tomando conta de toda família e um dia inventou algo que facilitaria sua vida: um esfregão que torce sem precisar de contato com as mãos.
Pode parecer tolo, provinciano até ou mesmo um símbolo machista como vi alguns falando. Mas, além de ser baseado em um história real, não há nenhum demérito em criar um produto que ajude a donas de casa, principalmente se você é uma delas. Na verdade, a trajetória de Joy Mangano demonstra que ninguém entende melhor que ela aquele produto, porque ele foi criado diante de uma necessidade real. E, sinceramente, ao ouvi-la na cena em que vende o produto, dá vontade de comprá-lo.
Talvez o problema de Joy: O nome do sucesso seja exagerar demais para ressaltar mais do que precisava esse feito. Joy sofre mais que mocinha de novela mexicana. Tudo está sempre contra ela. E todos aqueles que a cercam, com exceção da avó e da amiga de infância, estão ali para deixar sua jornada ainda mais difícil. Parece perseguição gratuita, principalmente da irmã e da mulher do pai, que a princípio parece ajudar, mas logo se demonstra uma madrasta de contos de fada.
Isso pode parecer um empecilho para entrar no filme, principalmente se ficarmos racionalizando demais e buscando verossimilhança com a realidade. Mas, de fato, como falei acima, essa não é a proposta de David O. Russell. Mesmo a verossimilhança interna se esvai muitas vezes em nome de algo a mais que ele considerava mais importante, o jogo cênico e a piada com os absurdos que nos cercam em vida.
E se paramos para pensar também, o sofrimento de Joy não é muito diferente da maioria dos heróis em sua jornada, principalmente com a aproximação da caverna escura. O que causa estranhamento é o aparente realismo do universo proposto. Afinal, é mais fácil entender que um mocinho em uma galáxia distante vai perder batalhas e quase morrer antes de matar o bandido, mas na "vida real" é diferente. O que funciona ali acaba sendo a retórica mesmo.
E nesse ponto é preciso ressaltar que apesar de bem, Jennifer Lawrence não chega a nos entregar uma interpretação acima da média. Já Bradley Cooper tem um bom personagem e cumpre seu papel, enquanto Robert De Niro acaba construindo algo aquém do seu talento, em um pai meio perdido que não sabemos até que ponto é coerente durante toda a projeção.
De qualquer maneira, Joy: O nome do sucesso é um filme interessante. Cumpre o seu papel e é capaz de divertir, basta embarcar na proposta sem se preocupar muito com a realidade.
Joy: O nome do sucesso (Joy, 2016 / EUA)
Direção: David O. Russell
Roteiro: David O. Russell
Com: Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper
Duração: 124 min.
A trama segue um estilo que mistura drama, comédia e crítica social em uma sátira com tons exagerados. Exagero que se reflete nas situações e na construção das personagens com estereótipos claros que nos dão a sensação de que é impossível existir alguém assim. Como a mãe de Joy Mangano que não sai de sua cama, assistindo a soap operas de qualidade duvidosa. Ou sua meia irmã que vive para invejá-la.
Baseado em uma história real, Joy: O nome do sucesso é um filme sobre o velho e bom sonho americano. Uma ode ao empreendedorismo e a possibilidade de buscar sonhos com suas próprias mãos, independente das adversidades e do mundo gritando que não. E David O. Russel se utiliza da velha fórmula da trajetória do herói para nos contar essa busca de Joy, uma mulher comum que sempre deu duro na vida, tomando conta de toda família e um dia inventou algo que facilitaria sua vida: um esfregão que torce sem precisar de contato com as mãos.
Pode parecer tolo, provinciano até ou mesmo um símbolo machista como vi alguns falando. Mas, além de ser baseado em um história real, não há nenhum demérito em criar um produto que ajude a donas de casa, principalmente se você é uma delas. Na verdade, a trajetória de Joy Mangano demonstra que ninguém entende melhor que ela aquele produto, porque ele foi criado diante de uma necessidade real. E, sinceramente, ao ouvi-la na cena em que vende o produto, dá vontade de comprá-lo.
Talvez o problema de Joy: O nome do sucesso seja exagerar demais para ressaltar mais do que precisava esse feito. Joy sofre mais que mocinha de novela mexicana. Tudo está sempre contra ela. E todos aqueles que a cercam, com exceção da avó e da amiga de infância, estão ali para deixar sua jornada ainda mais difícil. Parece perseguição gratuita, principalmente da irmã e da mulher do pai, que a princípio parece ajudar, mas logo se demonstra uma madrasta de contos de fada.
Isso pode parecer um empecilho para entrar no filme, principalmente se ficarmos racionalizando demais e buscando verossimilhança com a realidade. Mas, de fato, como falei acima, essa não é a proposta de David O. Russell. Mesmo a verossimilhança interna se esvai muitas vezes em nome de algo a mais que ele considerava mais importante, o jogo cênico e a piada com os absurdos que nos cercam em vida.
E se paramos para pensar também, o sofrimento de Joy não é muito diferente da maioria dos heróis em sua jornada, principalmente com a aproximação da caverna escura. O que causa estranhamento é o aparente realismo do universo proposto. Afinal, é mais fácil entender que um mocinho em uma galáxia distante vai perder batalhas e quase morrer antes de matar o bandido, mas na "vida real" é diferente. O que funciona ali acaba sendo a retórica mesmo.
E nesse ponto é preciso ressaltar que apesar de bem, Jennifer Lawrence não chega a nos entregar uma interpretação acima da média. Já Bradley Cooper tem um bom personagem e cumpre seu papel, enquanto Robert De Niro acaba construindo algo aquém do seu talento, em um pai meio perdido que não sabemos até que ponto é coerente durante toda a projeção.
De qualquer maneira, Joy: O nome do sucesso é um filme interessante. Cumpre o seu papel e é capaz de divertir, basta embarcar na proposta sem se preocupar muito com a realidade.
Joy: O nome do sucesso (Joy, 2016 / EUA)
Direção: David O. Russell
Roteiro: David O. Russell
Com: Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper
Duração: 124 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Joy: O nome do sucesso
2016-01-27T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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