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5º Olhar de Cinema – Competitiva

Maestá, A Paixão de Cristo - filme

A Mostra Competitiva do 5º Olhar de Cinema, em Curitiba, traz uma variedade boa de filmes e realizadores. São dez longa-metragens sendo três do Brasil, um da China, um da Itália, um da Aústria, um do Chile, um da França, uma co-produção Paraguai, Holanda, Chile e Catar, além de um do Canadá e Alemanha. Falaremos de alguns deles.

Maestá, A Paixão de Cristo (França / Andy Guérif)


Maestá, A Paixão de Cristo - filmeDirigido por Andy Guérif, Maestá traz uma interessante experimentação com a história mais famosa do mundo. É importante dizer que seu formato só funciona por isso, como a Paixão de Cristo já é amplamente divulgada e conhecida, o público não precisa gastar atenção tentando entender a trama e pode embarcar junto na experiência.

O filme é uma espécie de mistura de teatro e gravuras animadas. Cenários pintados como afrescos servem de cenário para os atores que trabalham como um palco. Nos momentos chaves de cada cena, há uma espécie de congelamento para a apreciação da gravura criada e, logo, o retorno da ação.

O mais interessante é que tudo isso é construído em 26 quadros que ficam abertos na tela o tempo inteiro. Como um recorte de uma página de revista em quadrinhos. E eles não estão arrumados de forma cronológica. A crucificação, por exemplo, que está em um quadro maior assim como a entrada em Jerusalém, está exatamente no centro, em cima dos dois quadros que mostram a traição de Judas.

Outro ponto é que algumas ações acabam acontecendo ao mesmo tempo. E dois quadros no canto superior direito estão com ação constante, construindo uma espécie de expectativa para o que seja aquilo, o que se torna curioso, já que acaba causando uma reviravolta e surpresa em uma história aparentemente sem novidades.

No final, o filme é essa grande experimentação estética que traz um prazer especial ao espectador. Só vendo para sentir exatamente como é.

O Estranho Caso de Ezequiel (Brasil / Guto Parente)


O Estranho Caso de Ezequiel - filmeEstranho, essa é a melhor definição para o novo filme de Guto Parente. E isso não é exatamente ruim. Há ali uma experiência estética que traz boas intenções e cenas bem construídas que causam efeitos positivos no espectador.

Talvez ele apenas se alongue demais. Como um curta-metragem poderia funcionar melhor. Ou então, não ter a segunda parte, após uma determinada virada na trama. O fato é que acaba perdendo o fôlego e o propósito de ser, ainda que traga metáforas interessantes.

Ezequiel é um homem aparentemente comum que perdeu sua esposa. E determinado acontecimento faz com que ela retorne a vida, assim como traga para sua convivência um estranho ser.

Uma família atípica, com diversas interpretações que vai incomodar principalmente o vizinho evangélico. E se reconstituir em um mundo imaginário. Essa seria a maior alegoria da obra. Mas, a forma como se chega a isso não é tão agradável quanto poderia. De qualquer maneira, um filme curioso.

Eles Vieram e Roubaram sua Alma (Brasil / Daniel do Bem e Daiane Marcon)


Eles Vieram e Roubaram sua Alma - filmeUma declaração de amor ao cinema, e da arte pela arte. Mateus é um jovem cineasta que deseja filmar sua obra. Ela não tem muito objetivo, nem planejamento, nem mesmo um roteiro claro. Ele quer apenas se expressar. E com a ajuda de um amigo tentará fazer isso. Eles Vieram e Roubaram sua Alma é, na verdade, o título do filme de Mateus, que, como o próprio personagem define, é sobre uma pessoa que vai se desintegrando.

É curioso como a obra acaba retratando o próprio sentimento do diretor Daniel do Bem que declarou na entrevista após a sessão que estava meio desanimado após a faculdade de cinema e a falta de perspectiva de trabalhos. Mateus está também perdido, sofre pelo fim de um relacionamento, não consegue lidar com o fracasso profissional e quer fazer um filme com ajuda dos amigos, mas não sabe nem o que fazer com ele após pronto.

Construído com uma mistura estética de uma obra atual e imagens em VHS que seria o filme de Mateus, a obra traz um conjunto de detalhes técnicos instigantes principalmente na fotografia e no som. Há também um tom realista bem definido com uma composição envolvente que cria uma empatia com história. Quase um diário, um desabafo de um cineasta em formação.

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