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A perspicaz Sofia Coppola

Sofia Coppola - filmes

70ª edição do Festival de Cannes começa hoje. Para marcar a data, resolvi falar aqui de uma diretora que sempre admirei e que concorre à Palma de Ouro desse ano: Sofia Coppola. Não é a primeira vez que um filme seu disputa o mais cobiçado prêmio de cinema. Na edição de 2005, sua Maria Antonieta levantou amor e ódio ao ser vaiada e ao mesmo tempo ovacionada na exibição de gala. Coppola participou ainda do festival de 2013 com o filme "Bling Ring: A Gangue de Holywood" na mostra "Un Certain Regard".

Apesar de filha de Francis Ford Coppola, Sofia sempre seguiu sua trajetória própria, construindo o seu nome como roteirista e diretora, através de repercussão positiva junto à crítica e também com prêmios dos mais diversos. Foi diretora revelação do MTV Movie Awards com seu primeiro longa-metragem As Virgens Suicidas. Ganhou o Oscar de melhor roteiro com Encontros e Desencontros, que também concorreu como melhor diretora e melhor filme. O filme levou ainda o Independent Spirit Award nas três categorias e o Globo de Ouro de Melhor Roteiro. Mas, sem dúvidas, o seu prêmio mais significativo foi o Leão de Ouro em Veneza com o filme Um Lugar Qualquer.

Sofia Coppola é também atriz, mas nunca teve grande destaque na função, sendo inclusive alvo de duras críticas, não por acaso já levou alguns Framboesas de Ouro na categoria. Isso, no entanto, pouco importa, já que soube manter o seu foco construindo uma carreira sólida, ainda que com poucos filmes. A cineasta sabe como ninguém construir uma atmosfera de estranhamento e tocar em assuntos espinhosos. Fala também com desenvoltura dos bastidores de Hollywood e da dificuldade de relacionamento interpessoais.

Há sempre um tom documental em suas obras, mesmo quando se trata de um ritmo mais frenético, como em Bling Ring. A maneira como a cineasta nos distancia das personagens, não deixando que a empatia seja tão forte, acaba por nos fazer observar os estranhamentos do contato com o outro de uma maneira muito sensível. Isso é algo que mais encanta em Encontros e Desencontros, por exemplo, pois o filme nunca cai da emoção completamente, nos deixando sempre essa sensação esquisita e curiosa que deixa a experiência mais intensa.

Dos seus cinco longa-metragens até o momento, o único que não pude conferir ainda foi exatamente Maria Antonieta, então, deixo aqui minha homenagem rememorando os outros quatro filmes, enquanto aguardamos a repercussão de O Estranho Que Nós Amamos no Festival de Cannes.


As Virgens Suicidas - filme

As Virgens Suicidas

(1999)

Seu primeiro longa-metragem foi uma adaptação do livro de Jeffrey Eugenides. A obra lida com um caso que impactou uma pequena cidade. Cinco irmãs com pais rígidos que acabam se sentindo sufocadas. Em uma época em que os jovens experimentam diversas descobertas, elas acabam presas em uma casa sem contato com o mundo exterior, após o suicídio de uma das irmãs e alguns acontecimentos em um baile do colégio. Mas a história em si pouco importa, o que vale é a experiência de acompanhar o jogo construído pela diretora em um tom meio documental, de memórias de um dos jovens, com direito até a depoimentos.


Encontros e Desencontros - filme

Encontros e Desencontros

(2003)

O filme que mais gosto da diretora. E ainda que Encontros e Desencontros não seja um título ruim, "Lost in Translation", o original, define melhor a sensação dos dois protagonistas vividos por Bill Murray e Scarlett Johansson. No Japão, ele um ator famoso fazendo propaganda de uísque, ela acompanhando o marido fotógrafo. Ambos se sentem peixes fora d´água, com sensações de desconfortos que vão sendo amenizadas à medida que se aproximam. Tudo de maneira sutil e bela, sem entrar totalmente na emoção e com a mesma sensação de estranhamento.


Um Lugar Qualquer - filme

Um Lugar Qualquer

(2010)

Um filme que causa estranhamento em muitos, porque simplesmente não desenvolve nenhum conflito, principal ou secundário. A ideia é quase simular um reality show, acompanhando a rotina do ator Johnny Marco, interpretado por Stephen Dorff. E é gostoso de acompanhar esse dia a dia dele, sua relação com a filha, o filme que está gravando, as mulheres com que está se relacionando. Aguça a nossa curiosidade, e a maneira como é filmado nos envolve e nos deixa presos a ela.


Bling Ring: A Gangue de Hollywood - filme

Bling Ring: A Gangue de Hollywood

(2013)

Inspirada no artigo da jornalista Nancy Jo Sales, “The suspects wore louboutin”, Coppola constrói aqui um retrato instigante de Hollywood e o fascínio pela fama. Perspicaz na maneira como conduz o roteiro de maneira não-linear, a cineasta não cria um clima de julgamento dos atos daquele grupo, mas por mais que pareça que a diretora não quer condenar a atitude dos jovens, ao não aprofundar o tema nem mesmo as consequências, ela nos dá subsídios suficientes para observarmos o comportamento de cada um deles, inclusive a mudança de atitude e revelação de verdadeiro caráter quando tudo vem à tona. Não por acaso, ela começa o filme, apresentando as consequências.

O Estranho Que Nós Amamos

(2017)

Com data de estreia para 24 de agosto no Brasil, O Estranho Que Nós Amamos é ambientado na época da Guerra de Secessão dos Estados Unidos. Um soldado encontra refúgio em um internato para mulheres, mas acaba se envolvendo com elas, o que traz consequências. O que chama a atenção na obra, além da direção de Sofia Coppola e a seleção para Cannes é o seu elenco, que conta com Nicole Kidman, Elle Fanning, Kirsten Dunst e Colin Farrell. Só nos resta esperar.


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