Home
cinema brasileiro
critica
documentario
Festival
filme brasileiro
Igor Angelkorte
Julia Ariani
OlhardeCinema2017
Paula Vilela
Fernando
Fernando
Documentário com toques de ficção, Fernando tem momentos inspirados. Há uma mistura de linguagens, mas o que prevalece é a observação da rotina dele, seja como professor, ator ou em sua intimidade.
Intimidade essa que, na verdade, é encenada, já que quem faz o seu companheiro é o bailarino Rubens Barbot. Mas a química dos dois acabam funcionando em tela. Como na cena em que passam um texto ou conversam na cama. Ou a poética cena final que passa paz e união de uma maneira tão simbólica. Dá para comprar a ideia de um casal.
Porém, algo parece desandar na estrutura do filme como um todo. Seja por excesso de vertentes ou mesmo pela condução da narrativa. Ainda que seja possível uma lógica ilógica, o raciocínio parece se perder em alguns pontos. A sensação é de que existem ali muitos filmes a serem contados e dirigir é também a escolha do que deixar de fora.
Temos questões levantadas, como um problema de saúde, o grupo de teatro, o grupo de amigos, as histórias do passado, temas pontuados e muitas vezes não desenvolvidos. Como a ideia de um livro que fica solta em uma cena. Ou mesmo o paralelo dele ator com ele professor.
A técnica também parece bastante irregular. Com planos muito bem pensados contrastando com outros apressados na tentativa de não perder a espontaneidade, provavelmente . A ideia de privilegiar a fala à mise-en-scene parece visível, o que enfraquece enquanto filme.
Ainda assim, é possível beber um pouco da fonte do pensamento de um artista tão singular. E pensar junto com ele na necessidade de cuidar de seu corpo e saber ouvi-lo. E também sobre a importância da arte na construção de pensamento crítico. A maneira como ele conta sobre o trabalho com crianças carentes inspira e traz esperança. E é sempre bom ver e ouvir falar sobre arte. Ainda mais com um experiência tão rica quanto a do retratado.
A sensação que fica ao final da sessão é de que Fernando Bohrer é um personagem ímpar. Ator, professor, ser humano, que encanta e inspira. Tanto que a admiração dos três diretores por esse mestre pode ter atrapalhado no planejamento de como contar sua história. Daqueles filmes que tentam falar de tudo e acabam confusos e cansativos. Uma pena. Ainda assim uma experiência inspiradora.
Filme visto no 6º Olhar de Cinema de Curitiba.
Fernando (2017, Brasil)
Direção: Igor Angelkorte, Julia Ariani, Paula Vilela
Roteiro: Igor Angelkorte, Julia Ariani, Paula Vilela
Duração: 70 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Fernando
2017-06-15T08:37:00-03:00
Amanda Aouad
cinema brasileiro|critica|documentario|Festival|filme brasileiro|Igor Angelkorte|Julia Ariani|OlhardeCinema2017|Paula Vilela|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
mais populares do blog
-
Em um cenário gótico banhado em melancolia, O Corvo (1994) emerge como uma obra singular no universo cinematográfico. Dirigido por Alex Pro...
-
Matador de Aluguel (1989), dirigido por Rowdy Herrington , é um filme de ação dos anos 80 . Uma explosão de adrenalina, pancadaria e tensão...
-
Em seu quarto longa-metragem, Damien Chazelle , conhecido por suas incursões musicais de sucesso, surpreende ao abandonar o território da me...
-
Pier Paolo Pasolini , um mestre da provocação e da subversão, apresenta em Teorema (1968) uma obra que desafia não apenas a moralidade burg...
-
Ruben Östlund , o provocador diretor sueco, nos guia por um cruzeiro inusitado em Triângulo da Tristeza (2022), uma obra cinematográfica qu...