
Orllie-Antoine de Tounens era um aventureiro francês, que em meados do século XIX se tornou rei da Araucania e Patagônia. Formado em advocacia, ele construiu argumentos para demonstrar que aquelas áreas não pertenciam ao Chile, nem à Argentina.
Há controvérsias históricas sobre a iniciativa ter partido dele ou dos indígenas locais. O fato é que ele existiu, assim como os acontecimentos narrados no filme. Porém, isso não quer dizer que esta seja uma obra histórica.

A história vai sendo narrada também com misturas criativas, principalmente no julgamento do rei, onde todos os atores usam máscaras que trazem um aspecto ainda mais estranho para tudo aquilo. O que não é necessariamente ruim. O choque do estranhamento nos coloca em um outro patamar histórico.

A divisão em capítulos ajuda a criar um planejamento lógico em uma estrutura tão caótica. Ajuda também a estimular a função cognitiva que nos permite refletir sobre a situação em vez de simplesmente embarcar naquele jogo lúdico que a linguagem se permite.
Ainda que muitas vezes pareça solto, não deixa de ser divertido também perceber as referências cinematográficas, como películas pintadas a mão ou mesmo a simulação do movimento dos frames. Acaba sendo uma viagem histórica através do cinema da maneira mais simbólica possível.
Rey, como já foi dito, é um filme estranho. E, em sua estranheza, reconstrói a história de maneira lúdica e divertida, sem deixar de nos fazer pensar. Afinal, é para isso mesmo que é feita a arte.
Filme visto no 6º Olhar de Cinema de Curitiba.
Rey (Chile, 2017)
Direção: Niles Atallah
Roteiro: Niles Atallah
Com: Rodrigo Lisboa, Claudio Riveros
Duração: 91 min.