
Baseado no livro de M. L. Stedman, A Luz Entre Oceanos é um filme romântico, mas com a marca do seu diretor. Ainda que não seja tão ácido quanto Namorados Para Sempre, por exemplo, há mais sofrimento que apaziguamento em sua jornada.

Sofrimento, impulsos, desejos, questões éticas. Tudo se mistura no roteiro também escrito por Derek Cianfrance que discute culpa e perdão de uma maneira até inusitada em alguns momentos. Por mais errado que saibamos ser a atitude, não conseguimos condenar o casal por completo. Egoísmo e altruísmo parecem se misturar o tempo todo em suas atitudes, principalmente após uma nova reviravolta na trama, quando entra na vida deles a sofrida Hannah Roennfeldt, interpretada por Rachel Weisz.

A direção é feliz também na composição estética desse lugar, muitas vezes inóspito e que acaba harmonizando em significado com os momentos. Como uma imensa tempestade no momento em que Isabel perde o seu primeiro filho. Ou o sol que se abre sempre que a pequena Lucy surge para dar esperança aos adultos. Ela acaba sendo o verdadeiro farol de suas vidas.
A reconstituição de época também é admirável, com detalhes de roupas, acessórios e estrutura local. Assim como chama a atenção a geografia da ilha, grande demais para duas pessoas, mas pequena para uma comunidade.
A Luz Entre Oceanos pode não ser dos mais admiráveis trabalhos de Derek Cianfrance, mas é um romance honesto, com bons momentos, que discute questões éticas, culpa e amor, de maneira bonita. Um filme singelo.
A Luz Entre Oceanos (The Light Between Oceans, 2016 / Reino Unido / EUA)
Direção: Derek Cianfrance
Roteiro: Derek Cianfrance
Com: Michael Fassbender, Alicia Vikander, Rachel Weisz
Duração: 133 min.