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A Grande Jogada
A Grande Jogada
Aaron Sorkin é um excelente roteirista, não temos dúvidas. Ele sabe estruturar uma trama de maneira harmônica. Seus diálogos são ritmados como música. Suas personagens, reais ou não, são instigantes e criam fácil empatia. E ele sabe pegar temas dos mais complexos e facilitar o entendimento das regras daquele mundo para qualquer leigo.
Então, por mais que sua estreia na direção aponte ainda uma imaturidade cinematográfica, nos dando pouca novidade em termos de planos ou mesmo na montagem e fotografia, A Grande Jogada é um ótimo filme, principalmente, porque ele se pauta no roteiro e nas atuações de Jessica Chastain e Idris Elba, que estão ótimos, é bom ressaltar.
A trama conta a inusitada vida real de Molly Bloom, uma ex-esquiadora do gelo que ficou conhecida como a Princesa do Pôquer e chegou a ser presa por organização de jogos clandestinos e envolvimento com a máfia russa. Só o fato dessa história ser real já gere curiosidade e Aaron Sorkin, que também assina o roteiro do filme, consegue deixar a história bem dinâmica com idas e vindas no tempo.
A voz over conduz a narrativa, já que é baseado no livro que a própria Molly escreveu. E a estrutura não fica cansativa porque é como se ela conversasse conosco, tendo muitas tiradas irônicas e até explicações que enriquecem a experiência. Inclusive no como o pôquer funciona. Além, claro, do já citado ritmo próprio de Sorkin que já definiu que um monólogo é como um solo de um instrumento em uma orquestra. A narração em voz over segue a mesma dinâmica, funcionando como música.
Jessica Chastain parece que vem se especializando em mulheres fortes e aqui ela consegue construir nuanças impressionantes entre a menina doce, a mulher fatal, a empresária poderosa e o ser humano justo. Sua química com Idris Elba, que faz seu advogado, funciona perfeitamente, construindo ótimos momentos de conversas e interações.
Assim como o livro, o filme troca os nomes dos diversos clientes famosos que Molly Bloom atendeu nos jogos que organizou. E isso não chega a afetar a apreciação, fazendo com que a própria dinâmica de que aquelas pessoas são famosas já de pronto funcione. Porém, não deixa de ser um plus saber, por exemplo, que o “jogador X” interpretado por Michael Cera é, na verdade, Tobey Maguire, como já divulgado na mídia.
O filme ainda tenta construir a difícil relação entre Molly e o pai, interpretado por Kevin Costner, que em alguns momentos parece excessivo, mas acaba funcionando enquanto arco, tendo um belo momento no banco do parque. Há uma dosagem da construção emocional, já que o filme parece o tempo todo tão racional.
No final, A Grande Jogada é uma experiência envolvente. A força do seu roteiro e das atuações dos seus protagonistas dão um ganho a obra que a torna um nível acima do lugar comum. Ainda que sua direção não traga novidades e que seu tema pareça distante da maioria da população. E, claro, ser baseado em uma história real, ajuda na imersão.
A Grande Jogada (Molly's Game, 2018 / EUA)
Direção: Aaron Sorkin
Roteiro: Aaron Sorkin
Com: Jessica Chastain, Idris Elba, Kevin Costner, Michael Cera
Duração: 140 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Grande Jogada
2018-03-09T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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