Ao contrário de Rogue One, que trazia uma história prólogo de outra, Han Solo é um filme origem com um pouco mais de liberdade, afinal há uma diferença temporal muito maior e diversas tramas a serem contadas. Ainda assim, não tira a sensação de algo dispensável, por mais divertida que seja a aventura, com alguns personagens carismáticos e efeitos especiais bem construídos.
A trama começa no planeta Corellia, onde o jovem Han e sua namorada Qi’ra, vivida por Emilia Clark, tentam uma forma de conseguir dinheiro para sair do local. O plano não sai como esperado e os dois se separam, mas ele aceita trabalhar com o contrabandista Tobias Beckett, interpretado por Woody Harrelson, para conseguir dinheiro e retornar ao planeta natal para reencontrar sua amada. No caminho, ele conhece aliados como o wookiee Chewbacca e o trapaceiro Lando Calrissian, em boa interpretação de Donald Glover.
Alden Ehrenreich não é Harrison Ford. Ainda que consiga trazer alguns trejeitos do charmoso cafajeste, falta carisma. E talvez não seja exatamente culpa do ator, já que a personagem está em outro momento. E o próprio fato de estarmos conhecendo sua origem tira muito do charme pelo mistério que emanava. A dubiedade de sua personalidade, paradoxalmente, trazia profundidade para sua persona, ao contrário desse jovem ingênuo que vemos escalando seus primeiros movimentos em busca de aventura. Han Solo é um sobrevivente, aprendeu a se virar em um universo controlado por uma ditadura intergaláctica e entendeu que precisa ser egoísta para sobreviver. A gente entende isso desde o princípio, por mais que a gente consiga perceber que, no fundo, ele tem um bom coração e será incapaz de abandonar a resistência em Uma Nova Esperança após receber seu pagamento, por exemplo. Não precisava de um filme para nos mostrar isso. E, de alguma forma, vê-lo fazer essa transição de mocinho ingênuo idealista para a personagem que conhecemos perde o encanto.
Da mesma maneira que ver o início de sua relação com Chewbacca e Lando não nos parece trazer nada de novo. É quase um fanservice com ecos de cenas dos filmes da trilogia clássica. Já as novas personagens, apesar de funcionarem, não tem muito futuro, pois já sabemos que não estarão no futuro da personagem. Qi’ra nem sequer é citada pelo protagonista no futuro, além, claro, de sabermos que o seu grande amor será a princesa Leia. Já a droide L3-37, apesar de bem construída, divertida e inteligente também está fadada ao fim, mesmo que tenha algumas surpresas em seu destino.Ainda assim, Han Solo: Uma História Star Wars, funciona como uma aventura leve. Sem maiores compromissos. Tem uma estrutura coerente de arco dramático, com bons personagens e plots. Traz aventura, suspense, tensão e, claro, humor, bem dosados, nos fazendo embarcar na missão de Han com entusiasmo, principalmente, a partir do momento em que ele encontra Tobias Beckett. Cumpre, então, o seu objetivo de entretenimento.
A questão que fica é a escolha estratégica que a Disney tem adotado ao ampliar o seu universo fílmico. Não parece haver uma intenção de realmente ousar e inovar com novas histórias, ficando na zona de conforto de contar mais do mesmo. Isso pode acabar cansando o seu público. Vamos torcer por tempos melhores.
Han Solo: Uma História Star Wars (Solo: A Star Wars Story, 2018 / EUA)
Direção: Ron Howard
Roteiro: Jonathan Kasdan, Lawrence Kasdan
Com: Alden Ehrenreich, Woody Harrelson, Emilia Clarke, Donald Glover, Thandie Newton, Paul Bettany
Duração: 135 min.
