
Em 2013, um curta-metragem chamou a atenção por ser extremamente simples e, ao mesmo tempo, de um impacto emocional profundo. A Netflix agora lança um longa-metragem baseado nesse acontecimento e, até certo ponto, é feliz na missão de ampliar sua história.
Cargo é daquelas obras que, se você não viu, melhor não saber nada para não estragar a experiência. Logo, é melhor procurar o curta apenas após ver o longa para entender o porquê de tanto sucesso.

A construção desse efeito de angústia e desespero é bem feita, em um ritmo lento, muitas vezes contemplativo onde a presença de grupos de zumbis não é o recurso mais utilizado. Tal qual a série The Walking Dead, o roteiro parece trabalhar com a ideia de que os vivos acabam sendo a maior ameaça, mas, ao concentrar em um vilão maniqueísta, acaba caindo em clichês tolos.

De qualquer maneira, Martin Freeman consegue convencer em seu desespero de pai zeloso, nos dando ótimos momentos durante a projeção. Assim como a bebê, que é extremamente fofa e ajuda no efeito de compaixão e envolvimento na trama.
Ainda que o resultado esteja longe do impacto do curta-metragem, Cargo acaba sendo uma obra que instiga, principalmente se você ainda não conhece a história. Há uma experiência curiosa em um universo já tão explorado, que é o dos zumbis, e uma tentativa de ligação com a cultura aborígene, além da eterna estrutura de busca por sobrevivência e proteção dos familiares. Uma jornada bonita, ainda que, aqui, de pouco impacto.
Cargo (Cargo, 2017 / EUA)
Direção: Ben Howling, Yolanda Ramke
Roteiro: Yolanda Ramke
Com: Martin Freeman, Anthony Hayes, Susie Porter
Duração: 105 min.