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Osmar Prado
Osmar Prado: não tenho projetos, as personagens vão chegando.
Osmar Prado: não tenho projetos, as personagens vão chegando.
60 anos de carreira em 71 anos de vida, Osmar Prado já interpretou as mais diversas personagens na televisão, no cinema e no teatro. E simplesmente, ama o que faz. Recém eleito melhor ator no Festival de Gramado, ele vive nos cinemas Kid Jofre, pai e técnico do grande campeão de boxe Eder Jofre, atleta que Prado diz ter acompanhando com atenção, por considerar um fenômeno único. Em passagem por Salvador, para divulgar o filme "10 Segundos para Vencer", o ator conversou um pouco conosco sobre o trabalho. Confira.
CinePipocaCult: O que o atraiu para esse projeto?
Osmar Prado: A história. Eu sou contemporâneo dele, acompanhei a carreira dele. A história de um grande herói brasileiro. Um esporte difícil em que ele, treinado pelo pai, consegue ser campeão em duas categorias. Isso é algo inédito. Eder Jofre está no panteão dos maiores lutadores do século.
CPC: E como foi o processo de preparação com o ator Daniel Oliveira?
OP:Foi maravilhoso porque o Daniel Oliveira é um filho que não tive porque eu só tive filhas. E adoro minhas filhas, obviamente, mas gosto muito dele. Nós temos uma química já que foi construída em Hoje é dia de Maria. É uma história de amor entre pai e filho, então, entre mim e Daniel existe esse amor.
CPC: Mas era uma relação de pai e filho conturbada também.
OP:Sem dúvidas, em decorrência do esporte. Ser lutador não é fácil. É uma profissão difícil, que requer dedicação. Que afeta tudo, não só a disponibilidade do atleta, mas a questão psicológica. Afinal de contas é uma profissão que você leva porrada na cara. E a sua função é dar porrada na cara do outro. Estou falando de uma forma grosseira, claro, tem toda uma técnica, um conjunto de golpes, não deixa de ser um ballet, mas tem pancadaria.
CPC: Você precisou fazer algum treinamento específico de boxe?
OP:Eu tive que entender o que é o esporte. Eu treinei com o Cláudio Coelho um pouco do conjunto de golpes e como ele se aplica, como se realiza para eu poder ser técnico do cara. Agora o Daniel, não, ele teve que lutar mesmo.
CPC: Existem muitos filmes de boxe, é um esporte bastante explorado em histórias reais ou ficção. Qual o diferencial desse?
OP: É, nesse caso tem um componente mais forte que é a relação familiar porque o técnico é o pai, não é uma relação comum. Uma coisa é você ter um treinador de uma academia que fica próximo de você, outra é ser o pai. É muito forte. É diferente. Tanto que quando o pai morre, ele não luta mais. Quem iria treiná-lo depois dessa convivência toda? A força do filme é essa, pai e filho. Filho e pai.
CPC: Você foi eleito melhor ator no último festival de Gramado com o filme.
OP: É. O filme ganhou dois Kikitos, melhor ator coadjuvante e melhor ator. Ricardo Gelli. que faz o Zumbanão, o cunhado de Kid Jofre, com quem ele tem muito embates, porque ele tem potência, competência, mas não tem vocação. E ele conseguiu reunir tudo isso no filho. E a família dependia do boxe, dependia da vitória do Zumbanão para viver. O boxe é essencialmente um esporte de pobre, que vê a possibilidade de ascensão social, ou pelo menos, econômica. Que eles conseguem.
CPC: Você é um ator mais do que consagrado, com uma extensa carreira, tem algum projeto que você ainda não conseguiu fazer que seja um desejo seu?
OP: 60 anos de carreira, 71 de idade e adoro o que eu faço. Mas não tenho projetos, os personagens vão chegando. Não digo quero isso ou aquilo. Não quero. Sabe como o Kid chegou para mim? O Chico Abreia (produtor) que está no projeto muito antes de eu aparecer, tocou a campainha da minha casa com a filha dele e disse: "Vim aqui te convidar para ser Kid Jofre." Eles vem, eu não procuro. Eles vem. Se o ator está preparado técnica e emocionalmente para fazer, as personagens vem. Kid veio, eu não fui a ele, ele veio a mim. E eu disse pro Eder: vou ser seu pai.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Osmar Prado: não tenho projetos, as personagens vão chegando.
2018-09-29T08:30:00-03:00
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