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10 Segundos para Vencer

10 Segundos para Vencer  - filme

Um dos maiores ídolos do esporte brasileiro, Eder Jofre hoje é pouco conhecido pelo público. 10 Segundos para Vencer tem como principal mérito resgatar essa memória. Mas também não tem vergonha de utilizar fórmulas do gênero para contar essa história e alcançar a emoção da plateia.

Vindo de uma família pobre que tinha no tio boxeador única esperança de sustento, Eder Jofre cresceu entre a paixão pelo desenho e vocação para a luta. Ao contrário do tio, que tinha técnica, mas era um bon-vivant, Edinho, tinha um talento nato que foi moldado pelo pai Kid Jofre para se tornar um dos maiores campeões de todos os tempos.

Pode parecer um texto panfletário e o filme não se furta ao enquadramento enaltecedor do lutador. Mas é fato que Jofre foi campeão em duas categorias, lutando 84 vezes sem ter ido uma única vez a nocaute. Suas poucas derrotas foram por pontos. Cabe ao filme, então, reconstruir essa trajetória. No entanto, “10 Segundos para Vencer” não se estrutura nessa cinebiografia de trajetória do atleta. O foco acaba sendo a família, a relação pessoal do atleta.

10 Segundos para Vencer  - filmeO filme passa a construir suas tomadas de posições sempre pautadas na família. Ele pede para ser treinado pelo pai ao ver o tio falhar mais uma vez, resolve começar a lutar após um problema de saúde na família e diversas outras decisões de sua carreira vão sendo pautadas por questões familiares. É como se o filme quisesse a todo custo construir o drama do homem Eder Jofre. Algo que não precisava ser tão explícito, pois acaba criando algumas armadilhas.

Outro problema é a tentativa de legitimar o atleta através de imagens em preto e branco que simulam reportagens da época. A narração durante a luta traz um efeito gostoso de adrenalina crescente que nos faz torcer, mesmo já sabendo o resultado. Mas quando vem as reportagens, o filme acaba perdendo força, assemelhando-se a um documentário genérico que quebra o pacto e nos tira da imersão necessária para a emoção.

10 Segundos para Vencer  - filmeDe qualquer maneira, o filme traz cenas bem construídas e muitos momentos de impacto, principalmente por causa da força do elenco. Osmar Prado se entrega a Kid Jofre com uma vivacidade impressionante. Extremamente sensível nos momentos de maior tensão, conseguindo transmitir muito com o olhar. Daniel Oliveira também encara bem o desafio de fazer o pugilista, trazendo verdade em cena. E Ricardo Gelli também está muito bem como o tio Zumbanão. Destaque ainda para Sandra Corveloni, que faz a mãe de Jofre.

As cenas de luta são outro destaque. Ainda que a câmera nervosa crie algumas confusões de imagens e muitas vezes mascare o ritmo da luta, há ali uma tentativa bem-sucedida de nos colocar junto no ringue. Alguns planos são impressionantes e há uma sensação de lutar junto com o pugilista. Os golpes parecem reais e há uma construção de clima entre plateia, lutadores e jurados que impacta.

A reconstituição de época também impressiona. Figurino, cenários, objetos, tudo parece bem ambientado nos levando para esse início dos anos 60 no Brasil, uma época ainda sonhadora de um país que acreditava no progresso de JK, nos sonhos dos anos dourados, e tinha no esporte mais um ponto de orgulho, seja pela seleção de futebol bi-campeã mundial, por Maria Ester Bueno, uma das grandes tenistas da história, e, claro, Eder Jofre.

No final das contas, ainda que oscile em alguns momentos, 10 Segundos para Vencer consegue atingir um seu objetivo. É um filme que empolga, emociona, diverte e faz jus ao grande campeão que foi esse pugilista brasileiro.


10 Segundos para Vencer (10 segundos para vencer, 2018 / Brasil)
Direção: José Alvarenga Jr.
Roteiro: Thomas Stavros
Com: Daniel de Oliveira, Osmar Prado, Sandra Corveloni, Ricardo Gelli, Keli Freitas
Duração: 114 min.

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