
Não se pode dizer que Venom seja um filme ruim, pelo simples fato de que ele é competente em sua construção de ação. Há cenas de luta, de perseguição e de tensão bem feitas. Efeitos especiais bem finalizados e uma boa dose de adrenalina que nos faz acompanhar com atenção a projeção. O problema é que nada no roteiro parece crível.
É difícil realizar Venom sem o Homem-aranha. Há uma ligação forte do surgimento do alienígena com o herói. A própria história do jornalista Eddie Brock se mistura com a de Peter Parker. Sem isso, tudo parece vazio demais em sua concepção. Não há um aprofundamento coerente das personagens e mesmo o vilão da obra é frágil em sua motivação. Isso sem falar nas reviravoltas pouco críveis.
A própria ideia do Eddie e Venom como anti-heróis não é bem desenvolvida a ponto de comprarmos toda a curva dramática desenvolvida, em especial sua resolução. Parece sempre faltar elementos a serem desenvolvidos. Assim como a relação do protagonista com Anne Weying, personagem de Michelle Williams.Tom Hardy, no entanto, se esforça para passar verdade com sua personagem. Há um brilho especial na composição do ator para a voz do Venom que começa a conversar com Eddie Brock em sua mente. Os diálogos nos passam a ideia de duas pessoas distintas conversando e, só por isso, já é um trabalho de interpretação louvável.
Ainda assim, o filme não parece nos empolgar em nenhum momento. Os acontecimentos do roteiro vão nos tirando o tempo todo da imersão para questionar algumas escolhas ou situações. Por mais que as lutas e perseguições nos entretenham. Mesmo o humor típico da Marvel nos cinemas não é aqui tão bem construído, mesmo que seja um produto da Sony, já está sob a chancela da Marvel, porém, sem ampliar o universo, nem mesmo ter relação com o aranha, como já foi dito. A própria construção ambígua de Venom entre vilão e herói acaba sendo pouco desenvolvida. O conflito de Eddie Brock não nos convence e algumas atitudes de Venom parecem bastante incongruentes. A sensação é de que tentaram fazer aqui a disputa psicológica que Peter Parker teve quando o simbionte tomou o seu corpo.
Na verdade, a sensação que fica de Venom é que seja uma obra medíocre, não há grandes qualidades a serem exaltadas, mas também não há erros tão grosseiros que nos façam categorizar com um dos piores filmes do ano. Fica ali, no meio do caminho, sem dizer a que veio e deixando um gosto amargo de frustração ao final da sessão. Uma pena, já que é uma das personagens mais instigantes do universo Marvel.
Venom (Venom, 2018 / EUA)
Direção: Ruben Fleischer
Roteiro: Jeff Pinkner, Scott Rosenberg e Kelly Marcel
Com: Tom Hardy, Michelle Williams, Riz Ahmed
Duração: 112 min.

