
Baseado no livro de Meg Wolitzer, A Esposa é um filme de personagem, feito para Glenn Close brilhar. E ela cumpre seu papel com maestria, conseguindo dosar todas as nuanças dessa mulher que abdicou da própria vida para que seu marido brilhasse. Quando ele é indicado ao prêmio Nobel de Literatura, no entanto, essas escolhas começam a pesar.

Os clichês não chegam a ser um problema diante de uma situação também repetitiva em uma sociedade patriarcal e machista onde é comum que as mulheres larguem suas carreiras para cuidar da família, enquanto o homem não pode ser menos do que o grande provedor e estrela maior do núcleo.

Completando o conflito familiar, o filme traz ainda o filho do casal, aspirante a escritor, que viaja com eles e se incomoda com o desprezo com que o pai o trata, tornando a viagem ainda mais complicada para todos. Aquilo que deveria ser a realização de um sonho, torna-se um verdadeiro pesadelo.
A direção do sueco Björn Runge é correta. Seu maior feito é deixar Glenn Close brilhar, pegando seus ângulos e dando espaço para que ela trabalhe cada emoção desde o momento em que ela pega a extensão do telefone em casa para ouvir a notícia da nomeação até a cena final, com destaque para um momento chave no jantar.
A Esposa é um filme que se sustenta por sua atriz e protagonista, mas seu trabalho é tão forte e com tanta alma, que vale muito a pena.
A Esposa (The Wife, 2019 / EUA)
Direção: Björn Runge
Roteiro: Jane Anderson
Com: Glenn Close, Jonathan Pryce, Max Irons, Christian Slater
Duração: 99 min.