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Escritores da liberdade

Escritores da LiberdadeHá filmes e filmes. Não se assustem com a filosofia barata, mas é que após assistir na aula ontem o primeiro longa dirigido por Richard LaGravenese tive que pensar em como abordá-lo aqui. Se já o conhecesse dia 15 de outubro, teria indicado como exemplo de docência, porque mais do que um filme, é uma lição de vida, digna dos textos de Paulo Freire. Não que como obra cinematográfica seja ruim. É bem produzido, com enquadramentos clássicos e uma edição eficiente, cumprindo seu papel. Como diria um antigo chefe meu: "o filme é honesto". Hilary Swank dispensa comentários, com pouca experiência, tal qual a personagem, essa moça já conseguiu conquistar seu lugar no hall de estrelas com interpretações maravilhosas. Os garotos também cumprem bem o seu papel, protagonizando cenas emocionantes, mas Patrick Dempsey é quase um figurante de luxo fazendo a mesma expressão de maior abandonado da série Grey's Anatomy.

Bom, dada a impressão fílmica, preciso me ater ao tema. A história, a princípio, parece mais uma da leva "professora com turma problemática que, com um método diferente, consegue colocá-los na linha". Não é. Escritores da Liberdade é baseado em uma história real e traz uma reflexão profunda sobre a arte de ensinar e de como não perder a esperança.

Escritores da LiberdadeErin Gruwell está em seu primeiro ano como professora de uma escola corrompida pela violência e tensão racial. A maioria dos dirigentes e professores locais, não acreditam que algo de bom possa sair de sua turma e que a tendência natural é que eles larguem o colégio aos poucos. Gruwell é a única a acreditar na inserção social e na capacidade de cada ser humano ali presente e, aos poucos, vai conquistando-os. Em meio ao processo, ela tem a idéia de fazê-los escrever um diário, contando suas vidas e percebe que as dificuldades são muito mais profundas do que a aparência.

Todo ser humano é um crente por natureza. Faz parte da nossa essência ter esperança. Sem ela, como levantar todos os dias para enfrentar os problemas diários? Sem sonhos, como seguir em frente? O problema apresentado no filme é cruel e bastante palpável, vide a maioria das escolas públicas do nosso país. Como ensinar a um ser humano desacreditado, que não tem nem mesmo as necessidades básicas satisfeitas? Crer e lapidar o valor que existe dentro dele tem que ser o início.

O filme expõe o problema de uma maneira muito verdadeira e faz pensar. Mostra que a vítima da sociedade não deve simplesmente se acomodar e que sempre existe uma solução, basta que alguém acredite nela. O problema racial também é bem conduzido, ao comparar a situação dos negros americanos com os judeus na Segunda Guerra. A identificação é sutil e interessante. Principalmente, se levarmos em conta a história da humanidade. Todas as raças já foram escravas em algum momento. Os próprios negros egípcios eram faraós com judeus como escravos. Os romanos escravizavam outros povos, sem distinção de raça. A senhora G, como a professora é chamada pelos alunos, mostra que todo ser humano é igual e já sofreu em algum momento da vida. Para mudar essa situação, é preciso acreditar em si mesmo. Por mais utópico que pareça, todo ser humano merece alguém que acredite nele. Um filme fundamental para quem quer pensar o ser humano. Como diria Cristovam Buarque, um país se faz com educação.

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