Nem princesa, nem sapo
Desde que a Pixar lançou no mercado Toy Story, os estúdios Disney entraram em crise. Acreditando erroneamente que a tecnologia era mais importante que a narrativa, seus poucos filmes não tinham alma, quase fechando o maior símbolo infantil de todos os tempos. Após algumas parcerias com sua antiga algoz, chega aos cinemas mais um conto de fadas digno dos bons tempos: A princesa e o sapo.
Reunindo duas fábulas de forma criativa: "o príncipe sapo" e "a cigarra e a formiga", o longa conta uma história envolvente e divertida, cheia de magia e final feliz (ops, não é spoiler, afinal, já disse que é um conto de fadas). Uma polêmica antes do seu lançamento quis tornar este uma questão racial, já que pela primeira vez traz uma protagonista negra. Após ver o filme, acredito que as reivindicações são ainda mais infundadas. Primeiro porque Tiana não é uma princesa que vira sapo. É quase um sapo que vira princesa, mas não vou entrar muito nos detalhes para não entregar o filme.
O que vemos na tela é uma modernização e atualização dos contos de fadas, independente da cor de sua protagonista. As narrativas clássicas seguiam padrões típicos de personagens, com mocinhas ingênuas que precisavam ser salvas pelo príncipe forte e galante. O mundo mudou, a mulher evoluiu, conseguiu impor seu papel na sociedade e dicilmente uma garota iria se identificar com uma Branca de Neve. Sendo assim, Tiana é uma jovem corajosa e trabalhadora que quer vencer na vida pelo seu próprio esforço. Ela só precisa aprender, como muitas feministas por aí, que a vida não é só responsabilidades, mas também um pouco de diversão. É aí que entra a moral do conto da cigarra e da formiga. É preciso trabalhar muito para se preparar para o futuro e atingir seus sonhos, mas um pouco de música faz bem, não?
Já o príncipe Naveen não é um primor em altivez. Boêmio, só pensa em curtir a vida, e também precisa aprender a ter responsabilidades. Essa quebra de padrão não-maniqueísta também é típica das narrativas modernas. Todos temos qualidades e defeitos, isso faz de um personagem mais complexo, realista e interessante.
Agora, independente da época, quem não sonha com um encanto que resolva todos os nossos problemas? Nisso, o filme brinca com a inversão do conto do príncipe sapo, já que, ao beijá-lo, Tiana vira um sapo (ou seria rã?) gerando situações engraçadas com seus dois novos amigos, um vagalume apaixonado por uma estrela e um jacaré que sonha em tocar numa banda de jazz. Aliás, o jazz e a ambientação em Nova Orleans, seu berço, embalam a trilha sonora e dão uma dinâmica especial a todo o filme.
O filme é divertido e digno dos antigos clássicos, nos fazendo sonhar com o pé no chão. Afinal, apesar de toda a magia do sonho, ninguém tem um botão mágico para resolver nossos problemas. Pegando carona no tema, a nova moda é jogar um sapo nos casamentos em lugar do tradicional buquê. Coitados dos bichinhos...
Reunindo duas fábulas de forma criativa: "o príncipe sapo" e "a cigarra e a formiga", o longa conta uma história envolvente e divertida, cheia de magia e final feliz (ops, não é spoiler, afinal, já disse que é um conto de fadas). Uma polêmica antes do seu lançamento quis tornar este uma questão racial, já que pela primeira vez traz uma protagonista negra. Após ver o filme, acredito que as reivindicações são ainda mais infundadas. Primeiro porque Tiana não é uma princesa que vira sapo. É quase um sapo que vira princesa, mas não vou entrar muito nos detalhes para não entregar o filme.
O que vemos na tela é uma modernização e atualização dos contos de fadas, independente da cor de sua protagonista. As narrativas clássicas seguiam padrões típicos de personagens, com mocinhas ingênuas que precisavam ser salvas pelo príncipe forte e galante. O mundo mudou, a mulher evoluiu, conseguiu impor seu papel na sociedade e dicilmente uma garota iria se identificar com uma Branca de Neve. Sendo assim, Tiana é uma jovem corajosa e trabalhadora que quer vencer na vida pelo seu próprio esforço. Ela só precisa aprender, como muitas feministas por aí, que a vida não é só responsabilidades, mas também um pouco de diversão. É aí que entra a moral do conto da cigarra e da formiga. É preciso trabalhar muito para se preparar para o futuro e atingir seus sonhos, mas um pouco de música faz bem, não?
Já o príncipe Naveen não é um primor em altivez. Boêmio, só pensa em curtir a vida, e também precisa aprender a ter responsabilidades. Essa quebra de padrão não-maniqueísta também é típica das narrativas modernas. Todos temos qualidades e defeitos, isso faz de um personagem mais complexo, realista e interessante.
Agora, independente da época, quem não sonha com um encanto que resolva todos os nossos problemas? Nisso, o filme brinca com a inversão do conto do príncipe sapo, já que, ao beijá-lo, Tiana vira um sapo (ou seria rã?) gerando situações engraçadas com seus dois novos amigos, um vagalume apaixonado por uma estrela e um jacaré que sonha em tocar numa banda de jazz. Aliás, o jazz e a ambientação em Nova Orleans, seu berço, embalam a trilha sonora e dão uma dinâmica especial a todo o filme.
O filme é divertido e digno dos antigos clássicos, nos fazendo sonhar com o pé no chão. Afinal, apesar de toda a magia do sonho, ninguém tem um botão mágico para resolver nossos problemas. Pegando carona no tema, a nova moda é jogar um sapo nos casamentos em lugar do tradicional buquê. Coitados dos bichinhos...
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Nem princesa, nem sapo
2009-12-08T08:20:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|aventura|comedia|critica|infantil|musical|Oscar 2010|romance|
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