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Ilha do medo

Leonardo DiCaprio em Ilha do MedoCinema é ilusão. Com esta afirmação mais do que óbvia, inicio meu post sobre um dos filmes que mais me impressionou nos últimos tempos. Ouvi alguns dizerem ser chato, outros confuso, outros ainda que foi óbvio ou repetição de uma tendência. Mas, o jogo fílmico, a construção da ilusão do medo, a economia narrativa que Martin Scorsese imprimiu em Ilha do Medo não nos faz perceber as três horas passando e mostra o porquê do cinema ser tão fascinante.

Scorsese é o tipo do diretor que não precisa provar mais nada a ninguém. Desde Taxi Driver, e nisso já se vão mais de trinta anos, entrou para história do cinema como um dos grandes diretores de todos os tempos. Fez coisas chatas como New York, New York ou a A Cor do Dinheiro, trouxe clássicos provocantes como A Última Tentação de Cristo ou melodramas esplêndidos como A Época da Inocência. A questão que sempre explorou foi a dualidade humana. O que é certo, o que é errado? O que é falso ou o que é verdadeiro? Realidade e ficção se misturam muito bem nesse jogo de contar histórias que o diretor constrói com paixão.

Ilha do MedoLeonardo DiCaprio, cada vez mais à vontade nas mãos de seu mestre, constrói um personagem complexo e envolvente. O espectador cola sua atenção naquele ser que acredita piamente nos recursos escusos daquele local que esconde um prisioneiro misterioso. Baseada no livro Paciente 67 de Dennis Lehane, a história gira em torno de Teddy Daniels, um policial federal convocado para descobrir o paradeiro de uma prisioneira de uma ilha que funciona como um manicômio prisional. Junto com ele está seu novo parceiro Chuck Aule, vivido por Mark Ruffalo.

Logo no início, ficamos sabendo que naquele local, estão os prisioneiros psiquiátricos mais perigosos, divididos em três Alas e que a ALA C é proibida para todos os visitantes. Investigando o caso, Teddy descobre que Rachel Solando, a prisioneira sumida, está ali porque matou seus três filhos afogados e que, na noite anterior, foi trancada em seu quarto, sumindo misteriosamente. Em seu quarto, há um bilhete estranho com a pergunta: quem é o 67? Importante perceber que todas as pontas soltas e detalhes da história vão fazer sentido no final.

Terror e suspense se misturam como provavelmente Hitchcock nunca imaginou. Scorsese não se contenta em nos envolver e deixar tensos com o mistério e perigo eminente. Em muitos momentos, os recursos são de terror mesmo, com sustos e surpresas de grande impacto. A trilha sonora estrondosa nos deixa quase em pé na cadeira, lembrando muito o clássico O Iluminado. A atmosfera sombria, a tempestade, os raios, a escuridão das celas da Ala C iluminadas apenas pelo fósforo de DiCaprio. Isso é que constrói a verdadeira fruição de A Ilha do Medo. Não é a história, nem a virada, muito menos o desfecho, que alguns podem acusar de repetitivo. O grande mérito é o jogo de emoções que ele faz, nos proporcionando uma viagem fantástica à mente humana, conduzida com maestria por um diretor que prova ainda ter muito a mostrar. Afinal, a loucura contagia? A loucura pelo cinema, pelo menos, parece que é contagiante.

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