O Filho da Noiva
É chover no molhado dizer que um filme de Juan Jose Campanella tem um roteiro bem construído, uma sensível direção direta e atuações memoráveis, ainda mais se o protagonista da trama é Ricardo Darín. O Filho da Noiva fala de dramas familiares com um olhar masculino que não o deixa cair no exagero. Tudo é construído de forma simples e direta, mas nos emociona em vários momentos. Mais uma pérola do cinema argentino que concorreu ao Oscar de 2002 e venceu o Festival de Gramado do mesmo ano.
Rafael Belvedere é um quarentão divorciado, completamente envolvido pelo trabalho, um restaurante familiar que administra por herança. Seu pai está aposentado e sua mãe sofre do Mal de Alzheimer. Sua filha pequena mora com a mãe e o padrasto, que parece ter mais intimidade com a menina que o próprio pai. E tem uma bela noiva, que quase não tem sua atenção. Para completar, seu pai lhe pede um favor que ele considera estaparfúdio: quer casar na igreja com sua mãe. Um sonho que ela sempre teve, mas nunca realizou. Em meio à toda pressão, Rafael sofre um infarto e resolve repensar a vida. Clichê, ok, mas nada é totalmente clichê nas mãos de Campanella.
Um detalhe que vale destaque, a mãe do diretor realmente tem a doença o que torna o filme ainda mais tocante. Norma Aleandro consegue traduzir muito bem o drama desse estado delicado da mente, sem exageros, desconstruindo aos poucos seu raciocínio, repetindo perguntas e não reconhecendo seus parentes mais próximos. O amor do casal maduro é comovente, assim como o sonho de casar. É essa compreensão que torna Rafael mais humano, capaz de lutar pela realização do impossível. Afinal, qual padre daria a benção a uma mulher que não pode se responsabilizar por seus atos?
É da sensibilidade na natureza humana e nossa capacidade de viver o dia a dia que se faz o filme. Como todos os filmes de Campanella traz o problema da crise econômica e a situação atual da Argentina. É difícil pensar na desconstrução dessa situação tão presente na vida de um país. A forma como o restaurante sobrevive, as propostas de venda, a agonia de Rafael, a situação dos empregados. Seu amigo ator que surge do passado para criar situações inusitadas. A arte de Campanella está na preocupação humana de tornar seu filme próximo do real.
O mais interessante em O Filho da Noiva é que além de todas as características apontadas, ele consegue ser leve, fluido como uma boa comédia romântica. Nenhum dos dramas é levado tanto a sério, há piadas, situações engraçadas, diversão e romance. Como deve ser a vida. Nada é definitivo, nada é possui um rótulo. As situações são construídas e desfeitas com a rapidez do pensamento. E o final segue a mesma linha, sem soluções mirabolantes que vemos apenas em filmes. Tudo na mais perfeita desordem. Uma beleza de se ver.
Rafael Belvedere é um quarentão divorciado, completamente envolvido pelo trabalho, um restaurante familiar que administra por herança. Seu pai está aposentado e sua mãe sofre do Mal de Alzheimer. Sua filha pequena mora com a mãe e o padrasto, que parece ter mais intimidade com a menina que o próprio pai. E tem uma bela noiva, que quase não tem sua atenção. Para completar, seu pai lhe pede um favor que ele considera estaparfúdio: quer casar na igreja com sua mãe. Um sonho que ela sempre teve, mas nunca realizou. Em meio à toda pressão, Rafael sofre um infarto e resolve repensar a vida. Clichê, ok, mas nada é totalmente clichê nas mãos de Campanella.
Um detalhe que vale destaque, a mãe do diretor realmente tem a doença o que torna o filme ainda mais tocante. Norma Aleandro consegue traduzir muito bem o drama desse estado delicado da mente, sem exageros, desconstruindo aos poucos seu raciocínio, repetindo perguntas e não reconhecendo seus parentes mais próximos. O amor do casal maduro é comovente, assim como o sonho de casar. É essa compreensão que torna Rafael mais humano, capaz de lutar pela realização do impossível. Afinal, qual padre daria a benção a uma mulher que não pode se responsabilizar por seus atos?
É da sensibilidade na natureza humana e nossa capacidade de viver o dia a dia que se faz o filme. Como todos os filmes de Campanella traz o problema da crise econômica e a situação atual da Argentina. É difícil pensar na desconstrução dessa situação tão presente na vida de um país. A forma como o restaurante sobrevive, as propostas de venda, a agonia de Rafael, a situação dos empregados. Seu amigo ator que surge do passado para criar situações inusitadas. A arte de Campanella está na preocupação humana de tornar seu filme próximo do real.
O mais interessante em O Filho da Noiva é que além de todas as características apontadas, ele consegue ser leve, fluido como uma boa comédia romântica. Nenhum dos dramas é levado tanto a sério, há piadas, situações engraçadas, diversão e romance. Como deve ser a vida. Nada é definitivo, nada é possui um rótulo. As situações são construídas e desfeitas com a rapidez do pensamento. E o final segue a mesma linha, sem soluções mirabolantes que vemos apenas em filmes. Tudo na mais perfeita desordem. Uma beleza de se ver.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Filho da Noiva
2010-11-20T09:44:00-03:00
Amanda Aouad
cinema latino|critica|drama|Juan Jose Campanella|Ricardo Darín|
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