
Se a AIDS ainda assusta, ser diagnosticado como HIV positivo na década de oitenta era uma sentença de morte. Pior ainda para um homem heterossexual, já que a desinformação e preconceito a considerava doença de homossexuais. Ron Woodroof sofreu de seu próprio preconceito, já que ele também a considerava assim, fazendo comentários maldosos, alguns sobre o ator Rock Hudson.

Mostra também toda a trajetória da droga AZT que é vendida como solução, mas logo se revela carrasco. Além da luta de interesses entre farmacêuticos e médicos, deixando o paciente em segundo plano. E é exatamente aí que entra a luta de Ron Woodroof, no combate à doença, aos sintomas, aumentando a expectativa de vida. Com os coquetéis aprendidos no México, ele monta o seu Clube de Compras Dallas e dá esperança a quem não tinha mais nada. Inclusive ele, que vai vencendo aos poucos os trinta dias iniciais que teria de vida.


É bonito ver sua evolução, o seu aprendizado, a sua luta diante do drama que se apresenta. Representa um pouco a luta de todos aqueles que adquiriram a doença e desejam viver. "Eu não quero morrer" é uma frase bastante comum em Clube de Compras Dallas e define o desejo intrínseco de todo ser humano.
Clube de Compras Dallas é um belo filme. Retrata uma época, uma doença que assustou o mundo e uma luta digna. Mas, mais do que isso, nos mostra um ator completamente entregue a seu personagem, nos envolvendo e emocionando com o seu drama. Não por acaso está levando tantos prêmios por onde passa.
Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club, 2013 / EUA)
Direção: Jean-Marc Vallée
Roteiro: Craig Borten, Melisa Wallack
Com: Matthew McConaughey, Jennifer Garner, Jared Leto
Duração: 117 min.