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Divergente

Divergente A literatura infanto-juvenil continua construindo seu mercado e chegando aos cinemas. Agora é a vez de Divergente, primeiro livro da trilogia criada por Veronica Roth, que também terá o seu terceiro volume dividido em dois filmes para manter a recente tradição iniciada com Harry Potter.

Em um mundo pós-guerra, a civilização restante foi dividida em facções que, em tese, se assemelham as castas indianas, com direito aos sem-facções (os dalits). Porém, a forma como a escolha é feita, assemelha-se mais às casas de Hogwarts, só que em vez de um chapéu seletor, temos um teste meio inútil e a vontade do selecionado.

Nesse mundo, um ser que tenha a capacidade de raciocinar e transitar pelas facções é chamado de divergente. E é uma espécie a ser caçada e destruída, pois perturba a ordem estabelecida. Talvez, no livro, tudo isso fique mais plausível e claro. Porém, pelo que foi apresentado no filme, não faz o menor sentido. Não faz sentido que apenas alguns cérebros tenham habilidades diversas como Coragem, Inteligência, Abnegação, Amizade ou Franqueza. E faz ainda menos sentido que o cérebro mais evoluído sai perdendo.

Divergente De qualquer maneira, o plot desse primeiro capítulo é nos apresentar a personagem Tris. Claro, uma divergente, nascida na facção da Abnegação, mas que tem um fascínio pela facção Audácia. Quando chega a sua vez de fazer o teste e escolher o seu destino, claro, ela escolhe aquela que sempre a encantou, deixando sua família de lado. O que não sabe é que isso irá contribuir para o plano de Jeanine, a coordenadora da facção Erudição, que quer destituir a facção Abnegação do poder.

Nisto temos outra coisa que parece incongruente. Como os abnegados é que governam o sistema? Parece mesmo mais lógico que a Inteligência assuma o comando, até pela natureza de cada um deles. Essas duas facções assim como a Audácia que cuida da segurança e a Amizade que cuida da agricultura, possuem funções bem definidas. Não fica muito claro, é o que fazem os da Franqueza, que tem como principal característica falar a verdade.

Divergente De qualquer maneira, isso não parece fazer muita diferença em uma trama onde Erudição e Abnegação lutam pelo poder tendo a Audácia no meio, como massa de manobra, quem os comandar ganha a briga, pelo visto. E sorte da Abnegação que entre os audaciosos tenha uma divergente que veio exatamente da Abnegação por nascença. E eles, tão inteligentes, não perceberam algo de estranho, principalmente porque o resultado do seu teste deu Abnegação.

Só isso já faz o tal teste ser praticamente inútil. Porque se eu sou da facção da Abnegação, meu teste dá abnegação e ainda assim, eu posso escolher ser da Audácia, qual o sentido de tudo isso? E fica ainda mais estranho essa escolha quando a facção em questão é apresentada de uma maneira estereotipada como uma gangue de arruaceiros que fazem le parkour e gritam sempre que chegam. "Nossa, como é divertido", pensa ela.

Divergente Divergente peca nesses dois quesitos. É um filme extremamente didático. Tudo parece ser exposto em detalhes, repetido e indicado. E tudo é extremamente estereotipado. A atmosfera da história soa fake. Nada parece fazer muito sentido, nada parece plausível. Mesmo a verossimilhança não consegue nos convencer, é como se o pacto não se construísse com o espectador, nos deixando sempre em suspensão, questionando tudo, o que é péssimo para a narrativa, pois não nos deixamos envolver.

Ainda que tenha boas imagens e algumas cenas envolventes, como os testes de medo ou a disputa das equipes, o filme parece um emaranhado de coisas mal explicadas e estranhas. Não é um filme mal feito tecnicamente, os atores não estão ruins, apesar de também ninguém se destacar, nem há problemas na direção de arte ou efeitos. Mas, a história e os personagens não convencem. Falta algo para, de fato, entrarmos naquele universo.


Divergente (Divergent, 2014 / EUA)
Direção: Neil Burger
Roteiro: Evan Daugherty e Vanessa Taylor
Com: Shailene Woodley, Theo James, Kate Winslet
Duração: 139 min.

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