Jogada de Rei
"Sempre pense antes de agir", esta é a frase que Eugene Brown diz aos seus alunos ao ensinar-lhes xadrez. Uma lição que vai além do tabuleiro, buscando resgatar jovens problemáticos do caminho do crime.
Segundo filme do diretor Jake Goldberger, Jogada de Rei é baseado na história real desse homem que na prisão percebeu que a vida não pode ser construída por atitudes impensadas. Um impulso e tudo se perde. Ao passar os dias jogando xadrez com outros presos, percebe que a atividade pode ajudar o cérebro a se educar e levar os aprendizados do tabuleiro para a vida. E é isso que começa a aplicar ao sair da cadeia, com alunos rebeldes de uma escola pública.
Apesar de baseada na história real de Eugene Brown, o filme de Jake Goldberger parece beber na fonte da maioria dos filmes do gênero. Uma turma de adolescentes rebeldes, um professor diferente. Entre os alunos, tem aquele que é mais problemático, porém tem o dom para a coisa. E sua família também é problemática, dificultando a incursão do aluno no projeto do professor. Lembra muito a estrutura de Mudança de Hábito 2, por exemplo.
De qualquer maneira, é interessante a forma como o roteiro vai nos mostrando essa trajetória, lidando com os clichês, porém passando a mensagem positiva da possibilidade de escolhas, por mais difícil que pareça a situação. E Cuba Gooding Jr. consegue passar verdade a seu personagem. Apesar dos clichês, dos filhos distantes, das dificuldades da vida, nos sentimos próximos de Eugene e acreditamos em sua proposta.
Há bons momentos no filme, como a construção em paralelo do jogo de xadrez na escola com cenas do esquema que leva ao desfecho de Amendoim, um dos alunos da turma. Esse tipo de escolha cinematográfica, ajuda a criar a tensão e, ao mesmo tempo, a passar de uma maneira didática, porém, criativa, a defesa da tese que o filme apresenta. O espelho do jogo na vida real é muito claro, mas fica interessante ao ser reforçado dessa maneira.
Da mesma maneira que a questão da autoridade é passada de uma maneira simples, logo no início do filme. A sala não respeita a professora, que tenta em vão manter a ordem. Basta a diretora do colégio entrar, todos ficam em silêncio. Já quando ficam sozinhos com Eugene, ameaçam voltar a fazer a baderna que faziam com a outra professora, mas ele os enfrenta, primeiro pela ameaça agressiva, que com o tempo, se transforma em respeito.
Por essas e outras, Jogada de Rei acaba sendo um filme instigante, que nos mostra uma história que merece ser contada, ainda que movida por vícios do gênero. Clichê e emotivo, mas bonito e envolvente. Tem seus méritos.
Jogada de Rei (Life of a King, 2013 / EUA)
Direção: Jake Goldberger
Roteiro: Jake Goldberger, David Scott, Dan Wetzel
Com: Cuba Gooding Jr., Dennis Haysbert, Lisa Gay Hamilton
Duração: 100 min.
Segundo filme do diretor Jake Goldberger, Jogada de Rei é baseado na história real desse homem que na prisão percebeu que a vida não pode ser construída por atitudes impensadas. Um impulso e tudo se perde. Ao passar os dias jogando xadrez com outros presos, percebe que a atividade pode ajudar o cérebro a se educar e levar os aprendizados do tabuleiro para a vida. E é isso que começa a aplicar ao sair da cadeia, com alunos rebeldes de uma escola pública.
Apesar de baseada na história real de Eugene Brown, o filme de Jake Goldberger parece beber na fonte da maioria dos filmes do gênero. Uma turma de adolescentes rebeldes, um professor diferente. Entre os alunos, tem aquele que é mais problemático, porém tem o dom para a coisa. E sua família também é problemática, dificultando a incursão do aluno no projeto do professor. Lembra muito a estrutura de Mudança de Hábito 2, por exemplo.
De qualquer maneira, é interessante a forma como o roteiro vai nos mostrando essa trajetória, lidando com os clichês, porém passando a mensagem positiva da possibilidade de escolhas, por mais difícil que pareça a situação. E Cuba Gooding Jr. consegue passar verdade a seu personagem. Apesar dos clichês, dos filhos distantes, das dificuldades da vida, nos sentimos próximos de Eugene e acreditamos em sua proposta.
Há bons momentos no filme, como a construção em paralelo do jogo de xadrez na escola com cenas do esquema que leva ao desfecho de Amendoim, um dos alunos da turma. Esse tipo de escolha cinematográfica, ajuda a criar a tensão e, ao mesmo tempo, a passar de uma maneira didática, porém, criativa, a defesa da tese que o filme apresenta. O espelho do jogo na vida real é muito claro, mas fica interessante ao ser reforçado dessa maneira.
Da mesma maneira que a questão da autoridade é passada de uma maneira simples, logo no início do filme. A sala não respeita a professora, que tenta em vão manter a ordem. Basta a diretora do colégio entrar, todos ficam em silêncio. Já quando ficam sozinhos com Eugene, ameaçam voltar a fazer a baderna que faziam com a outra professora, mas ele os enfrenta, primeiro pela ameaça agressiva, que com o tempo, se transforma em respeito.
Por essas e outras, Jogada de Rei acaba sendo um filme instigante, que nos mostra uma história que merece ser contada, ainda que movida por vícios do gênero. Clichê e emotivo, mas bonito e envolvente. Tem seus méritos.
Jogada de Rei (Life of a King, 2013 / EUA)
Direção: Jake Goldberger
Roteiro: Jake Goldberger, David Scott, Dan Wetzel
Com: Cuba Gooding Jr., Dennis Haysbert, Lisa Gay Hamilton
Duração: 100 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Jogada de Rei
2014-05-05T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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