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Agnus Dei

Agnus Dei - filme

O ano é de 1945, final de guerra. Uma jovem médica da Cruz Vermelha, Mathilde Beaulieu, é chamada a um convento na Polônia, pois freiras estão morrendo no parto. Essa seria a sinopse de Agnus Dei, que trata de maneira delicada temas como estupro e fé.

Na verdade, sete freiras estão grávida no convento, fruto de um estupro coletivo realizado por soldados russos que invadiram o local durante a guerra. Buscando preservar o segredo e, assim, a imagem de pureza de suas comandadas, a madre superiora proíbe qualquer intervenção externa. Mas, uma das noviças acaba desobedecendo a ordem e chama a médica no local. A partir daí uma relação de confiança e amizade vai sendo construída aos poucos.

Agnus Dei - filmeEsse é o ponto principal do filme: fé versus razão. Até que ponto aquelas freiras precisariam seguir à risca seus votos? Até mesmo um exame médico pode ser considerado pecado. Tirar a roupa para a médica fazer um curativo na cicatriz de uma recém cesária, então. Impossível. Deus as fez passar por aquilo, Ele providenciará os caminhos, pelo menos é assim que repete a madre enquanto toma atitudes ainda mais radicais.

Já Mathilde Beaulieu, a médica, é a voz da ciência. Comunista e sem crer em Deus, ela se compadece daquela situação e tenta a todo custo ajudar aquelas mulheres e seus bebês. Arriscando, inclusive seu emprego na Cruz Vermelha, já que foge de seu posto algumas vezes para visitar o convento. Até mesmo correndo risco de morte, já que se depara com soldados na estrada.

Agnus Dei - filmeEntre soldados sendo curados, bebês nascendo e freiras sendo acolhidas, o filme vai sendo conduzido em ritmo lento. Mas, não necessariamente cansativo. É que, no compasso do convento, a diretora Anne Fontaine vai dando tempo ao tempo. Acompanhando o desenrolar das situações sem pressa. Há, inclusive, uma cena engraçada onde o trabalho de parto vai sendo conduzido sob pausas para as orações do horário.

Acima de tudo, Agnus Dei fala de humanidade e compaixão. Independente de religião, visão política ou lado da guerra. A maneira como a jovem médica francesa abraça a causa daquelas freiras polonesas é bonita de acompanhar. E nos faz refletir também sobre a atitude dos soldados russos. O que faz homens invadirem um convento e estuprarem freiras e noviças? Qual o prazer em submeter mulheres que escolheram o sacerdócio a isso? As reflexões são, principalmente, porque esta é uma história baseada na realidade.

Agnus Dei é um filme difícil e belo ao mesmo tempo. Nos faz refletir sobre dogmas e comportamentos inumanos durante a guerra. Mas, também nos faz ver que a humanidade ainda é capaz de triunfar diante de tantos absurdos e perversidades que o ser humano é capaz de cometer em nome de poder, de prazer ou mesmo de Deus.

Visto no Festival Varilux de Cinema Francês 2016.


Agnus Dei (Les innocentes, 2016 / França)
Direção: Anne Fontaine
Roteiro: Pascal Bonitzer, Anne Fontaine, Sabrina B. Karine, Philippe Maynial, Alice Vial
Com: Lou de Laâge, Agata Buzek, Agata Kulesza, Vincent Macaigne
Duração: 115 min.

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