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Varilux2016
A Viagem de Meu Pai
A Viagem de Meu Pai
Questões familiares, velhice, morte, doença. Encontros e desencontros da vida são os temas de A Viagem de Meu Pai, essa comédia dramática de Philippe Le Guay, de obras mais doces como Pedalando com Molière e As Mulheres do Sexto Andar.
A trama gira em torno de Claude Lherminier, um senhor de 81 anos que está se tornando senil. Grosseiro e com língua afiada, não aceita a ajuda das cuidadeiras que sua filha Carole contrata. Faz cenas, fingindo que cai e que roubaram seu relógio. E sonha com a visita de sua filha Alice que mora em Miami. Talvez por isso, só aceite tomar, no café da manhã, suco de laranja da Flórida.
Como Claude está tendo lapsos de memória, o roteiro do filme também nos dá saltos que por vezes confundem, mas não deixam de ser interessantes. Nos coloca no ponto de vista do protagonista, tentando entender onde está, em que época e fazendo o quê. Tanto que há flashbacks de sua infância com momentos traumáticos pelo bosque ou emotivos com sua mãe. O filme constrói também uma ação em paralelo com Claude a bordo de um avião, dando bastante trabalho às aeromoças.
O filme, então, vai nos dando momentos com esse senhor engraçado e ao mesmo tempo digno de piedade. E que dá raiva em muitos momentos, principalmente pela forma como trata a filha Carole que tenta a todo custo dar-lhe bons momentos. Ela, inclusive, assume a fábrica de papel que ele comandava e da qual saiu um dia sem maiores explicações.
Temos momentos pitorescos como quando ele quer a todo custo impedir que um ex-amigo e desafeto seja enterrado no mesmo cemitério que ele pretende ser um dia. Ou todas as vezes que ele finge cair ou reclama que seu relógio sumiu. Ou mesmo quando vai comprar uma palmeira porque sua filha vem da Flórida e ele quer que ela se sinta em casa.
Ainda que não aprofunde o tema, nem mesmo busque construir melhor o arco dramático, o filme nos envolve pelas boas atuações e pelas situações construídas de maneira engraçada e emotiva ao mesmo tempo. Claude é daqueles seres irritantes que adoramos nos irritar. Mas, o filme acaba mascarando muitas situações sérias com essa forma cômica de construir seu protagonista.
No final, A Viagem de Meu Pai é um filme instigante. Não parece ter grandes pretensões ou mesmo querer tratar os temas que levanta de maneira muito séria. Apenas apresentar uma história divertida que também nos faz pensar.
Visto no Festival Varilux de Cinema Francês 2016.
A Viagem de Meu Pai (Floride, 2015 / França)
Direção: Philippe Le Guay
Roteiro: Philippe Le Guay
Com: Jean Rochefort, Sandrine Kiberlain, Laurent Lucas
Duração: 110 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Viagem de Meu Pai
2016-06-25T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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