Cães
Após fazer bonito no Festival de Brasília, Cães de Adler Paz e Moacyr Gramacho teve sua noite de festa em Salvador. Exibido no último dia 22, no Espaço Unibanco, o curta foi aplaudido e festejado por toda a classe artística, que prestigiou mais essa boa produção da DocDoma.
O curta-metragem é inspirado na obra de Juan Rulfo, fotógrafo e escritor mexicano que muito bem retratou a vida e dificuldades do campo. Com uma fotografia impecável de Pedrinho Semanovschi, o curta conta uma passagem pelo sertão de um pai que carrega um filho quase desfalecido nas costas. Durante sua caminhada, flashes do passado vão sendo mostrados, construindo a tragédia que os assolou. Sem querer estragar a surpresa, é possível observar a força narrativa que as imagens de Cães consegue obter, utilizando-se de recursos como câmera na mão que traz a dificuldade daquela travessia. Além do recurso da câmera subjetiva, intercalando entre os dois personagens. Quando a subjetiva é do menino carregado, nota-se também a mudança no áudio, que fica mais abafado, distante, quase onírico, o que condiz com o que é explicado depois.
Hilton Cobra e Pisit Mota dão vida a esses dois personagens de maneira harmônica e impressionam nas expressões de sofrimento, lembrando bem a caracterização do povo do sertão. A interpretação de ambos traz uma força extra ao filme, tanto que o prêmio de melhor ator foi mais que merecido para Hilton Cobra.
Totalmente imagético, Cães é uma viagem pelo subjetivo daquela caminhada. A história, vamos montando aos poucos em nossa cabeça e não temos a certeza do que realmente aconteceu. Temos indícios nas citações à madrinha e ao coronel e o sangue que escorre no pai em alguns momentos, mas entender o enredo nesse nível não é o mais importante para apreciação da obra. A montagem, a direção dos atores, a bela fotografia evocam sensações e fazem com que a experiência fílmica seja apreciada por todos. Resta a nossa torcida para que o cinema baiano possa crescer cada vez mais. E que venham os longas (a exemplo de Trampolim do Forte e O Jardim das Folhas Sagradas), que já são aguardados com ansiedade por todos.
O curta-metragem é inspirado na obra de Juan Rulfo, fotógrafo e escritor mexicano que muito bem retratou a vida e dificuldades do campo. Com uma fotografia impecável de Pedrinho Semanovschi, o curta conta uma passagem pelo sertão de um pai que carrega um filho quase desfalecido nas costas. Durante sua caminhada, flashes do passado vão sendo mostrados, construindo a tragédia que os assolou. Sem querer estragar a surpresa, é possível observar a força narrativa que as imagens de Cães consegue obter, utilizando-se de recursos como câmera na mão que traz a dificuldade daquela travessia. Além do recurso da câmera subjetiva, intercalando entre os dois personagens. Quando a subjetiva é do menino carregado, nota-se também a mudança no áudio, que fica mais abafado, distante, quase onírico, o que condiz com o que é explicado depois.
Hilton Cobra e Pisit Mota dão vida a esses dois personagens de maneira harmônica e impressionam nas expressões de sofrimento, lembrando bem a caracterização do povo do sertão. A interpretação de ambos traz uma força extra ao filme, tanto que o prêmio de melhor ator foi mais que merecido para Hilton Cobra.
Totalmente imagético, Cães é uma viagem pelo subjetivo daquela caminhada. A história, vamos montando aos poucos em nossa cabeça e não temos a certeza do que realmente aconteceu. Temos indícios nas citações à madrinha e ao coronel e o sangue que escorre no pai em alguns momentos, mas entender o enredo nesse nível não é o mais importante para apreciação da obra. A montagem, a direção dos atores, a bela fotografia evocam sensações e fazem com que a experiência fílmica seja apreciada por todos. Resta a nossa torcida para que o cinema baiano possa crescer cada vez mais. E que venham os longas (a exemplo de Trampolim do Forte e O Jardim das Folhas Sagradas), que já são aguardados com ansiedade por todos.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Cães
2008-12-27T18:42:00-03:00
Amanda Aouad
cinema brasileiro|critica|curtas|
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