
A pior coisa para um roteiro é parecer que acabou e ainda ter muita história a ser contada. A gente tem essa sensação em diversos momentos do filme. Vi muita gente saindo no meio e muita gente impaciente sair reclamando. Mas, não deixa de ser um filme corajoso. E tem bons momentos. Uma bela fotografia, cenas de ação de tirar o fôlego, momentos de poesia. Se deixarmos nos levar pelo melodrama, seja na relação amorosa ou na relação de Sara Ashley com o pequeno aborígene, em algumas cenas podemos até mesmo nos emocionar. Mas, até nisso os clichês são fortes demais. Tudo é exagerado demais em Austrália.
Fora a construção de Sara Ashley que no início beira ao pastelão. O que dizer da cena em que ela vê pela primeira vez um canguru? Ou quanto chega ao porto australiano e o Capataz está lutando com suas malas? Cenas pitorescas como a de Rei George em meio ao bombardeio do porto, ou a corrida de bois para embarcar no navio, também são over ao extremo. Mas, o pior ainda está por vir. Se você não viu o filme e não quer perder a surpresa, não leia o próximo parágrafo. Fique com o trailer do filme e volte aqui após sua jornada. Mas, se você é do tipo que não gosta de clássicos melodramáticos, pode continuar e não veja o filme, vai ser perda de tempo.
Matar a personagem principal seria algo extremamente corajoso, um final triste, mas poético, com o Capataz criando o menino aborígene, na fazenda. Cheguei a pensar que teriam a coragem de finalizar o filme ali. Porém, apesar de vermos Sara ser a primeira atingida com a explosão do local, não é ela quem morre. Em uma aparição surreal, ela ressurge e reencontra o seu amado e seu filho adotivo. Nem aí, o filme acaba. Já na fazenda, mais algumas cenas de família feliz, antes do aborígene finalmente aceitar o convite de Rei George para sua jornada de vida. Afinal, ele é um aborígene e pertence ao mundo, não à "senhora patroa". Definitivamente, há bons momentos, mas Austrália não chega aos pés de um clássico do cinema.