Che
Após ver a segunda parte de Che, intitulada A Guerrilha, entendo porque alguns críticos acusaram a película de querer vangloriar a imagem de Guevara. Se o primeiro filme era um documento que apenas expunha fatos, este segundo é uma verdadeira apologia à imagem do guerrilheiro e de sua sede por justiça. Até mesmo a forma como está mal camuflado nos campos bolivianos demonstra a aura encantada que este teria para o resto do mundo.
É uma continuação atípica, já que as duas partes foram rodadas como um único filme, dividido apenas para não ficar muito longo. A diferença sentida, então, nada mais seria do que um crescente do próprio Che, o argentino. Baseado em anotações de onze meses que o médico passou na Bolívia, relatados em O Diário do Che (de novembro de 1966 a outubro de 1967), foi adaptado por Buchman e Benjamin A. Van der Veen, que mantêm o clima de diário de bordo, tendo inclusive, indicações de dia.
O filme possui uma direção ainda mais documental. Começa com um discurso de Fidel Castro explicando ao mundo o sumiço de Che, sem deixar claro que ele estaria na Bolívia. Apesar de algumas cenas em Cuba e outra nos Estados Unidos, 90% do filme é mesmo nas florestas bolivianas, o que o torna extremamente cansativo. Pouca ação, muita contemplação. Para os brasileiros, nem procurem por Rodrigo Santoro, ele aparece apenas em uma cena, sem fala, fumando charuto. Em compensação, Benício del Toro está ainda melhor nessa segunda parte. Toda a dor e sede de justiça de Ernesto Guevara está exposta em um belo trabalho de interpretação, principalmente nos seus momentos finais de vida. Ele consegue cativar aos mais desatentos que tendem a terminar o filme concluindo que aquele foi um grande herói.
Não quero aqui fazer apologia contra nem a favor à figura de Che Guevara, exponho apenas que o filme é tendencioso e nos leva a aplaudi-lo como um grande herói incompreendido, traído por aqueles que queria proteger. Em parte é verdade, mas pelo que os próprios fatos históricos demonstram, ele não foi esse santo justiceiro todo. De qualquer forma, tomar partido de uma maneira tão contundente, é perigoso.
Steven Soderbergh consegue, no entanto, fechar bem a história, com bons enquadramentos, apesar do ritmo lento e do excesso de planos abertos. O final é bastante coerente e poético. Se você se envolver um pouquinho, como eu, pode chorar, mesmo já sabendo o que acontece.
É uma continuação atípica, já que as duas partes foram rodadas como um único filme, dividido apenas para não ficar muito longo. A diferença sentida, então, nada mais seria do que um crescente do próprio Che, o argentino. Baseado em anotações de onze meses que o médico passou na Bolívia, relatados em O Diário do Che (de novembro de 1966 a outubro de 1967), foi adaptado por Buchman e Benjamin A. Van der Veen, que mantêm o clima de diário de bordo, tendo inclusive, indicações de dia.
O filme possui uma direção ainda mais documental. Começa com um discurso de Fidel Castro explicando ao mundo o sumiço de Che, sem deixar claro que ele estaria na Bolívia. Apesar de algumas cenas em Cuba e outra nos Estados Unidos, 90% do filme é mesmo nas florestas bolivianas, o que o torna extremamente cansativo. Pouca ação, muita contemplação. Para os brasileiros, nem procurem por Rodrigo Santoro, ele aparece apenas em uma cena, sem fala, fumando charuto. Em compensação, Benício del Toro está ainda melhor nessa segunda parte. Toda a dor e sede de justiça de Ernesto Guevara está exposta em um belo trabalho de interpretação, principalmente nos seus momentos finais de vida. Ele consegue cativar aos mais desatentos que tendem a terminar o filme concluindo que aquele foi um grande herói.
Não quero aqui fazer apologia contra nem a favor à figura de Che Guevara, exponho apenas que o filme é tendencioso e nos leva a aplaudi-lo como um grande herói incompreendido, traído por aqueles que queria proteger. Em parte é verdade, mas pelo que os próprios fatos históricos demonstram, ele não foi esse santo justiceiro todo. De qualquer forma, tomar partido de uma maneira tão contundente, é perigoso.
Steven Soderbergh consegue, no entanto, fechar bem a história, com bons enquadramentos, apesar do ritmo lento e do excesso de planos abertos. O final é bastante coerente e poético. Se você se envolver um pouquinho, como eu, pode chorar, mesmo já sabendo o que acontece.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Che
2009-09-18T20:30:00-03:00
Amanda Aouad
cinebiografia|critica|drama|
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