
Agora, porque estou dedicando tanto espaço para falar de literatura em um blog de cinema? Porque o único motivo do filme de Emily Young chamar a atenção é por ser uma adaptação do best seller. Dá para perceber pelo destaque que o nome do escritor possui no poster do filme (e repare que no internacional tem mais destaque que no brasileiro). Não é um filme ruim, mas tem pouco a acrescentar. Algumas mudanças foram feitas em relação ao livro, como a retirada de boa parte das mensagens de auto-ajuda. Alguns detalhes como a doença de Veronika também foram alterados. No livro, ela tem síndrome do pânico e não depressão.
O início, então, não tem nenhum impacto. O livro começa com Veronika narrando a sensação claustrofóbica da doença no momento em que assiste a um filme. É dramático, angustiante, a única coisa que gostei do livro, diga-se de passagem, e me fez lê-lo. O filme começa com uma narração horrível e totalmente desnecessária, quase literal, dizendo: "eu estou deprimida". O jogo de imagens acompanhando a personagem até sua residência onde ela cometerá o suicídio que dá mote ao filme seria mais eficaz sem a narração.
Veronika vai parar em um hospital psiquiátrico, onde descobre que apesar de viva, pouco tempo lhe resta. Seu coração sofreu um dano irreparável e poderá explodir a qualquer momento. Começa então, o drama da personagem completamente lúcida cercada de todos os tipos de doentes mentais. Nesse ponto, Roberta Hanley conseguiu fazer um roteiro coerente, sem muito didatismo e bem fiel ao livro (o que não sei se é bom ou ruim).
A melhor cena é a descarga emocional de Veronika ao piano tendo Edward como seu observador. Os enquadramentos do seu rosto em perfil, a música alta, o olhar estático do rapaz, tudo possui um crescente impressionante justificando o desfecho, que foi produzido com muita delicadeza, não chocando os mais conservadores.
Sarah Michelle Gellar, nossa eterna Buffy, consegue se manter bem em seu primeiro papel dramático e Jonathan Tucker está muito bem no papel do catatônico Edward, mas o destaque é mesmo Melissa Leo, com suas poucas aparições consegue fisgar o espectador com sua emoção.
A história consegue se manter, apesar dos absurdos de alguns detalhes da história de Paulo Coelho, sendo um filme razoável de se ver. Basta não esperar muito dele.