Veronika decide morrer
Paulo Coelho é o grande mistério da literatura mundial. Desprezado no Brasil e idolatrado no resto do mundo, consegue ser um verdadeiro midas. Seus livros são best sellers onde chegam e não há como negar que seja um predestinado nesse ponto. Ao ler o livro de Fernando Morais dá para ter uma noção do poder do escritor. Li alguns, os dois que gosto, quando tinha 13 anos, não sei se gostaria tanto hoje. O fato é que são todos fórmulas de auto-ajuda e isso é um filão, principalmente em países de primeiro mundo tão carentes de sentido para vida.
Agora, porque estou dedicando tanto espaço para falar de literatura em um blog de cinema? Porque o único motivo do filme de Emily Young chamar a atenção é por ser uma adaptação do best seller. Dá para perceber pelo destaque que o nome do escritor possui no poster do filme (e repare que no internacional tem mais destaque que no brasileiro). Não é um filme ruim, mas tem pouco a acrescentar. Algumas mudanças foram feitas em relação ao livro, como a retirada de boa parte das mensagens de auto-ajuda. Alguns detalhes como a doença de Veronika também foram alterados. No livro, ela tem síndrome do pânico e não depressão.
O início, então, não tem nenhum impacto. O livro começa com Veronika narrando a sensação claustrofóbica da doença no momento em que assiste a um filme. É dramático, angustiante, a única coisa que gostei do livro, diga-se de passagem, e me fez lê-lo. O filme começa com uma narração horrível e totalmente desnecessária, quase literal, dizendo: "eu estou deprimida". O jogo de imagens acompanhando a personagem até sua residência onde ela cometerá o suicídio que dá mote ao filme seria mais eficaz sem a narração.
Veronika vai parar em um hospital psiquiátrico, onde descobre que apesar de viva, pouco tempo lhe resta. Seu coração sofreu um dano irreparável e poderá explodir a qualquer momento. Começa então, o drama da personagem completamente lúcida cercada de todos os tipos de doentes mentais. Nesse ponto, Roberta Hanley conseguiu fazer um roteiro coerente, sem muito didatismo e bem fiel ao livro (o que não sei se é bom ou ruim).
A melhor cena é a descarga emocional de Veronika ao piano tendo Edward como seu observador. Os enquadramentos do seu rosto em perfil, a música alta, o olhar estático do rapaz, tudo possui um crescente impressionante justificando o desfecho, que foi produzido com muita delicadeza, não chocando os mais conservadores.
Sarah Michelle Gellar, nossa eterna Buffy, consegue se manter bem em seu primeiro papel dramático e Jonathan Tucker está muito bem no papel do catatônico Edward, mas o destaque é mesmo Melissa Leo, com suas poucas aparições consegue fisgar o espectador com sua emoção.
A história consegue se manter, apesar dos absurdos de alguns detalhes da história de Paulo Coelho, sendo um filme razoável de se ver. Basta não esperar muito dele.
Agora, porque estou dedicando tanto espaço para falar de literatura em um blog de cinema? Porque o único motivo do filme de Emily Young chamar a atenção é por ser uma adaptação do best seller. Dá para perceber pelo destaque que o nome do escritor possui no poster do filme (e repare que no internacional tem mais destaque que no brasileiro). Não é um filme ruim, mas tem pouco a acrescentar. Algumas mudanças foram feitas em relação ao livro, como a retirada de boa parte das mensagens de auto-ajuda. Alguns detalhes como a doença de Veronika também foram alterados. No livro, ela tem síndrome do pânico e não depressão.
O início, então, não tem nenhum impacto. O livro começa com Veronika narrando a sensação claustrofóbica da doença no momento em que assiste a um filme. É dramático, angustiante, a única coisa que gostei do livro, diga-se de passagem, e me fez lê-lo. O filme começa com uma narração horrível e totalmente desnecessária, quase literal, dizendo: "eu estou deprimida". O jogo de imagens acompanhando a personagem até sua residência onde ela cometerá o suicídio que dá mote ao filme seria mais eficaz sem a narração.
Veronika vai parar em um hospital psiquiátrico, onde descobre que apesar de viva, pouco tempo lhe resta. Seu coração sofreu um dano irreparável e poderá explodir a qualquer momento. Começa então, o drama da personagem completamente lúcida cercada de todos os tipos de doentes mentais. Nesse ponto, Roberta Hanley conseguiu fazer um roteiro coerente, sem muito didatismo e bem fiel ao livro (o que não sei se é bom ou ruim).
A melhor cena é a descarga emocional de Veronika ao piano tendo Edward como seu observador. Os enquadramentos do seu rosto em perfil, a música alta, o olhar estático do rapaz, tudo possui um crescente impressionante justificando o desfecho, que foi produzido com muita delicadeza, não chocando os mais conservadores.
Sarah Michelle Gellar, nossa eterna Buffy, consegue se manter bem em seu primeiro papel dramático e Jonathan Tucker está muito bem no papel do catatônico Edward, mas o destaque é mesmo Melissa Leo, com suas poucas aparições consegue fisgar o espectador com sua emoção.
A história consegue se manter, apesar dos absurdos de alguns detalhes da história de Paulo Coelho, sendo um filme razoável de se ver. Basta não esperar muito dele.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Veronika decide morrer
2009-09-04T13:10:00-03:00
Amanda Aouad
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