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Vicente Amorim
Wagner Moura
O Caminho das Nuvens
O Caminho das Nuvens
Baseado na história real de Cícero Ferreira Dias, um caminhoneiro desempregado que, junto com sua mulher e seus 5 filhos, pedala desde Santa Rita, na Paraíba, até Bangu, no Rio de Janeiro, foi a primeira e quase única investida de Vicente Amorim na direção cinematográfica. Filme de 2003, Caminho das Nuvens é daqueles road movies bem realistas, com uma direção sincera, que nos apresenta a dureza do sertão nordestino e das dificuldades do brasileiro, sempre um crente à espera de um milagre. Assim é Romão, vivido de forma fantástica por Wagner Moura. Um homem que busca um emprego digno que pague mil reais para que ele possa sustentar sua família.
O caminho é cheio de percalços, ainda mais com seis pessoas e um bebê estrada abaixo montados em bicicletas. Tudo ao som de Roberto Carlos, um plus da trilha sonora que brinca com cenas diversas da discografia do rei. Cláudia Abreu, a esposa de Romão, trabalha em vários bicos e coloca seus filhos para pedir dinheiro pela estrada, enquanto o marido sonha com o tal emprego dos sonhos. A princípio, a meta é chegar em Juzeiro do Norte, onde o patriarca irá pedir ao Padre Cícero a graça desejada.
Mais tarde, o foco vira o Rio de Janeiro, cidade grande onde Romão tem certeza que conseguirá o tal emprego. No entanto, Antônio, o filho mais velho, começa a questionar as atitudes do pai e entrar em conflito com o mesmo, mostrando a lógica torta dele estar sonhando com emprego ideal, enquanto fuma seu cigarro e dá ordens para que o resto a família ajude nas despesas. O embate de gerações, o rito de passagem da infância, são bem desenvolvidos.
O grande problema desse sonho, demonstrado de forma sutil no roteiro de David França Mendes , é que um homem semi-analfabeto dificilmente conseguirá um emprego digno como ele imagina. E em sua meta impossível, acaba descuidando do possível do dia a dia, que fica a cargo de sua esposa, sempre abnegada. Quantos milhares de Romãos existem espalhados por aí?
Além de Wagner Moura, que dá um tom amargo e, ao mesmo tempo, sonhador ao protagonista, destaque para Cláudia Abreu que consegue imprimir um belo sotaque nordestino, até mesmo ao cantar "Como é grande o meu amor por você" de forma bem entoada. Destaque também para o garoto Ravi Lacerda, o Pacu de Abril Despedaçado, que consegue dar uma maturidade muito boa ao revoltado Antônio.
Alguns podem não gostar do final, aberto, onde nada se resolve, mas tudo se define. É a lógica da vida real, onde o fim é apenas quando não há mais vida. Tudo parece incompleto, faltando um pedaço, não se resolve completamente. Ou não... Talvez, essa seja exatamente a graça. Um filme simples e verdadeiro que já ganhou o mundo. No Japão, ele recebeu o nome de "Oi, Bicicleta". Vai entender, né?
O caminho é cheio de percalços, ainda mais com seis pessoas e um bebê estrada abaixo montados em bicicletas. Tudo ao som de Roberto Carlos, um plus da trilha sonora que brinca com cenas diversas da discografia do rei. Cláudia Abreu, a esposa de Romão, trabalha em vários bicos e coloca seus filhos para pedir dinheiro pela estrada, enquanto o marido sonha com o tal emprego dos sonhos. A princípio, a meta é chegar em Juzeiro do Norte, onde o patriarca irá pedir ao Padre Cícero a graça desejada.
Mais tarde, o foco vira o Rio de Janeiro, cidade grande onde Romão tem certeza que conseguirá o tal emprego. No entanto, Antônio, o filho mais velho, começa a questionar as atitudes do pai e entrar em conflito com o mesmo, mostrando a lógica torta dele estar sonhando com emprego ideal, enquanto fuma seu cigarro e dá ordens para que o resto a família ajude nas despesas. O embate de gerações, o rito de passagem da infância, são bem desenvolvidos.
O grande problema desse sonho, demonstrado de forma sutil no roteiro de David França Mendes , é que um homem semi-analfabeto dificilmente conseguirá um emprego digno como ele imagina. E em sua meta impossível, acaba descuidando do possível do dia a dia, que fica a cargo de sua esposa, sempre abnegada. Quantos milhares de Romãos existem espalhados por aí?
Além de Wagner Moura, que dá um tom amargo e, ao mesmo tempo, sonhador ao protagonista, destaque para Cláudia Abreu que consegue imprimir um belo sotaque nordestino, até mesmo ao cantar "Como é grande o meu amor por você" de forma bem entoada. Destaque também para o garoto Ravi Lacerda, o Pacu de Abril Despedaçado, que consegue dar uma maturidade muito boa ao revoltado Antônio.
Alguns podem não gostar do final, aberto, onde nada se resolve, mas tudo se define. É a lógica da vida real, onde o fim é apenas quando não há mais vida. Tudo parece incompleto, faltando um pedaço, não se resolve completamente. Ou não... Talvez, essa seja exatamente a graça. Um filme simples e verdadeiro que já ganhou o mundo. No Japão, ele recebeu o nome de "Oi, Bicicleta". Vai entender, né?
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Caminho das Nuvens
2010-05-03T08:53:00-03:00
Amanda Aouad
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