
Happy Harry Hard On, o codinome que ele adota, torna-se mais do que isso. O locutor anônimo vira a voz dos adolescentes da escola Hubert Humpfrey High School. Todos que, assim como ele, estão entediados com suas vidas e são reprimidos por diretora, pais e professores encontram em suas palavras incentivos para romper a ordem estabelecida. Happy Harry torna-se conselheiro, confidente, cúmplice de todos aqueles ouvintes que pensam e sentem como ele, mas não tinham coragem de assumir seus atos. As mudanças provocadas começam a incomodar os adultos que vão à caça do responsável por aquilo sem perceber que os culpados, na verdade, são eles próprios, os autores daquela sociedade fechada.

É interessante perceber a miopia completa daqueles que deveriam orientar os adolescentes em suas vidas futuras. Os primeiros suspeitos são sempre os arruaceiros, os alunos com notas ruins, os rebeldes confessos. Aqueles sujeitos tímidos, introspectivos são sempre elogiados. "Meu filho é um amor, fica quieto em seu quarto, sem dar trabalho". Não sabem eles que são esses os mais problemáticos. Os que estão implodindo por dentro. Os rebeldes não precisam de máscaras para se soltar. É o próprio contraste e questão do rock dos anos oitenta, pós movimento hippie, pós lutas de movimentos estudantis. Uma geração sem ideologias, sem rumo, sem motivações. São essas as questões levantadas na voz anônima que os liberta usando uma trilha sonora que vai desde Pixies e Leonard Cohen, passando por Sonic Youth, Concrete Blonde, Cowboy Junkies, Soundgarden, Peter Murphy e Bad Brains.
