A Fortaleza
Já que falei de Mary e Max, resolvi resgatar aqui outro filme australiano que marcou a minha geração: A Fortaleza. O filme de 1986, dirigido por Arch Nicholson, é um dos filmes mais aterrorizantes e simbólicos sobre o universo infantil e natureza humana. Lembra muito o clima de O Senhor das Moscas. A forma como a narrativa é construída, as máscaras que os bandidos usam, o amadurecimento das crianças e a cumplicidade da professora, a resolução da trama. Tudo possui um impacto que nos envolve profundamente, não deixando os olhos desgrudarem da tela.
A história começa em uma pacata fazenda, mas logo nossos instintos são avisados do perigo que está por vir. Bichos mortos estão em toda a trajetória dos personagens até a escola. Isso vai se demonstrar bastante simbólico, já que professora e alunos serão sequestrados por bandidos usando máscaras de bicho. O pato, o gato e o rato são assustadores, mesmo para nós, espectadores. Mas, nada se compara ao Papai Noel. O líder da gangue é cruel, insensível e lida com uma simbologia ainda maior: a inocência das crianças. Inocência essa que será perdida após momentos tão aterrorizadores.
O grupo é levado da escola para uma caverna no meio da floresta. A intenção é cobrar um resgate por elas. Ver aqueles homens cruéis com aquelas máscaras singelas traz um contraste tão forte e envolvente que o medo impera em todo o filme. É tudo tão simbóico que quando vemos os vilões sem as máscaras próximo do fim, eles perdem a aura ameaçadora. Talvez aí esteja o único defeito do filme. Deveria ter mantido o suspense até o fim. Nunca mostrado o rosto, principalmente do Papai Noel. É aquela máxima de o mistério criado se tornar maior que a própria ameaça.
Os garotos conseguem manter o clima tenso, com interpretações bem convincentes, até o pequeno Toby, que só faz chorar, passa a verdade do que está acontecendo. Rachel Ward interpreta a professora Sally Jones. A personagem complexa e vai se transformando à medida em que as coisas vão se complicando no sequestro. Antes dura e distante, a professora começa a se mostrar mais humana. Depois seus instintos de sobrevivência afloram, assim como de todas as crianças. Ninguém termina igual ao que começou. Até por isso, outra falha que encontro no roteiro é uma brincadeira final na janela. Depois de tudo aquilo, dificilmente alguém brincaria daquela forma.
A Fortaleza é daqueles filmes que ficam em nossa memória pelo suspense bem construído, o medo e tudo o que simboliza esse medo. A transformação após a experiência por parte daqueles personagens ecoa em nossa mente. Um filme de gênero muito bem feito. Pena que virou quase lenda, já que não foi lançado DVD oficial aqui no Brasil.
Aqui, um pouco do início do filme:
A história começa em uma pacata fazenda, mas logo nossos instintos são avisados do perigo que está por vir. Bichos mortos estão em toda a trajetória dos personagens até a escola. Isso vai se demonstrar bastante simbólico, já que professora e alunos serão sequestrados por bandidos usando máscaras de bicho. O pato, o gato e o rato são assustadores, mesmo para nós, espectadores. Mas, nada se compara ao Papai Noel. O líder da gangue é cruel, insensível e lida com uma simbologia ainda maior: a inocência das crianças. Inocência essa que será perdida após momentos tão aterrorizadores.
O grupo é levado da escola para uma caverna no meio da floresta. A intenção é cobrar um resgate por elas. Ver aqueles homens cruéis com aquelas máscaras singelas traz um contraste tão forte e envolvente que o medo impera em todo o filme. É tudo tão simbóico que quando vemos os vilões sem as máscaras próximo do fim, eles perdem a aura ameaçadora. Talvez aí esteja o único defeito do filme. Deveria ter mantido o suspense até o fim. Nunca mostrado o rosto, principalmente do Papai Noel. É aquela máxima de o mistério criado se tornar maior que a própria ameaça.
Os garotos conseguem manter o clima tenso, com interpretações bem convincentes, até o pequeno Toby, que só faz chorar, passa a verdade do que está acontecendo. Rachel Ward interpreta a professora Sally Jones. A personagem complexa e vai se transformando à medida em que as coisas vão se complicando no sequestro. Antes dura e distante, a professora começa a se mostrar mais humana. Depois seus instintos de sobrevivência afloram, assim como de todas as crianças. Ninguém termina igual ao que começou. Até por isso, outra falha que encontro no roteiro é uma brincadeira final na janela. Depois de tudo aquilo, dificilmente alguém brincaria daquela forma.
A Fortaleza é daqueles filmes que ficam em nossa memória pelo suspense bem construído, o medo e tudo o que simboliza esse medo. A transformação após a experiência por parte daqueles personagens ecoa em nossa mente. Um filme de gênero muito bem feito. Pena que virou quase lenda, já que não foi lançado DVD oficial aqui no Brasil.
Aqui, um pouco do início do filme:
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Fortaleza
2010-09-08T08:26:00-03:00
Amanda Aouad
critica|Rachel Ward|suspense|
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