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Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1
Começou. Amanhã chega aos cinemas a primeira parte do final da série Harry Potter. Como falei no post especial de ontem, é bacana acompanhar a evolução dos personagens e tramas da mesma forma em que cresceram seus leitores. Da história quase leve e ingênua de A Pedra Filosofal, embarcamos agora na parte mais sombria de Harry Potter. Voldemort e seus comensais dão as cartas, pouca esperança resta. Harry, Roni e Hermione estão completamente perdidos, sem muitas pistas de onde estarão as horcruxes e como destruí-las. É disso que fala a primeira parte do livro, e consequentemente, desse primeiro filme.
Há três tipos de público que vão aos cinemas conferir a grande estreia. Os fãs que devoraram todos os livros. Os fãs que não tocaram nos livros, mas adoram os filmes. E os fãs de filmes de ação e magia. O longametragem de David Yates é feito para o primeiro público. Após irritá-los com muitas mudanças em O Príncipe Mestiço, apesar de ser um belo exemplar cinematográfico, Yates foi o mais fiel possível ao livro de J. K. Rowling. Isso pode frustrar ao terceiro tipo de público, os fãs de blockbuster que esperam ver o que o trailer promete. Não é um filme fácil, mas é extremamente bem feito. O roteirista Steve Kloves construiu muito bem o arco dramático para tornar essa apenas uma primeira parte da jornada, apresentando o problema maior. Claro que não tem fim, mas há, de certa forma, uma conclusão.
Alguns detalhes foram retirados, é verdade, mas nada que estrague a história. Dobby ressurge quase como um intruso para quem não pegou na versão impressa, mas sua participação é exatamente igual ao sétimo livro. Monstro acaba aparecendo menos. A grande procura pelas horcruxes é quase uma causa perdida, e essa atmosfera de espera pode irritar aos menos pacientes. Ainda assim era um presente necessário a milhares de fãs que aguardaram esse momento por treze anos. A forma como o filme começa, o paralelo dos três amigos, os sete Harrys, a invasão à toca e o exílio são bem cadenciados. A forma como a história das relíquias da morte é contada também é bastante funcional. Resolve para quem nunca tinha lido e não se torna repetitiva para quem já decorou.
A parte técnica ainda tem dois deleites extras que contribuem para criar a atmosfera descrita por Rowling. Primeiro, a fotografia lavada de Eduardo Serra, quase sem cor, escura, dando a dimensão triste que a história precisa. Tristes, desesperançados, assim estão os personagens e devemos ficar todos nós. A trilha sonora do sempre competente Alexandre Desplat cai também como uma luva nesse momento. Não temos mais aquele clima de magia. O castelo de Hogwarts nem sequer aparece. Ainda assim, a trilha encanta pela competência. O tom mais realista do som é também a escolha de David Yates na direção como um todo no filme. Vemos ali uma história bastante realista, quase esquecemos que estamos falando de um mundo repleto de bruxos e suas varinhas.
Apesar da aparição pontual de todo o elenco, mais da metade da projeção concentra-se em Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint. O jovem trio de atores que começou como meninos brincando de atuar, demonstram uma maturidade incrível, principalmente Rupert Grint, que perde sua expressão de bobo, crescendo em dramaticidade junto com seu personagem Rony Weasley. Eles conseguem sustentar o filme e torná-lo envolvente. Uma interpretação ruim arruinaria tudo.
Condensando o último livro em um único filme, David Yates conseguiria entregar um produto muito mais ágil, envolvente e empolgante, repleto de ação. Mas, isso seria mutilar uma história que tem uma cadência própria de preparação, construindo milhares de explicações confusas e uma história rasa. A decisão de dividir em duas partes, que casou perfeitamente com os interesses econômicos da Warner, foi uma benção para os leitores desse adorável bruxo. Temos aqui, um filme de fã. Que chegue logo julho de 2011 para concluirmos bem essa bela saga.
Há três tipos de público que vão aos cinemas conferir a grande estreia. Os fãs que devoraram todos os livros. Os fãs que não tocaram nos livros, mas adoram os filmes. E os fãs de filmes de ação e magia. O longametragem de David Yates é feito para o primeiro público. Após irritá-los com muitas mudanças em O Príncipe Mestiço, apesar de ser um belo exemplar cinematográfico, Yates foi o mais fiel possível ao livro de J. K. Rowling. Isso pode frustrar ao terceiro tipo de público, os fãs de blockbuster que esperam ver o que o trailer promete. Não é um filme fácil, mas é extremamente bem feito. O roteirista Steve Kloves construiu muito bem o arco dramático para tornar essa apenas uma primeira parte da jornada, apresentando o problema maior. Claro que não tem fim, mas há, de certa forma, uma conclusão.
Alguns detalhes foram retirados, é verdade, mas nada que estrague a história. Dobby ressurge quase como um intruso para quem não pegou na versão impressa, mas sua participação é exatamente igual ao sétimo livro. Monstro acaba aparecendo menos. A grande procura pelas horcruxes é quase uma causa perdida, e essa atmosfera de espera pode irritar aos menos pacientes. Ainda assim era um presente necessário a milhares de fãs que aguardaram esse momento por treze anos. A forma como o filme começa, o paralelo dos três amigos, os sete Harrys, a invasão à toca e o exílio são bem cadenciados. A forma como a história das relíquias da morte é contada também é bastante funcional. Resolve para quem nunca tinha lido e não se torna repetitiva para quem já decorou.
A parte técnica ainda tem dois deleites extras que contribuem para criar a atmosfera descrita por Rowling. Primeiro, a fotografia lavada de Eduardo Serra, quase sem cor, escura, dando a dimensão triste que a história precisa. Tristes, desesperançados, assim estão os personagens e devemos ficar todos nós. A trilha sonora do sempre competente Alexandre Desplat cai também como uma luva nesse momento. Não temos mais aquele clima de magia. O castelo de Hogwarts nem sequer aparece. Ainda assim, a trilha encanta pela competência. O tom mais realista do som é também a escolha de David Yates na direção como um todo no filme. Vemos ali uma história bastante realista, quase esquecemos que estamos falando de um mundo repleto de bruxos e suas varinhas.
Apesar da aparição pontual de todo o elenco, mais da metade da projeção concentra-se em Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint. O jovem trio de atores que começou como meninos brincando de atuar, demonstram uma maturidade incrível, principalmente Rupert Grint, que perde sua expressão de bobo, crescendo em dramaticidade junto com seu personagem Rony Weasley. Eles conseguem sustentar o filme e torná-lo envolvente. Uma interpretação ruim arruinaria tudo.
Condensando o último livro em um único filme, David Yates conseguiria entregar um produto muito mais ágil, envolvente e empolgante, repleto de ação. Mas, isso seria mutilar uma história que tem uma cadência própria de preparação, construindo milhares de explicações confusas e uma história rasa. A decisão de dividir em duas partes, que casou perfeitamente com os interesses econômicos da Warner, foi uma benção para os leitores desse adorável bruxo. Temos aqui, um filme de fã. Que chegue logo julho de 2011 para concluirmos bem essa bela saga.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1
2010-11-18T08:25:00-03:00
Amanda Aouad
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