

EUA: 2004. Direção: Michel Gondry
Quem nunca quis arrancar um sentimento da lembrança? Mas, ao mesmo tempo, não seria melhor a dor da lembrança de um amor vivido do que o vazio de nunca ter amado? É nessa dúbia situação que encontra-se Joel Barish, o personagem de Jim Carrey ao descobrir que sua amada Clementine, vivida pela não menos empolgante Kate Winslet, apagou seu registro da memória para não mais sofrer. Carrey consegue construir toda a dor de Joel sem nenhum resquício do palhaço que lhe deu fama. Nem mesmo nas situações esdrúxulas onde está de fraldas em uma pia ou com a mentalidade de uma criança. O amor que sente, o desespero por manter um fio de lembrança nos envolve profundamente. É para mim, um dos filmes mais representativos do amor.

EUA: 1998. Direção: Peter Weir.
O ícone maior de Carrey, apesar da expressão boba de Truman, é um filme dramático. Uma homem que vive uma mentira e é completamente controlado pelo diretor de seu programa. O argumento é forte e absurdamente desumano. Jim Carrey impressiona ao transitar entre o tolo e o desesperado. O filme nos envolve da mesma forma que os espectadores do programa televisivo. Foi o personagem que fez Carrey mostrar que era um ator com possibilidades de construir um personagem sólido e não apenas caras e bocas pseudo-engraçadas. É daqueles filmes que empolga, emociona e fica sendo maturado na mente com todos os significados que envolve.

EUA: 2001. Direção: Frank Darabont
Uma ode ao cinema. Frank Darabont tenta fazer o seu Cinema Paradiso e só não consegue porque foi incompreendido. A bilheteria foi fraca e o filme quase esquecido. Mas, é uma bela e envolvente história de amor à sétima arte. Peter Appleton é um roteirista de filmes B confundido com comunista que acaba sofrendo um acidente de carro e parando desmemoriado em uma pequena cidade na Califórnia. Lá, ele é confundido com Luke Trimble, o filho do dono do cinema local e acaba aceitando sua nova identidade. A reconstrução do Cine Majestic e a forma como Peter se envolve com os moradores locais é bonita e envolvente. Torcemos para que ele descubra que é Luke de fato. Vibramos com as luzes do cinema acendendo. Vemos a paixão de Peter em fazer filmes. Jim Carrey consegue um bom papel, apesar de escorregar em alguns trejeitos que lembram seus tempos de comédia.

EUA: 2009. Direção: Robert Zemeckis.
O clássico O Conto de Natal, ganhou nova roupagem nas mãos de Robert Zemeckis e deu a Jim Carrey a oportunidade de interpretar não apenas o ranzinza Scrooge como os três fantasmas dos Natais Passado, Presente e Futuro. Um drama denso e repleto de simbologias. O problema é que Um Conto de Natal é uma das histórias mais adaptadas do mundo, e trazer um roteiro tão fiel ao conto, apesar da roupagem de animação, acaba sendo cansativo. Nem por isso, Jim Carrey deixa de brilhar. Suas interpretações são fortes, condizentes e marcantes.

EUA: 2007. Direção: Joel Schumacher.
Provavelmente o mais fraco dos dramas de Jim Carrey. Walter Sparrow ganhou um livro da esposa chamado "O Número 23" e fica obcecado por ele. A forma como ele começa a ver o número 23 em sua vida o torna paranóico e com medo de ter o mesmo fim do escritor do livro, sem saber que muita coisa ainda seria revelada. Apesar da boa premissa, da boa interpretação de Jim Carrey e da surpresa final, o filme força para conquistar a platéia. Se perde no meio do roteiro e acaba ficando bobo, quase infantil. Melhor assistir ao filme espanhol O Operário, com Christian Bale, que tem a mesma premissa na paranóia de seu protagonista.