Desenrola
Finalmente Desenrola estreou. Para quem não lembra, fiz um post sobre o filme em 13 de agosto de 2009, falando sobre a forma de composição do longametragem que foi totalmente participativa. A idéia da diretora Rosane Svartman é interessante, já que é um filme sobre adolescentes e para adolescentes. Então, precisa de uma linguagem adolescente também. Começou com uma websérie, teve um ARG e continuou desenvolvendo a história de forma interativa no site. Desde a primeira sinopse, muita coisa mudou, inclusive a atriz que faz a protagonista Priscila. Ainda assim, é um filme bem realizado, preocupado em traduzir o universo adolescente e que tem tudo para agradar o público-alvo.
O filme gira em torno da personagem Priscila, uma garota de classe média carioca com 16 anos, apaixonada por um rapaz mais velho, ainda virgem e cheia de hormônios. O plot é sua mãe viajar a trabalho e deixá-la sozinha em casa por um tempo. Entre tentar conquistar o gato mais velho, se envolver com o colega de sala e ganhar novos amigos e inimigos, a história vai literalmente se desenrolando. Aliás, "desenrola" é uma gíria bastante usada pelos personagens. A comparação com As Melhores Coisas do Mundo é inevitável. O filme de Laís Bodanzky também era sobre adolescentes da classe média, só que de São Paulo, com uma linguagem própria da idade e feito com muita pesquisa com o público-alvo. A diferença é que o filme de Bodanzky é mais profundo, maduro e com uma trama mais embasada no drama cotidiano. Desenrola é um filme mais solto com um tom de comédia que explora a questão da primeira vez.
O elenco principal é quase todo estreante. Isso é interessante, pois os garotos conseguem desenvolver um trabalho honesto, com realidade e naturalidade. As participações famosas são interessantes como Cláudia Ohana, Letícia Spiller e Marcelo Novaes. Juliana Paes é uma cena tão rápida que espero que ninguém vá ao cinema esperando vê-la. Tem ainda Smigol e a participação lamentável de Pedro Bial. É uma pena que um jornalista tão inteligente que já foi responsável por matérias históricas na Rede Globo se resume hoje a imagem de apresentador do Big Brother. Se largou o melhor de sua profissão, para que fingir ser ator como um professor de matemática?
Desenrola é ainda um filme que me faz constatar que o tempo passou. Afinal, ver Kayky Brito, uma criança que acompanhei surgir, como o garoto mais velho, galã e galinha da turma, mostra que estou ficando velha. Assim como perceber músicas que fizeram parte de minha adolescência serem consideradas relíquias tocadas em uma relíquia maior ainda chamada walk-man. Já tive vários. Priscila encontra o objeto nas coisas da mãe e passa a ouvir suas músicas que acabam sendo parte da trilha sonora do filme. Essa mistura de antigo com novo é outro ponto positivo do filme. Uma tentativa de falar todas as línguas e não ser restrita a um gênero.
A história sobre a perda da virgindade está em toda a trama. Priscila ainda é virgem e seu objeto de desejo, Rafa, não faz nada com ela por esse motivo. Outras meninas tem questões sexuais também e o roteiro aproveita para instruir com o uso da camisinha e os problemas de gravidez indesejada. Interessante que eles não tocam no assunto de doenças. Há ainda o trabalho de escola (do professor Bial), onde os meninos irão fazer uma estatística sobre as meninas que ainda são virgens no ensino médio. A pesquisa e os depoimentos traçam um pouco o perfil do jovem atual, no filme é o elenco quem fala, mas nos créditos vários vídeos caseiros são apresentados, reforçando a questão participativa da trama.
Rosane Svartman não fala de grandes problemas da humanidade, nem tem uma trama densa, bem desenvolvida que aproveita os adolescentes para construir um filme com tema universal. Desenrola é um filme feito com e para os jovens de forma leve e sem muito compromisso. Uma grande curtição sobre esse momento da vida, onde coisas aparentemente tolas parecem problemas intransponíveis. Parece uma Malhação em sua melhor fase e ainda assim, melhorada, já que a soap opera da Rede Globo além de repetitiva, tem um cuidado menor com a realidade.
O filme gira em torno da personagem Priscila, uma garota de classe média carioca com 16 anos, apaixonada por um rapaz mais velho, ainda virgem e cheia de hormônios. O plot é sua mãe viajar a trabalho e deixá-la sozinha em casa por um tempo. Entre tentar conquistar o gato mais velho, se envolver com o colega de sala e ganhar novos amigos e inimigos, a história vai literalmente se desenrolando. Aliás, "desenrola" é uma gíria bastante usada pelos personagens. A comparação com As Melhores Coisas do Mundo é inevitável. O filme de Laís Bodanzky também era sobre adolescentes da classe média, só que de São Paulo, com uma linguagem própria da idade e feito com muita pesquisa com o público-alvo. A diferença é que o filme de Bodanzky é mais profundo, maduro e com uma trama mais embasada no drama cotidiano. Desenrola é um filme mais solto com um tom de comédia que explora a questão da primeira vez.
O elenco principal é quase todo estreante. Isso é interessante, pois os garotos conseguem desenvolver um trabalho honesto, com realidade e naturalidade. As participações famosas são interessantes como Cláudia Ohana, Letícia Spiller e Marcelo Novaes. Juliana Paes é uma cena tão rápida que espero que ninguém vá ao cinema esperando vê-la. Tem ainda Smigol e a participação lamentável de Pedro Bial. É uma pena que um jornalista tão inteligente que já foi responsável por matérias históricas na Rede Globo se resume hoje a imagem de apresentador do Big Brother. Se largou o melhor de sua profissão, para que fingir ser ator como um professor de matemática?
Desenrola é ainda um filme que me faz constatar que o tempo passou. Afinal, ver Kayky Brito, uma criança que acompanhei surgir, como o garoto mais velho, galã e galinha da turma, mostra que estou ficando velha. Assim como perceber músicas que fizeram parte de minha adolescência serem consideradas relíquias tocadas em uma relíquia maior ainda chamada walk-man. Já tive vários. Priscila encontra o objeto nas coisas da mãe e passa a ouvir suas músicas que acabam sendo parte da trilha sonora do filme. Essa mistura de antigo com novo é outro ponto positivo do filme. Uma tentativa de falar todas as línguas e não ser restrita a um gênero.
A história sobre a perda da virgindade está em toda a trama. Priscila ainda é virgem e seu objeto de desejo, Rafa, não faz nada com ela por esse motivo. Outras meninas tem questões sexuais também e o roteiro aproveita para instruir com o uso da camisinha e os problemas de gravidez indesejada. Interessante que eles não tocam no assunto de doenças. Há ainda o trabalho de escola (do professor Bial), onde os meninos irão fazer uma estatística sobre as meninas que ainda são virgens no ensino médio. A pesquisa e os depoimentos traçam um pouco o perfil do jovem atual, no filme é o elenco quem fala, mas nos créditos vários vídeos caseiros são apresentados, reforçando a questão participativa da trama.
Rosane Svartman não fala de grandes problemas da humanidade, nem tem uma trama densa, bem desenvolvida que aproveita os adolescentes para construir um filme com tema universal. Desenrola é um filme feito com e para os jovens de forma leve e sem muito compromisso. Uma grande curtição sobre esse momento da vida, onde coisas aparentemente tolas parecem problemas intransponíveis. Parece uma Malhação em sua melhor fase e ainda assim, melhorada, já que a soap opera da Rede Globo além de repetitiva, tem um cuidado menor com a realidade.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Desenrola
2011-01-15T09:28:00-03:00
Amanda Aouad
cinema brasileiro|comedia|filme brasileiro|Juliana Paes|romance|
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