
A trama gira em torno de Jacob, um senhor que chega a um circo após o espetáculo e pede para ficar. O dono, incrédulo, quer saber qual sua experiência e ele conta o que aconteceu quando fazia parte do circo Irmãos Benzini, o Maior Espetáculo da Terra. Em 1931, Jacob estava prestes a se formar em medicina veterinária quando seus pais morreram em um acidente de carro. Orfão, sem dinheiro, nem local para morar, ele tem que abandonar a faculdade sem diploma e procurar emprego em algum lugar. Vai parar no circo e logo se torna o responsável pelos animais. Mas, encontra muito mais do que esperava naquele local, principalmente na figura de Marlena e da elefanta Rosie.
Amor proibido a gente encontra em várias histórias. Ainda mais do rapaz pobre que se apaixona pela mulher do patrão. É tudo meio marcado, conhecido, sem novidades. Até por isso, a grande atração da trama é a elefanta Rosie. Ela chega de repente, como uma solução mágica para aquele local e logo se torna uma decepção, vista como burra e sendo muito maltratada. É curioso aquela criatura tão grande e ao mesmo tempo tão frágil. Ainda mais quando Jacob descobre o segredo de como fazê-la obedecer aos comandos. É impressionante que a gente se afeiçoa à elefanta mais do que a qualquer personagem daquele circo. Talvez porque seja a única que não nos obriga a gostar dela. Ela está lá, sofrendo, sendo maltratada e logo sendo a salvação do bando. Os demais personagens são estereótipos conhecidos, que não encantam mais.

Francis Lawrence e o roteiro de Richard LaGravenese também têm dificuldade de adaptar a história para as telas e acabam caindo em armadilhas do melodrama adaptado. Exageram na voz over, explicando mais do que precisam nas palavras do narrador Jacob que sempre são acompanhadas de uma trilha melosa tentando nos emocionar. Nem mesmo a magia do circo consegue saltar aos nossos olhos. Não é demonstrada de forma natural, aparece em uma construção armada. Quase que nos alertando que aquilo é o mágico mundo do picadeiro. Da mesma forma, não nos mostra os bastidores desse circo, muitas vezes sujo e traiçoeiro tal qual faz muito bem o filme Trapézio. Os personagens são esterotipados demais. Em uma cena do trem, Jacob passa pela cabine dos palhaços e eles jogam tortas. Como se não fosse o bastante o outro personagem diz: "ninguém passa impune pelos palhaços". Eles não tiram a máscara nem na hora de dormir?


Não é à toa que Água para Elefantes está dividindo a crítica. O filme tem problemas claros, mas é também sensível em vários momentos. Há prós e contras. Emociona em algumas cenas e irrita em outras. Como um espetáculo de circo, que tem atrações boas, outras muito ruins, mas o show tem sempre que continuar.
Água para Elefantes (Water for Elephants: 2001 / EUA)
Direção: Francis Lawrence
Roteiro: Richard LaGravenese
Com: Reese Witherspoon, Robert Pattinson, Christoph Waltz, Hal Holbrook.
Duração: 122 min.