![Crítico Crítico](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0KuYnt5UoevIQiHJmtFF1UosrGBtMAvzTKDNCY3mrJEqZlLdaTNJBoANRo8udbI66HzWP4EkdQkV1Mt9sZeGhSMSZbOpc_CR5yOni1FfjA2UGOvtHMQowDHvjxQpKo6FPSHDuYJ5Ry3M/s1600-rw/critico1.jpg)
O filme se constrói de depoimentos de artistas diversos no Brasil, Estados Unidos e Europa. Diretores, atores e críticos falam o que pensam sobre o assunto dando exemplos, confabulando e filosofando sobre o cenário ideal. Intercalando tudo isso, vemos inserts diversos com imagens significativas da construção da linguagem cinematográfica. Temos cenas de cinema, propagandas, vídeos experimentais que nos mostram montagens, enquadramentos distintos, ilusões de ótica. O cinema está em pauta. Mais ainda, a sua interpretação é discutida.
A discussão começa com João Moreira Salles profetizando que o bom crítico depende das obras de seu tempo. Não podemos exigir boa crítica se não temos bom cinema. Esta afirmação é relativa, principalmente quando outros vem afirmar que a boa crítica é que faz o bom cinema, pois ela o conduz para o cenário que quer, ajudando a pensar a arte cinematográfica. Foi assim que surgiram os movimentos. Quem mais teorizou sobre o cinema senão Glauber Rocha? Como surgiu a Nouvelle vague senão das discussões na Cahiers Du Cinéma? A boa crítica não quer destruir o cinema, mas fazer a sua cobrança saudável para que os filmes melhorem a cada dia. É um parceiro do cineasta e não o seu algoz.
![Crítico Crítico](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1lCtwXaGKfaJ2tV17iF7d2OE9-Xq3wmJEdc8EKCyO2n5Iap9kAL87SSL-eYFQ_sLoOWyaT5GvauUcAbFANvMn058omMZUVPVAJXpGwZU7AtSVKWdAFxBMfO9soU0djE1A4ip8alH_yWA/s320-rw/critico.jpg)
Por outro lado, o filme mostra vários cineastas que não apenas aprovam, como admitem aprender com a crítica sobre seu próprio filme. É a possibilidade da visão externa. O diretor, muitas vezes, age inconscientemente, por suas referências, instintos, idéias. Ao ver um pensamento organizado no papel, acabam percebendo o que fizeram. Foi assim que Fernando Meirelles disse ter compreendido a cena inicial de Cidade de Deus com a galinha simbolizando Buscapé e a trajetória que iria traçar no filme. Marcelo Gomes disse que ficou emocionado ao ler em uma crítica que o sertão branco de Cinema, Aspirinas e Urubus era uma metáfora do inverno alemão coberto de neve, pois foi uma coisa que ele pensou, mas não externou no filme.
![Gus Van Sant Gus Van Sant](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_OHV-a4tyFk0vCPkWLzR2GQ9wc1AO_OuLUZFKtRAVNvpxlV3D400-qJ9-7FkmWXwTAdaaCUhFcO_uVA9j7fAFJFXuoYJWeK3EFIAz19WlaMNIlZn42hi0iiD6WjRQGoiBdCB2-RDXE6M/s320-rw/gus-van-sant.jpg)
Há uma voz over do produtor da Paramount que fala pela visão empresarial, de que o filme para eles é como uma mercadoria, então, a crítica negativa não atinge a indústria. Mas, ao mesmo tempo, ao apresentarem o Bonequinho do Jornal O Globo, há a afirmação de que a depender da posição dele, a distribuidora aumenta ou diminui o número de salas no país para aquele filme. É um poder imenso para uma figura gráfica tão resumida, alguns diretores reclamam. Ninguém gosta mesmo de ser criticado, mas Cláudio Assis polemiza dizendo que um filme é para ser visto e, ao ser visto, criticado. Faz parte do jogo, quem não gosta que não produza e exiba sua obra, ele sentencia.
![Crítico Crítico](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZMMsbdoanNGvVIKMeIhXBhHpt_dplM50TngyAS5hzFJXXTEqdS4W_lYQOo8Bp-dqD9pUXJkmdfcbV8bfuGmQoawj-jqY5TcZXmDiRmBwTBMP23cjoICi-dF7XMQB1gp5VX78vIurxUB8/s320-rw/critico-cartaz.jpg)
O filme trata desta crítica jornalística e do que esperamos do cenário cinematográfico, mas em dado momento, alguns cineastas citam a crescente onda de blogs de cinema, onde "cinéfilos entusiastas falam sobre sua paixão". É impressionante mesmo a quantidade de blogs sobre o assunto que surge a cada dia. Alguns melhores que muitas críticas de jornais outros quase sinopses comentadas. Ainda assim, todos válidos para falar, discutir e fomentar essa paixão pela sétima arte. O documentário Crítico se encerra sem deixar respostas, nem mesmo um caminho palpável do que acredita ser o papel da crítica e seu bom funcionamento. É mais um jogo de opiniões que cada um montará da forma que melhor lhe convier. Talvez a montagem final de imagens signifique isso. As possibilidades estão aí, cabe a nós construir o cenário que queremos.
Crítico (Crítico: 2010 / Brasil)
Direção: Kleber Mendonça Filho
Roteiro: Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux
Com: Gus Van Sant, Tom Tykwer, Eduardo Coutinho, Curtis Hanson, Carlos Reichenbach, Walter Salles, Fernando Meirelles, Carlos Saura, entre outros.
Duração: 76 min