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Lanterna Verde
Lanterna Verde
"No dia mais claro, na noite mais densa, o mal sucumbirá ante a minha presença. Todo aquele que venerar o mal há de pensar quando o poder do Lanterna Verde enfrentar".
Em uma cena de Kill Bill, o vilão explica sua preferência pelo herói Superman que, ao contrário dos demais, é o que é, não se transforma no herói. Na verdade, o disfarce do personagem é Clark Kent, um tolo que seria uma espécie de crítica do Superman à humanidade. Na verdade, nessa afirmação está uma certa essência dos super-heróis, a humanidade é frágil e precisa de defensores sobrenaturais. Mas, eis que a DC lança um personagem que tenta resgatar o orgulho de ser humano: o Lanterna Verde. Sim, ele precisa de um anel alienígena para lhe dar poderes, mas o seu valor está naquilo que parecia ser sua fraqueza, sua humanidade. Talvez por isso, seja um personagem com pouca popularidade, adoramos ser salvos por uma força externa maior que não a nossa vontade. E, talvez por isso, o filme de Martin Campbell seja sobre Hal Jordan e não sobre o Lanterna Verde.
O prólogo com aquela voz over de narrador universal apresenta a grande força verde da vontade, seus guardiões, os lanternas verdes e o inimigo amarelo que é o medo. É pomposo e, de certa forma, eficiente. Contudo, o roteiro não se constrói em torno de uma aventura do herói, mas em sua construção do mesmo. É como se a jornada construída no filme fosse apenas a preparação para um segundo, que a Warner já dava como certa. Tudo começa quando Abin Sur cai ferido no planeta Terra e pede ao anel que encontre seu sucessor. Ele escolhe para novo Lanterna Verde o piloto de caças Hal Jordan e começamos a acompanhar sua trajetória de descrédito, seja por parte dos demais lanternas verdes, encabeçados por Sinestro, seja por ele mesmo.
A trama parece ficar por aí, nesse jogo preparatório de um herói que está por vir, que irá descobrir seus verdadeiros poderes, que precisa acreditar em si mesmo. Um ser humano elevado a uma situação extrema, como nós, muitas vezes em nossas vidas. O roteiro se torna frágil em sua busca e constrói sequências quase absurdas como o "treinamento" de Hal Jordan no planeta Oa ou a sequência de sua primeira aparição pública em que quase não há espantos com o surgimento de um homem vestido de verde, voando e criando objetos do nada. Ao mesmo tempo, é feliz ao construir, em uma montagem paralela, o surgimento do herói e do vilão, desde o momento do juramento de Hal Jordan no instante em que o dr. Hector Hammond faz a autópsia em Abin Sur, seguindo no mesmo ritmo em vários outros momentos do filme. É como se bem e mal nascessem de forma concomitante.
Mas, se o roteiro de Lanterna Verde é quase risível, sua construção visual é eficiente. Principalmente quando estamos no espaço e até mesmo o 3D convertido funciona de forma bem satisfatória. Os efeitos especiais da transformação de Jordan em um lanterna verde e todos os objetos que eles constróem com o poder de sua vontade também empolgam. O mundo de Oa é outro cenário de grandes construções virtuais, sendo bastante críveis e harmônicas em relação aos cenários e atores reais. Uma construção que torna a viagem de acompanhar o herói voando pelo espaço ou mesmo na atmosfera do nosso planeta uma experiência estética a mais. O filme diverte se não há um compromisso maior com a história.
Ryan Reynolds não chega a ser um problema, mas sua interpretação está longe de ser marcante. Como sempre gosta de repetir Klaus Hasten do Salada Cultural, parece que falta fé cênica ao ator. Ou seja, ele não parece acreditar naquele personagem e naquela situação que está interpretando, algo soa falso. Falta carisma a Hal Jordan, falta cumplicidade entre personagem e público que começa a acreditar que tudo aquilo é sem sentido, quase tolo. Mas, diante do entretenimento despretensioso, é apenas mais um elemento entre erros e acertos.
Na verdade, Lanterna Verde acaba surpreendendo por subverter a expectativa diante do péssimo primeiro trailer que vinha sendo divulgado. Ao contrário da maioria dos filmes fracos, ele se torna melhor que aquele resumo de poucos minutos e conseguimos considerá-lo melhor do que o esperado. Ainda que seja um filme preparatório para algo que estaria por vir. A expectativa da DC e da Warner em seu personagem era tanta que o momento em que os fãs do personagem mais esperavam está apenas nos créditos em uma alusão clara a uma possível continuação. Uma pena que o resultado na tela não dependa apenas da humana força de vontade de seus realizadores.
Lanterna Verde (Green Lantern: 2011 /EUA)
Direção: Martin Campbell
Roteiro: Michael Goldenberg, Marc Guggenheim, Michael Green e Greg Berlanti
Com: Ryan Reynolds, Blake Lively, Peter Sarsgaard, Mark Strong, Geoffrey Rush, Tim Robbins.
Duração: 105 min.
Em uma cena de Kill Bill, o vilão explica sua preferência pelo herói Superman que, ao contrário dos demais, é o que é, não se transforma no herói. Na verdade, o disfarce do personagem é Clark Kent, um tolo que seria uma espécie de crítica do Superman à humanidade. Na verdade, nessa afirmação está uma certa essência dos super-heróis, a humanidade é frágil e precisa de defensores sobrenaturais. Mas, eis que a DC lança um personagem que tenta resgatar o orgulho de ser humano: o Lanterna Verde. Sim, ele precisa de um anel alienígena para lhe dar poderes, mas o seu valor está naquilo que parecia ser sua fraqueza, sua humanidade. Talvez por isso, seja um personagem com pouca popularidade, adoramos ser salvos por uma força externa maior que não a nossa vontade. E, talvez por isso, o filme de Martin Campbell seja sobre Hal Jordan e não sobre o Lanterna Verde.
O prólogo com aquela voz over de narrador universal apresenta a grande força verde da vontade, seus guardiões, os lanternas verdes e o inimigo amarelo que é o medo. É pomposo e, de certa forma, eficiente. Contudo, o roteiro não se constrói em torno de uma aventura do herói, mas em sua construção do mesmo. É como se a jornada construída no filme fosse apenas a preparação para um segundo, que a Warner já dava como certa. Tudo começa quando Abin Sur cai ferido no planeta Terra e pede ao anel que encontre seu sucessor. Ele escolhe para novo Lanterna Verde o piloto de caças Hal Jordan e começamos a acompanhar sua trajetória de descrédito, seja por parte dos demais lanternas verdes, encabeçados por Sinestro, seja por ele mesmo.
A trama parece ficar por aí, nesse jogo preparatório de um herói que está por vir, que irá descobrir seus verdadeiros poderes, que precisa acreditar em si mesmo. Um ser humano elevado a uma situação extrema, como nós, muitas vezes em nossas vidas. O roteiro se torna frágil em sua busca e constrói sequências quase absurdas como o "treinamento" de Hal Jordan no planeta Oa ou a sequência de sua primeira aparição pública em que quase não há espantos com o surgimento de um homem vestido de verde, voando e criando objetos do nada. Ao mesmo tempo, é feliz ao construir, em uma montagem paralela, o surgimento do herói e do vilão, desde o momento do juramento de Hal Jordan no instante em que o dr. Hector Hammond faz a autópsia em Abin Sur, seguindo no mesmo ritmo em vários outros momentos do filme. É como se bem e mal nascessem de forma concomitante.
Mas, se o roteiro de Lanterna Verde é quase risível, sua construção visual é eficiente. Principalmente quando estamos no espaço e até mesmo o 3D convertido funciona de forma bem satisfatória. Os efeitos especiais da transformação de Jordan em um lanterna verde e todos os objetos que eles constróem com o poder de sua vontade também empolgam. O mundo de Oa é outro cenário de grandes construções virtuais, sendo bastante críveis e harmônicas em relação aos cenários e atores reais. Uma construção que torna a viagem de acompanhar o herói voando pelo espaço ou mesmo na atmosfera do nosso planeta uma experiência estética a mais. O filme diverte se não há um compromisso maior com a história.
Ryan Reynolds não chega a ser um problema, mas sua interpretação está longe de ser marcante. Como sempre gosta de repetir Klaus Hasten do Salada Cultural, parece que falta fé cênica ao ator. Ou seja, ele não parece acreditar naquele personagem e naquela situação que está interpretando, algo soa falso. Falta carisma a Hal Jordan, falta cumplicidade entre personagem e público que começa a acreditar que tudo aquilo é sem sentido, quase tolo. Mas, diante do entretenimento despretensioso, é apenas mais um elemento entre erros e acertos.
Na verdade, Lanterna Verde acaba surpreendendo por subverter a expectativa diante do péssimo primeiro trailer que vinha sendo divulgado. Ao contrário da maioria dos filmes fracos, ele se torna melhor que aquele resumo de poucos minutos e conseguimos considerá-lo melhor do que o esperado. Ainda que seja um filme preparatório para algo que estaria por vir. A expectativa da DC e da Warner em seu personagem era tanta que o momento em que os fãs do personagem mais esperavam está apenas nos créditos em uma alusão clara a uma possível continuação. Uma pena que o resultado na tela não dependa apenas da humana força de vontade de seus realizadores.
Lanterna Verde (Green Lantern: 2011 /EUA)
Direção: Martin Campbell
Roteiro: Michael Goldenberg, Marc Guggenheim, Michael Green e Greg Berlanti
Com: Ryan Reynolds, Blake Lively, Peter Sarsgaard, Mark Strong, Geoffrey Rush, Tim Robbins.
Duração: 105 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Lanterna Verde
2011-08-21T09:23:00-03:00
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