
Daigo é um músico frustrado, apesar de amar seu violoncelo e estar em uma orquestra, ao vê-la desfeita fica sem perspectiva. Não é tão bom quanto imaginava. Resolve então, voltar para sua cidade natal, para a casa que sua mãe lhe deixou, junto com a sempre compreensiva esposa, Mika. É lá que, quase ingenuamente, vai se envolver com um trabalho indigno para muitos, inclusive para sua esposa: a manipulação de corpos para colocar no caixão. Aos poucos, Daigo vai compreendendo a beleza de sua nova profissão, na tentativa de dar uma partida digna aos mortos e seus familiares.

Interessante como a opinião do que não passaram por isso é de que a empresa em que Daigo trabalha se aproveita de mortos, ou vive deles, enquanto que os familiares compreendem a essência do processo ao ter a emoção de ver seu ente querido digno de um adeus belo. Diversas vezes, eles são agredidos na entrada e homenageados na saída. E assim, também, Daigo tem que sofrer o preconceito do amigo de infância e da esposa que o aconselham a mudar de emprego. Ela, sempre tão compreensiva, chega a sair de casa por ele não acatar o pedido. Mas, ele não cede. Há dor e há beleza nas escolhas e aprendizados que o protagonista vai passando.

Destas sutilezas é formado A Partida. Um filme belo, envolvente, emocionante, sobre o limiar da vida e da morte, as escolhas que fazemos e as relações humanas. Daqueles filmes que merecem serem vistos e revistos, analisados e introjetados. Uma verdadeira lição de vida.
A Partida (Okuribito: 2008 / Japão)
Direção: Yojiro Takita
Roteiro: Kundo Koyama
Com: Masahiro Motoki, Tsutomu Yamazaki, Ryoko Hirosue, Kazuko Yoshiyuki.
Duração: 130 min.