Piratas Pirados!
Após sucessos como Wallace e Gromit e Fuga das Galinhas, chega aos cinemas mais uma aventura em stop motion: Piratas Pirados. Baseado no primeiro volume da série de livros “The Pirates!”, escrita por Gideon Defoe, traz uma divertida história sobre o Capitão Pirata e sua trupe atrapalhada buscando provar seu valor em alto mar.
Em uma linguagem fácil, Piratas Pirados brinca com sonhos, desejos e valores diversos como amizade e lealdade. É interessante ver o jogo feito em relação à honra dos piratas, por exemplo. Longe de ser uma distorção maléfica, quebra o maniqueísmo de que pirata é mau, ladrão e traiçoeiro, como se dentro da lógica deles, existisse também seus códigos de honra. E nada decepciona mais do que a traição de um amigo, por exemplo. Mas, sem querer filosofar muito sobre o tema, Gideon Defoe nos apresenta apenas uma aventura lúdica e engraçada, do sonho de navegar pelos sete mares enfrentando inimigos e provando o próprio valor. Que criança nunca sonhou ou brincou com isso?
Usando muito bem a técnica de stop motion, com uma incrível modelagem de personagens, Peter Lord impõe o ritmo da trama, sempre com muitas gags, referências e trapalhadas que geram ações para entreter todas as idades. Ver Charles Darwin, por exemplo, apaixonado pela rainha Vitória da Inglaterra, tentando enganar os piratas é hilário. A forma como o filme utiliza figura históricas para construir as situações enriquece o que poderia ser apenas uma aventura divertida em pleno mar.
A caracterização dos piratas e sua competição também é outra boa sacada. Aos poucos vamos conhecendo cada um dos competidores, um querendo ser maior que o outro que vai diminuindo nosso protagonista. São criativos em cada apresentação, dando a sensação de avanço na narrativa, sem parecer um pouco mais de enrolação até chegar a aventura propriamente dita do resgate da honra pirata daquele grupo. Interessante também como as pistas para a simpática ave Dodô já vão sendo dadas desde a sua primeira aparição.
Por mais que tenha uma história simples e com poucas peripécias reais, o roteiro consegue construir bons resumos de situações como as primeiras investidas a navios diversos que frustam a busca por ouro com pragas, estudantes, naturistas, fantasmas e cientistas. O jeito tolo e ingênuo do Capitão Pirata o faz embarcar naquele que ele imagina ser a solução para sua glória, sem perceber que só complica a sua situação a cada dia. É, de fato, um personagem crente, que não possui uma auto-crítica e simplesmente embarca na busca por seus objetivos. Quem somos nós para pará-lo?
As referências são outro atrativo do longa-metragem, principalmente na apresentação na feira de ciências que possui uma brincadeira inteligente com evolução das espécies e 2001. São detalhes que constroem o clima da animação enriquecendo a experiência fílmica e nos dando bons motivos para risadas. Essa é a tal construção em camadas que ajuda a atingir diversos públicos. As crianças, por exemplo, nesta cena terão pouca compreensão das referências, mas provavelmente rirão do mise en scène bem orquestrado da apresentação.
Com personagens carismáticos, uma boa construção da aventura, referências e piadas inteligentes, Piratas Pirados reforça o time das animações que divertem e satisfazem a toda a família. Um filme simpático nesses tempos de reciclagem de ideias.
Piratas Pirados (The Pirates! Band of Misfits, 2012 / EUA)
Direção: Peter Lord, Jeff Newitt
Roteiro: Gideon Defoe
Duração: 88 min.
Em uma linguagem fácil, Piratas Pirados brinca com sonhos, desejos e valores diversos como amizade e lealdade. É interessante ver o jogo feito em relação à honra dos piratas, por exemplo. Longe de ser uma distorção maléfica, quebra o maniqueísmo de que pirata é mau, ladrão e traiçoeiro, como se dentro da lógica deles, existisse também seus códigos de honra. E nada decepciona mais do que a traição de um amigo, por exemplo. Mas, sem querer filosofar muito sobre o tema, Gideon Defoe nos apresenta apenas uma aventura lúdica e engraçada, do sonho de navegar pelos sete mares enfrentando inimigos e provando o próprio valor. Que criança nunca sonhou ou brincou com isso?
Usando muito bem a técnica de stop motion, com uma incrível modelagem de personagens, Peter Lord impõe o ritmo da trama, sempre com muitas gags, referências e trapalhadas que geram ações para entreter todas as idades. Ver Charles Darwin, por exemplo, apaixonado pela rainha Vitória da Inglaterra, tentando enganar os piratas é hilário. A forma como o filme utiliza figura históricas para construir as situações enriquece o que poderia ser apenas uma aventura divertida em pleno mar.
A caracterização dos piratas e sua competição também é outra boa sacada. Aos poucos vamos conhecendo cada um dos competidores, um querendo ser maior que o outro que vai diminuindo nosso protagonista. São criativos em cada apresentação, dando a sensação de avanço na narrativa, sem parecer um pouco mais de enrolação até chegar a aventura propriamente dita do resgate da honra pirata daquele grupo. Interessante também como as pistas para a simpática ave Dodô já vão sendo dadas desde a sua primeira aparição.
Por mais que tenha uma história simples e com poucas peripécias reais, o roteiro consegue construir bons resumos de situações como as primeiras investidas a navios diversos que frustam a busca por ouro com pragas, estudantes, naturistas, fantasmas e cientistas. O jeito tolo e ingênuo do Capitão Pirata o faz embarcar naquele que ele imagina ser a solução para sua glória, sem perceber que só complica a sua situação a cada dia. É, de fato, um personagem crente, que não possui uma auto-crítica e simplesmente embarca na busca por seus objetivos. Quem somos nós para pará-lo?
As referências são outro atrativo do longa-metragem, principalmente na apresentação na feira de ciências que possui uma brincadeira inteligente com evolução das espécies e 2001. São detalhes que constroem o clima da animação enriquecendo a experiência fílmica e nos dando bons motivos para risadas. Essa é a tal construção em camadas que ajuda a atingir diversos públicos. As crianças, por exemplo, nesta cena terão pouca compreensão das referências, mas provavelmente rirão do mise en scène bem orquestrado da apresentação.
Com personagens carismáticos, uma boa construção da aventura, referências e piadas inteligentes, Piratas Pirados reforça o time das animações que divertem e satisfazem a toda a família. Um filme simpático nesses tempos de reciclagem de ideias.
Piratas Pirados (The Pirates! Band of Misfits, 2012 / EUA)
Direção: Peter Lord, Jeff Newitt
Roteiro: Gideon Defoe
Duração: 88 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Piratas Pirados!
2012-05-10T08:45:00-03:00
Amanda Aouad
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