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Branca de Neve e o Caçador
Branca de Neve e o Caçador
Após a paródia Espelho, Espelho Meu, chega aos cinemas a adaptação live action do conto dos irmãos Grimm que tem um tom mais sombrio em uma aventura mais adulta. Pais, não levem seus pequenos para o cinema, por favor. Branca de Neve e o Caçador pouco se assemelha ao clássico da Disney de 1937. Não podemos comparar os três filmes, diga-se de passagem, cada um tem um objetivo e estrutura completamente diferente do outro. Todos têm prós e contras, mas no final, o conto de fadas que foi o primeiro longametragem de animação da Disney continua sendo o mais interessante.
Da história conhecida, temos a garota órfã branca como a neve, com os lábios rubros como sangue e cabelos negros como um corvo que sofre nas mãos de sua madrasta má. Ela, obcecada pela beleza, ostenta um espelho mágico que a faz consultar a todo tempo quem seria a mais bela do reino. No mais, o príncipe virou um duque arqueiro, os sete anões são oito ex-mineiros que se transformaram em uma gangue da floresta para sobreviver à miséria do reino e o caçador ganhou status e importância, não apenas subindo ao título, mas se tornando forte candidato ao coração da jovem donzela.
Aliás, essa é uma mudança significativa. Parece que os contos de fada com seu príncipe encantado em um cavalo branco não são mais suficientes para os sonhos juvenis. Há uma espécie de tendência a triângulos amorosos complexos, dois belos jovens de valor (não mais o vilão e o mocinho), na luta pelo amor da mocinha. Não falo nem apenas por Crepúsculo, onde a mesma Kristen Stewart é disputada por um vampiro e um lobisomem. Mas, basta dar uma olhada nas comédias românticas atuais, e sucessos de público como Guerra é Guerra. Vale lembrar também de A Garota da Capa Vermelha, onde um triângulo também é formado.
Entre duque e caçador, Kristen Stewart ainda sofre o preconceito em geral de visivelmente não ser mais bela que a intérprete de sua madrasta, Charlize Theron. A bela atriz, mesmo mais velha, ainda impressiona por sua beleza forte, além de conseguir uma grande atuação na pele de Ravenna. Sua personagem torna-se ainda mais sombria e assustadora que a do conto infantil, sugando a beleza das jovens do reino e se portando de uma forma maquiavélica a maior parte do tempo. Mas, é interessante também que os roteiristas tenham lhe dado aqui um motivo forte para agir como age. Isso dá profundidade à personagem possibilitando uma interpretação menos caricata e com uma carga humana.
É interessante como o filme joga com essa humanidade e magia a todo tempo. Não apenas com a rainha, mas também com a própria Branca de Neve. A garota especial que nasceu em um duro inverno, com a força de uma rosa que sobreviveu ao frio. Ela é uma espécie de sol daquela natureza devastada pelos poderes da rainha. Encanta animais e seres místicos, assim como os homens que a cercam. Sua beleza não é apenas externa, mas interna, em sua alma pura e coração sereno. Destaque para a referência muito forte à Princesa Mononoke, principalmente em uma cena na floresta das fadas, onde um ser mágico aparece.
E o filme parece ser mesmo das mulheres. Enquanto Charlize Theron esbanja talento, Kristen Stewart consegue defender bem a personagem. Ao contrário de Chris Hemsworth que faz mais caras e bocas do que interpreta o destemido e bêbado caçador. E Sam Claflin que também está caricato como o jovem William. Sam Spruell é outro que tem uma interpretação oscilante como o irmão da rainha. Já a trupe de oito anões, sim são oito e não sete aqui, consegue ter bons momentos. Detalhe que eles são interpretados por homens de estatura normal diminuídos por computador. São eles: Ian McShane, Bob Hoskins, Ray Winstone, Nick Frost, Eddie Marsan, Toby Jones, Johnny Harris e Brian Gleeson.
A direção tem momentos inspirados como as cenas de magia da rainha, a briga dela com Branca de Neve e a esperada cena da maçã. E outros complicados como algumas cenas de batalha e a apresentação do caçador. Mas, no geral, o filme possui um ritmo intenso e envolvente que se perde apenas em sua longa duração. Fica cansativo, principalmente com a mistura de alguns plots completamente inexplicáveis como um Troll na floresta e umas criaturas mágicas dentro de passarinhos. E outras desnecessárias como as mulheres do outro lado do rio e os demais acontecimentos na floresta das fadas. Enxugando e centrando mais na trama principal, poderia ter um resultado melhor.
Ainda assim, o saldo é positivo. Há tensão, insinuação de romance e alguns pontos criativos em toda a produção. Branca de Neve e o Caçador pode não ser uma grande obra, que impressione em sua construção, mas se torna a tentativa live action mais própria dos antigos contos dos irmãos Grimm que encantaram o mundo em várias épocas.
Branca de Neve e o Caçador (Snow White and the Huntsman, 2012 / EUA)
Direção: Rupert Sanders
Roteiro: Evan Daugherty, John Lee Hancock e Hossein Amini
Com: Kristen Stewart, Chris Hemsworth, Charlize Theron, Sam Claflin, Sam Spruell, Ian McShane, Bob Hoskins, Ray Winstone, Nick Frost, Eddie Marsan, Toby Jones, Johnny Harris, Brian Gleeson
Duração: 127 min.
Da história conhecida, temos a garota órfã branca como a neve, com os lábios rubros como sangue e cabelos negros como um corvo que sofre nas mãos de sua madrasta má. Ela, obcecada pela beleza, ostenta um espelho mágico que a faz consultar a todo tempo quem seria a mais bela do reino. No mais, o príncipe virou um duque arqueiro, os sete anões são oito ex-mineiros que se transformaram em uma gangue da floresta para sobreviver à miséria do reino e o caçador ganhou status e importância, não apenas subindo ao título, mas se tornando forte candidato ao coração da jovem donzela.
Aliás, essa é uma mudança significativa. Parece que os contos de fada com seu príncipe encantado em um cavalo branco não são mais suficientes para os sonhos juvenis. Há uma espécie de tendência a triângulos amorosos complexos, dois belos jovens de valor (não mais o vilão e o mocinho), na luta pelo amor da mocinha. Não falo nem apenas por Crepúsculo, onde a mesma Kristen Stewart é disputada por um vampiro e um lobisomem. Mas, basta dar uma olhada nas comédias românticas atuais, e sucessos de público como Guerra é Guerra. Vale lembrar também de A Garota da Capa Vermelha, onde um triângulo também é formado.
Entre duque e caçador, Kristen Stewart ainda sofre o preconceito em geral de visivelmente não ser mais bela que a intérprete de sua madrasta, Charlize Theron. A bela atriz, mesmo mais velha, ainda impressiona por sua beleza forte, além de conseguir uma grande atuação na pele de Ravenna. Sua personagem torna-se ainda mais sombria e assustadora que a do conto infantil, sugando a beleza das jovens do reino e se portando de uma forma maquiavélica a maior parte do tempo. Mas, é interessante também que os roteiristas tenham lhe dado aqui um motivo forte para agir como age. Isso dá profundidade à personagem possibilitando uma interpretação menos caricata e com uma carga humana.
É interessante como o filme joga com essa humanidade e magia a todo tempo. Não apenas com a rainha, mas também com a própria Branca de Neve. A garota especial que nasceu em um duro inverno, com a força de uma rosa que sobreviveu ao frio. Ela é uma espécie de sol daquela natureza devastada pelos poderes da rainha. Encanta animais e seres místicos, assim como os homens que a cercam. Sua beleza não é apenas externa, mas interna, em sua alma pura e coração sereno. Destaque para a referência muito forte à Princesa Mononoke, principalmente em uma cena na floresta das fadas, onde um ser mágico aparece.
E o filme parece ser mesmo das mulheres. Enquanto Charlize Theron esbanja talento, Kristen Stewart consegue defender bem a personagem. Ao contrário de Chris Hemsworth que faz mais caras e bocas do que interpreta o destemido e bêbado caçador. E Sam Claflin que também está caricato como o jovem William. Sam Spruell é outro que tem uma interpretação oscilante como o irmão da rainha. Já a trupe de oito anões, sim são oito e não sete aqui, consegue ter bons momentos. Detalhe que eles são interpretados por homens de estatura normal diminuídos por computador. São eles: Ian McShane, Bob Hoskins, Ray Winstone, Nick Frost, Eddie Marsan, Toby Jones, Johnny Harris e Brian Gleeson.
A direção tem momentos inspirados como as cenas de magia da rainha, a briga dela com Branca de Neve e a esperada cena da maçã. E outros complicados como algumas cenas de batalha e a apresentação do caçador. Mas, no geral, o filme possui um ritmo intenso e envolvente que se perde apenas em sua longa duração. Fica cansativo, principalmente com a mistura de alguns plots completamente inexplicáveis como um Troll na floresta e umas criaturas mágicas dentro de passarinhos. E outras desnecessárias como as mulheres do outro lado do rio e os demais acontecimentos na floresta das fadas. Enxugando e centrando mais na trama principal, poderia ter um resultado melhor.
Ainda assim, o saldo é positivo. Há tensão, insinuação de romance e alguns pontos criativos em toda a produção. Branca de Neve e o Caçador pode não ser uma grande obra, que impressione em sua construção, mas se torna a tentativa live action mais própria dos antigos contos dos irmãos Grimm que encantaram o mundo em várias épocas.
Branca de Neve e o Caçador (Snow White and the Huntsman, 2012 / EUA)
Direção: Rupert Sanders
Roteiro: Evan Daugherty, John Lee Hancock e Hossein Amini
Com: Kristen Stewart, Chris Hemsworth, Charlize Theron, Sam Claflin, Sam Spruell, Ian McShane, Bob Hoskins, Ray Winstone, Nick Frost, Eddie Marsan, Toby Jones, Johnny Harris, Brian Gleeson
Duração: 127 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Branca de Neve e o Caçador
2012-06-05T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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